HÁ RESPONSABILIDADE ILIMITADA NA SOCIEDADE POR COTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA?
A sociedade por cotas de responsabilidade limitada apareceu na Alemanha, no séc. XIX. No Brasil surgiu com o Decreto n.º 3.708 de 10 de janeiro de 1919.
Para analisamos a responsabilidade dos sócios nesta sociedade, faz-se necessário transcrever dois artigos do mesmo Decreto:
Art. 2º - O título constitutivo regular-se-á pelas disposições dos arts. 300 a 302 e seus números do Código Comercial, devendo estipular-se limitada a responsabilidade dos sócios à importância total do capital social.
Art. 9º - Em caso de falência todos os sócios respondem solidariamente pela parte que faltar para preencher o pagamento das cotas não inteiramente liberadas.
Destes artigos tiramos que os sócios respondem até o limite do capital social a ser integralizado. Enquanto este não estiver totalmente integralizado cada sócio responde solidariamente pelo valor total do montante. Cada sócio entra com uma parcela do capital social. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas obrigações contraídas pela sociedade e que não foram liquidadas com o seu patrimônio (da sociedade). Em relação à falência, a jurisprudência já concorda com outros casos, exemplo a concordata suspensiva. As partes ainda não liberadas (cotas) advindas na falência, serão respondidas solidariamente pelos sócios.
Em relação à responsabilidade dos sócios, vimos algumas exceções, como no caso dos atos ilícitos que constituem contravenção ou crime, envolvendo Direito Penal. Em Direito Tributário pode ocorrer o mesmo, em relação à responsabilidade, exemplo em se tratando de sonegação. Não há necessidade de procedimento judicial para integralizar o capital. O documento particular usado para se firmar a integralização total do capital da sociedade tem a mesma força de sentença.
No caso de não integralização do capital social, pode-se cobrar o total deste capital de qualquer um dos sócios independente de sua participação na formação deste capital. Não há ação de regresso em caso de solidariedade. O sócio que for cobrado responde pela integralização do capital social e não pelas cotas não integralizadas dos demais sócios. Após a integralização do capital social ou com a liberação de todas as cotas, os sócios cotistas se eximem de qualquer responsabilidade.
Fábio Ulhou incorre em erro ao falar que uma vez integralizado todo o capital social da sociedade, nenhum dos sócios poderá ser atingido, em seu patrimônio particular para satisfação de credores da sociedade. Entende-se por este enunciado que antes da integralização de todo capital subscrito a responsabilidade é ilimitada. A responsabilidade é limitada à integralização do capital social.
JURISPRUDÊNCIA
Sobre o limite da responsabilidade do gerente, em atos regularmente praticados em nome da sociedade, decidiu em 24/06/1969 a 5ª Comarca Civil do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro:
"Não contrai aquele co-gerente obrigação pessoal nos contratos e operações realizadas no exercício de sua função. Consequentemente seus bens não respondem por estas dívidas" (RT, 429/244).
CONCLUSÃO
A responsabilidade na sociedade por cotas de responsabilidade limitada é solidária e limitada. A primeira, porque cada sócio responde de "per se" pelo total do capital social a ser integralizado. Os bens particulares do sócio não responde pelas dívidas contraídas pela sociedade. Não concordamos com alguns autores para os quais a responsabilidade é ilimitada até que se integralize o capital social. A responsabilidade sócios nesta sociedade não é ilimitada. A responsabilidade desta sociedade a distingue das demais.
BIBLIOGRAFIA
COELHO, Fábio Ulhou. Manual de Direito Comercial. Editora Saraiva. Págs. 144 a 150.
SANTANA, Rubens. Direito Societário. Livraria do Advogado. Págs. 42 a 49.
Decreto n.º 3.708 de 10/01/1919. Artigos 2º e 9º.
Um planejamento prévio e uma forma de trabalho organizado tendem a potencializar os ganhos e diminuir as perdas.
Dessa forma, as grandes empresas costumam trabalhar sob metas, fazendo com que os seus funcionários recebam um montante que varia em relação ao seu desempenho, isso faz com que o lucro da empresa seja maior e a remuneração dos funcionários também aumentem.
No Brasil usa-se a responsabilidade limitada por quotas, não utilizando assim uma sociedade ilimitada.
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