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Que mudanças significativas trouxe a Lei n. 13.015/14 sobre hipótese de cabimento do Recurso de Revista?

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joao paulo

No dia 21/07/2014 a Presidenta da República Dilma Rousseff finalmente sancionou o projeto de lei, transformando-se assim o projeto na Lei 13.015/2014, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com o intuito de dispor sobre o processamento de recursos no âmbito da Justiça do Trabalho, mais especificamente no que se trata dos Recursos de Revista e Embargos de Divergência.

O texto de Lei alterou os Artigos 894896897-A e 899 da CLT. Assim, de acordo com a nova redação do Artigo 894, a divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual e não conter contradições, e muito menos não ter sido já pacificada por Súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, e até mesmo por superada e pacifica jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

Neste diapasão, abro uma vertente para uma comparação um tanto quanto curiosa, nova legislação promove um fortalecimento da jurisprudência das Cortes Superiores e dos Tribunais Regionais do Trabalho, o que se denomina uniformização da jurisprudência. Assim, o direito brasileiro caminha para uma política favorável de decisões, quebrando o panorama antigo de decisões contraditórias em casos idênticos ou que se assemelhavam consideravelmente, e neste sentido reside nossa comparação, num momento de direito comparado, podemos realizar um paralelo com o “Commom Law”, que tem como sua égide a análise de precedentes para a resolução dos seus conflitos.

No entanto, o objeto deste artigo esta consubstanciado nas inovações que a Lei trouxe no que concerne às normas de regências dos recursos de embargos e de revista, incorporando posicionamentos já consagrados na jurisprudência do TST e, especialmente em relação a essa modalidade recursal, intensifica de certa forma o rigor formal para sua interposição. Outro objetivo consagrado na redação da nova Lei é a racionalização dos trabalhos do TST no julgamento de processos denominados de “massa”, implantando a sistemática de julgamento comum dos “recursos repetitivos”, desta forma, podemos vislumbrar de maneira clara e cristalina a presença dos princípios da isonomia, segurança jurídica e celeridade processual.

Pois bem, a Lei trará impactos relevantes na prática trabalhista, de acordo com a nova redação do Artigo 894 da CLT, a divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não se considerando pacificada por Súmulas do TST e do STF, e por notória jurisprudência do TST, caso contrário, o Ministro Relator poderá negar seguimento ao Recurso de Embargos quando a decisão estiver consubstanciada em Súmula da jurisprudência do TST ou do STF, bem como nas hipóteses de intempestividade, deserção irregularidade representativa ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de admissibilidade.

Desta maneira, a norma legal passa a evidenciar a finalidade do recurso, qual seja de uniformizar a jurisprudência interna da corte, além de pacificar, em âmbito nacional, a interpretação da legislação material e processual trabalhista, assim, os embargos de divergência possuem sua admissibilidade autorizada quando evidentemente demonstrada a discrepância entre o julgado recorrido e as Súmulas e orientações jurisprudências do TST.

Com a Lei nº 13.015/2014, uma vez mais o legislador absorve o entendimento sedimentado pela jurisprudência, de sorte que, a partir do advento do diploma legal que aqui se comenta, os embargos, quando evidenciado o conflito entre decisão de Turma do TST e o enunciado de súmula vinculante, serão cabíveis. Agora, porém, de lege lata.

No que concerne à mudança ocorrida no Artigo 896 da CLT, significativa mudança se faz, a saber, os Tribunais Regionais do Trabalho passam a proceder com a uniformização de sua jurisprudência, sendo que, caso o TST verifique a existência de decisões atuais e conflitantes na seara do mesmo Tribunal, determinará o retorno dos autos à Corte de origem, a fim de que esta proceda a uniformização da jurisprudência. Conforme dito anteriormente, tal prática por fim faz com que o judiciário brasileiro comece a entender a dogmática e respeitar o principio da segurança jurídica.

Na prática, o maior impacto que a Lei traz são as novas exigências para conhecimento do recurso de revista, trazidas no § 1º - A, e §§ 6º ao  da CLT, desta forma, a parte deve indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional; expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.

O Artigo 897 da CLT foi modificado através da inserção do item A, §§ 1º e 2º, onde determinam que:

§ 1o Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.

§ 2o Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias.

Deste modo, restam evidentes as mudanças práticas trazidas pela Lei 13.015/2014, devendo o profissional atuante na área trabalhista entender e absolver com muita atenção os novos preceitos, determinações e restrições concretas que a nova Lei traz na interposição dos recursos no Tribunal Superior do Trabalho.

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Paduan Seta Advocacia

A lei 13.015/2014 alterou, especificamente, o art. 896 da Consolidação das Leis Trabalhistas:

Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:  

a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;

(...)

§ 1o O recurso de revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será interposto perante o Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, que, por decisão fundamentada, poderá recebê-lo ou denegá-lo.

§ 1o-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:

I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;

II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional;

III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.

 

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