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Qual a diferença entre monarquias absolutas, constitucionais e parlamentares

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Gabrielle Rodrigues

a Monarquia absoluta ou absolutista, era muito comum, segundo a definição clássica, é a forma de governo onde o Monarca ou Rei exerce o poder absoluto, isto é, independente e superior ao de outros órgãos do Estado. Tem como principal característica o seu detentor estar acima de todos os outros poderes ou de concentrar em si os três poderes do constitucionalismo moderno - legislativo, executivo e judicial.

Uma monarquia constitucional ou monarquia parlamentarista é um tipo de regime político que reconhece um monarca eleito ou hereditário como chefe do Estado, mas em que uma constituição (série de leis fundamentais) limita os poderes do monarca. A chefia de Estado é exercida por um monarca; a chefia de Governo por um primeiro-ministro ou o presidente do Conselho de Ministros, a ele cabendo o verdadeiro encargo do Poder Executivo e a direção das políticas interna e externa do país, além da administração civil e militar, de acordo com as leis e a Constituição nacionais. Existe, também, um Poder moderador chefiado pelo Monarca. 
As monarquias constitucionais modernas obedecem freqüentemente a um sistema de separação de poderes, e o monarca é o chefe (simbólico) do poder executivo.

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LR

Há história demonstra que o sistema monárquico adquiriu três formatos diferentes ao longo do tempo: “o da Monarquia germânica e feudal, Monarquia absoluta e o da Monarquia constitucional” (BOBBIO, 1993: 777).

 

1) Monarquia Germânica e feudal:

Em um primeiro momento a monarquia tinha função militar, “o rei não era senão o chefe militar de seu povo” (BOBBIO, 1993: 777), em seguida, com as invasões e as capilarização e fixação territorial o rei “se tornou paulatinamente chefe político” (BOBBIO, 1993: 777), e posteriormente, se consolida um esvaziamento do poder do rei: “limitada pela assembleia dos homens livres, e restringida, em seguida, à assembleia dos grandes; a relação dialética rei-parlamento ficou sempre ineliminável na Monarquia germânica e constituiu o seu limite mais evidente” (BOBBIO, 1993: 777).

Este primeiro período histórico de início marcado pela monarquia germânica, finaliza-se na forma da monarquia feudal, quando esta assume “os aspectos formais absolutistas que encontramos em todos os grandes soberanos”, e ao mesmo tempo se encontra “desprovida de real poder, fora das regiões de imediato e direto controle”, o que a obriga a assumir “um simples caráter de representatividade genérica num sistema que era, de fato, uma oligarquia de poderosos dinastas fundiários: o rei como chefe da nobreza, também ele nobre e portanto não diferente da classe que lhe garantia a eleição e o poder” (BOBBIO, 1993: 778).

2) Monarquias Absolutas:

A crescente ascensão da burguesia gerou a formação “de uma série de centros de poder urbanos e locais que se foram paulatinamente opondo ao controle dos grandes senhores feudais” (BOBBIO, 1993: 778-779), o que provocou “uma articulação complexa do tecido social e uma desagregação substancial da não mais homogênea estrutura feudal” (BOBBIO, 1993: 779). Em países onde a sociedade não se esfacelou por completo em frações de “poderes autônomos ou semi-autônomos” (BOBBIO, 1993: 779), o que possibilitou o crescimento da monarquia absolutista. O cenário era de conflito com a burguesia, e para gerenciar este conflito “a Monarquia precisava apoiar a feudalidade tanto quanto fosse bastante para conter a pressão burguesa, procurando, porém, paulatinamente substituir-se ao feudatário na gestão direta dos públicos poderes nas províncias" (BOBBIO, 1993: 779). Itália e Alemanha são exemplos de países onde a monarquia fracassou por não ter sido bem-sucedida em “impedir que a cidade se impusesse sobre o campo ou (...) não soube evitar o indiscutível primado do mundo feudal

sobre o urbano” (BOBBIO, 1993: 779). Por outro lado a “a França, a Inglaterra e Castela” (BOBBIO, 1993: 779) tiveram sucesso “na tentativa de fundar uma Monarquia de tipo novo, central e eficaz” (BOBBIO, 1993: 779).

No processe de consolidação das monarquias absolutas o papel do rei foi progressivamente dilatando-se com o desenvolvimento do ‘Estado-máquina’ na Idade Moderna: o exército, a burocracia e a finança se tornaram as colunas do poder da Monarquia para controlar e vincular ao rígido sistema centralizado, que se vinha criando, todos os demais poderes do Estado” (BOBBIO, 1993: 779). É neste período que o trono se torna hereditário: “o rei acentuou suas características de investidura divina e de superioridade e até de estranheza, perante todos os grupos sociais” (BOBBIO, 1993: 780).

A monarquia absolutista apenas se manteve sua hegemonia enquanto seu poder político garantia-lhe a condição de mediação: “Monarquia era superior a todos, circundada, também exteriormente, dos sinais do poder e da majestade: nesta superioridade os grandes componentes do Estado (nobreza, burguesia, clero) encontraram a garantia formal e substancial da imparcialidade da Monarquia e, portanto, a garantia do respeito de suas posições, embora seguindo o esquema de valores e de precedências já consagrado e cristalizado pela tradição. Enfim, na ordem, nobreza, clero e burguesia se sentiram garantidos pelo sistema de pirâmide dirigido pela Monarquia.” (BOBBIO, 1993: 780). Foi “a prevalência decisiva e a declarada ambição hegemônica de uma classe sobre” que “destruíram este sistema penosamente elaborado durante séculos e abateram, por último, também a Monarquia que não conseguia mais se assegurar se não conservando — e enquanto fosse possível conservar — a ordem social e política originária da baixa Idade Média.” (BOBBIO, 1993: 780).

3) Monarquias Constitucionais ou Parlamentares:

As monarquias parlamentares são monarquias constitucionais. Com a vitória da “ideologia da burguesia” e a queda da “velha ordem social hierárquica”, salva-se apenas o “significado de estabilidade do regime monárquico” (BOBBIO, 1993: 780) através do compromisso firmado ao se constitucionalizar as monarquias: “A constitucionalização da Monarquia foi tanto mais radical e rápida quanto mais forte era a classe burguesa dominante e quanto mais decididamente esta tinha influído, através do processo revolucionário econômico e político, na estratificada estrutura social preexistente. Isto explica, em geral, a sorte do regime da Monarquia constitucional e as tentativas de volta ao passado que este tipo de regime conseguiu ainda efetuar.” (BOBBIO, 1993: 780).

No século XIX, à monarquia constitucional vinculava-se “um pacto preciso de garantias jurídicas na gestão do poder: garantias que, embora concedidas formalmente através de uma carta graciosamente concedida pelo monarca, nem por isso se tornavam inteiramente contratuais e bilaterais” (BOBBIO, 1993: 780). Neste pacto a Monarquia deixa de ser superior a todos, inclusive ao Estado. O pacto constitucional tornava a Monarquia “um órgão do Estado: o Estado, de fato, transmitia à Monarquia todas as suas prerrogativas, inclusive as da suprema potestas que, como dissemos, de então em diante, foram consideradas como pertencentes à instituição estatal” (BOBBIO, 1993: 780).

Inicialmente o pacto gerava um sistema constitucional-puro, onde o rei era “um simples representante da unidade e da personalidade do Estado para o sistema” (BOBBIO, 1993: 780). O processo de redução gradual dos poderes do rei gerou o transito “do sistema constitucional-puro para o sistema constitucional-parlamentar” (BOBBIO, 1993: 780). No sistema constitucional-parlamentar “as funções de chefe do executivo e de órgão legislativo que ainda pertenciam à Monarquia foram, de fato, absorvidas in toto pela Câmara eletiva, processando-se rapidamente um esvaziamento das prerrogativas que a Monarquia tinha reservado para si, em favor do chamado Governo parlamentar” (BOBBIO, 1993: 780), e isso significava que o “consenso do Parlamento” se tornava-se mais “essencial para a gestão do poder” do que o consenso do soberano, “para quem ficava substancialmente e só uma função certificatória e ratificadora das decisões tomadas em sede parlamentar e partidária”  (BOBBIO, 1993: 780).

“De fato, a progressiva parlamentarização da vida pública e o declínio da economia fundiária vinham progressivamente reduzindo o papel e a efetiva importância da Monarquia a quem ficava, como último instrumento, o consenso popular, um consenso, porém, já esvaziado dos meios para mantê-lo e ampliálo. Enfim, a Monarquia constitucional estava já nas mãos das Câmaras eletivas; não faz espanto, portanto, que a progressiva entrada no Parlamento de forças estranhas à velha tradição monárquica e contrárias à mesma alta burguesia, que também tinha estipulado o pacto constitucional com a Monarquia, tornasse, cada vez mais, malvista a conservação dos regimes institucionais dinásticos.” (BOBBIO, 1993: 780).

“Onde, porém, a Monarquia soube fazer uso correto e prudente das prerrogativas formais com que ficou, conseguiu durar e manter-se também em regimes parlamentares: mas sempre como simples órgão do Estado, continuamente, embora tacitamente, confirmado pelo consenso popular. Apenas ele lhe garante ainda manifestações residuais.” (BOBBIO, 1993: 780).

Referências Bibliográficas:

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993.

 

 

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