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poder estabilizada e poder intitucionalizada

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Vinicius Segatto Araujo

Devido à natureza abrangente do conceito, diversos filósofos e teóricos tentaram definir a "autoridade legítima", chegando no entanto a conclusões diferentes. Segundo Bakunin, por exemplo:

A liberdade do ser humano consiste unicamente nisso: ele obedece leis naturais porque ele as reconhece como tais, e não porque elas foram impostas a ele por um poder externo qualquer, seja ele divino ou humano, coletivo ou individual.[2]

Ou seja: para ele, a autoridade nunca é legítima.

Já para outros como Max Weber, existem certas autoridades que são legítimas. Ele as divide em três tipos: a autoridade tradicional, a autoridade carismática e a autoridade racional-legal. [3]

De acordo com Norberto Bobbio, a segunda e mais comum definição de autoridade considera que nem todo o poder estabilizador é autoridade, mas somente aquele em que a disposição de obedecer de forma incondicional se baseia na crença da legitimidade do poder. Ou seja, o poder da autoridade é considerado legítimo por parte dos indivíduos ou grupos que participam da mesma relação de poder. Nesta concepção, a autoridade tem o direito de mandar e os subordinados o dever de cumprir com as diretrizes proferidas pela autoridade. Portanto, é a aceitação do poder como legítimo que produz a atitude mais ou menos estável no tempo de obediência incondicional às diretrizes que provêm de uma determinada fonte. Essa obediência, no entanto, torna-se durável mas não permanente, pois, de tempos em tempos, a legitimidade do poder desta autoridade sofre a necessidade de ser reafirmada.

Abuso de autoridade

Ocorre quando alguém resolve abusar do seu poder de autoridade e usar critérios particulares para fazer valer a sua vontade, muitas vezes pessoal e não baseada em critérios justos. Alguns exemplos podem ser o funcionário público que acha que é dono do espaço público só porque tem autoridade para cuidar do local e é protegido pela lei. Ou quando uma pessoa detentora de autoridade usa critérios baseados em abuso de autoridade e preconceitos. Ou o político que acha que pode tomar decisões de autoridade sem consultar democraticamente[4] o povo que o elegeu, não percebendo que só tem essa autoridade porque foi o povo quem o colocou lá e, por conseguinte, deve explicações a ele.

Tipicamente, o abuso de poder é uma forma (seja ela majoritária ou minoritária) de ditadura. Desde quando nascemos, temos uma autoridade em nossa vida. Pode ser definido como abuso de autoridade também o exercício do poder com uso de violência, até mesmo entre a família, quando os pais ou algum parente usam a autoridade que têm para a violência.

Autoridade no contexto religioso

A questão da autoridade no contexto religioso pode partir da concepção agostiniana da vida monástica e de como o problema do confrontamento dessa vida com a estratificação social e com a autoridade cria uma série de desafios.

Santo Agostinho era responsável por três mosteiros em Hipona e defendia que, num mosteiro, todos deveriam compartilhar a vida como um só corpo e coração em busca de Deus. Contudo, Santo Agostinho temia que a vida monástica levasse a uma espécie de "competição ascética". Assim, reconhece que tais comunidades não poderiam funcionar sem uma autoridade central, mas julgava necessário equilibrar a força da autoridade com as necessidades da comunidade monástica, e tal equilíbrio deveria ser zelado pela autoridade. Um superior deve ser obedecido mas também deve saber perdoar.[5]

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LR

Refere-se ao Poder potencial quando se deseja apresentar aquele poder capaz “de determinar o comportamento dos outros”, as “atitudes para agir” (BOBBIO, 1993: 936).

O poder potência pode ser exemplificado da seguinte forma: “De uma parte, A tem a possibilidade de ter um comportamento cujo objetivo é a modificação do comportamento de B. De outra parte, se esta possibilidade é levada a ato, é provável que B tenha o comportamento em que se concretize a modificação de conduta pretendida por A. Um chefe militar exerce Poder sobre seus soldados quando ordena o ataque e seus soldados executam a ordem. E tem Poder sobre eles se é provável que os soltados atacariam se o comandante ordenasse. Uma vez que exercer o Poder implica necessariamente ter a possibilidade de exercê-lo, o Poder social, em seu sentido mais amplo, é a capacidade de determinação intencional ou interessada no comportamento dos outros.” (BOBBIO, 1993: 936-937). Com esse esclarecimento podemos compreender a relação entre poder estabilizado e poder institucionalizado.

- Poder estabilizado: “O Poder diz-se estabilizado quando a uma alta probabilidade de que B realize com continuidade os comportamentos desejados por A, corresponde a uma alta probabilidade de que A execute ações contínuas com o fim de exercer Poder sobre B.” (BOBBIO, 1993: 937). Retomando o exemplo dado, o poder se encontraria estabilizado quando há nos soldados a tendência de permanecer em relação de obediência às ordens do comandante e, em igual medida, há no comandante a tendência de manter uma relação de mando para com os soldados. “O Poder estabilizado se traduz muitas vezes numa relação de comando e obediência. E pode ser ou não acompanhada por um aparato administrativo com a finalidade de executaras ordens dos detentores do Poder. É o que acontece, respectivamente, nos casos do Poder governamental e do Poder paterno.” (BOBBIO, 1993: 937).

- Relação entre Poder estabilizado e Poder institucionalizado: “Além disso, o Poder estabilizado pode fundar-se tanto em características pessoais do detentor de Poder (competências, fascínio, carisma) como na função do detentor do Poder. Quando a relação de Poder estabilizado se articula numa pluralidade de funções claramente definidas e estavelmente coordenadas entre si, fala-se normalmente de Poder institucionalizado. Um Governo, um partido político, uma administração pública, um exército, como norma, agem na sociedade contemporânea com base numa institucionalização do Poder mais ou menos complexa.” (BOBBIO, 1993: 937).

Referências bibliográficas:

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993.

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