Galerinha, pensando numa certa problemática ao entorno das licitações... se determinado produto for de produção excluviva de certa empresa e esta estiver localizada fora do Brasil, não detendo nem mesmo de uma filial no país, seria possível firmar licitação com esta?
Entendo que sim, neste caso a licitação seria inexigível. Mas seria necessário comprovar que o produto em questão não possui nenhum substituto similar no mercado nacional que permitisse uma licitação. Ex: se a intenção é comprar urânio enriquecido a X% que só a França produz, não tem jeito. Licitação inexigível.
Espero ter ajudado. Sds.
A questão não é pacífica. Observe os arts. 28, V e 32, §4º, da Lei de Licitações e o art. 1.134 do Código Civil.
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.
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Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em:
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
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Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicação em órgão da imprensa oficial.
§ 4o As empresas estrangeiras que não funcionem no País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações internacionais, às exigências dos parágrafos anteriores mediante documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo ter representação legal no Brasil com poderes expressos para receber citação e responder administrativa ou judicialmente.
“A respeito disso, MARÇAL JUSTEN FILHO afirma o seguinte: ‘(...) se o objeto da licitação internacional acarretar funcionamento no Brasil, a empresa estrangeira estará sujeita a cumprir o disposto no Código Civil. Segundo entendimento pacífico, não constitui ‘funcionamento’ no Brasil a atividade eventual, precária, e isolada. Uma empresa estrangeira, mesmo sem autorização governamental, pode praticar atos isolados. O funcionamento no Brasil se configura quando exista continuidade e permanência na atividade desenvolvida.
Feitas essas considerações, e tendo em vista que o art. 32, §4º, estabelece expressamente condições a serem atendidas por licitantes não residentes no Brasil, afigura-se possível a participação dessas empresas estrangeiras em licitações, desde que cumpridas as exigências realizadas.” (William Romero. “Participação de Empresas Estrangeiras em Licitações no Brasil.”)
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