Resposta: O Código Civil entende no Art. 1.262 CC, entende como possível a usucapião de coisa móvel que se tenha posse por 5 anos ininterruptos, espécie de usucapião extraordinário. Se tratando de coisa furtada, a lei nada fala em relação a isso, a jurisprudência tem entendido, uma vez que o adquirente de boa-fé usucapir desde que não tenha relação com o furtador. Porém há decisões contrárias à usucapião de automóveis no STJ, que entende não ser possível adquirir por usucapião veículo roubado.
No caso concreto, o adquirente sabia da procedência do bem, já que é um contumaz receptador de veículos roubados e adulterou o mesmo a fim de esconder sua verdadeira situação, dessa forma agiu de má fé e não poderia adquirir de forma ordinária o bem por usucapião. Portando mesmo com a jurisprudência entendendo que de boa fé seria possível a aquisição, devido a forma como foi adquirida o bem, nem assim seria possível a usucapião.
Estamos diante de usucapião de bem móvel, pois o crime de furto é trazido pelo art. 155, do Código Penal, nos seguintes termos:
"Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:"
Sobre bens móveis, dois são os dispositivos normativos que regem a usucapião: arts. 1.260 e 1.261, do Código Civil:
Art. 1260. Aquele que possuir coisa móvel como sua contínua e incontestadamente durante três anos, com justo titulo e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art.1261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé."
Se tratam de duas modalidades distintas de usucapião. A primeira, é a usucapião ordinária, ao passo que a segunda trata da usucapião extraordinária.
A usucapião ordinária não pode ser aplicada a bens furtados, haja vista a exigência de posse com justo título e boa-fé, o que definitivamente não se aplica ao presente caso.
Já a usucapião extraordinária (art. 1.261, do CC) informa que a posse da coisa por cinco anos gera usucapião, independentemente de título ou boa-fé.
Assim, é gerada controvérsia acerca da possibilidade, ou não, de aquisição da propriedade pela usucapião extraordinária.
Tem prevalecido entendimento de que ausente o conhecimento ou possibilidade de conhecimento da origem ilícita do bem, é possível a usucapião de bem que seja oriundo de furto ou roubo, adquirindo o terceiro de boa-fé a propriedade do bem móvel em questão.
Entretanto, alguns autores e tribunais informam que o Direito não pode tutelar o ilícito e que deve obedecer ao princípio da eticidade, razão pela qual a usucapião não se configura, podendo o bem ser reavido pela parte lesada.
Da mesma forma, quem não adota as cautelas de praxe não pode ser entendido como terceiro de boa-fé. Exemplo disso é quem adquire veículo furtado sem diligenciar perante o DETRAN ou não exige qualquer documento.
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