É cediço que a declaração de vontade é pressuposto subjetivo da validade dos negócios jurídicos. Sabendo da fragilidade do consumidor frente a grandes empresas é possível falar em aparência de consentimento e por conseguinte em possível nulidade por vicio de consentimento?
Sempre é possível se falar em vícios no consentiemento, principalmente nos casos clássicos como erro, dolo, coação e etc. Contudo, se bem entendi sua pergunta, não creio que é possível falar em presunção de vício no consentimento apenas pelo fato do consumidor ser a parte mais frágil da relação. A hipossuficiência, na relação de consumo, é tão somente um requisito para a inversão do ônus da prova (o outro requisito é a verossimilhança).
Para responder a questão, deve-se ter em mente que não se pode inverter o ônus da prova para a consecução de uma prova impossível (probatio diabolica). No caso em análise, incumbir a empresa de comprovar a idoneidade da vontade do consumidor somente por entender ser hipossuficiente a parte, é incumbir o fornecedor de realizar uma prova diabólica (impossível), o que é vedado no nosso ordenamento jurídico.
O CDC procurou igualar as partes da relação consumerista; e não dar a uma parte vantagens exageradas capazes até de macular a sentença a seu favor. Se assim fosse, bastaria alegar a ocorrência um vício de vontade para obter sucesso na pretensão, uma vez que incumbiria ao fornecedor demonstrar o contrário (o que é praticamente impossível). Espero ter ajudado
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta.
Direito Civil I
•ESAMC SANTOS
Compartilhar