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Qual das proposições abaixo está equivocada?

a) As ideias do absolutismo francês, de Bossuet, têm base nas doutrinas de Hobbes e de Bodin; b) Nos termos de Locke, o governo civil “não é um governo pelo povo, mas para o povo”; c) Para Montesquieu, as leis não são necessariamente racionais, elas são práticas cristalizadas, d) Montesquieu ao colocar seu objetivo em esclarecer o “espírito das leis” vai buscar esclarecer a presença de condições que incidem nas leis positivas, como fatores sociais, clima, raça, etc.; e)Para Montesquieu, a dinâmica de poder em uma sociedade, remete às formas de governo, não às instituições, mas ao seu funcionamento, e nesse caso, é fundamental esclarecer quem detém o poder, e como ele está dividido.

💡 2 Respostas

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Murilo Miguel

obeigado
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LR

Resposta: A alternativa equivocada é a a) As ideias do absolutismo francês, de Bossuet, tem base nas doutrinas de Hobbes e de Bodin

Justificativa: Os franceses Bodin (1530 – 1596) e  Bossuet (1627 – 1704), defendiam o direito de governar dos Reis provinha de Deus. Por outro lado, o inglês Hobbes (1588 – 1647), apesar de, assim como os franceses, defender o direito dos reis de governar, não condiciona esse direito ao aspecto religioso, Para Hobbes o governo ideal deveria ser um Absolutismo sem teologia.

Bodin (1530 – 1596): O poder soberano não deve se submete as leis criadas pelos súditos, e sim os súditos que se submetem as leis criadas pelo poder soberano “O jurista Bodin identifica a essência da Soberania unicamente no ‘poder de fazer e de anular as leis’, uma vez que este poder resumiria em si, necessariamente, todos os outros e, enquanto tal, com suas ‘ordens’ se configuraria como força de coesão capaz de manter unida toda a sociedade.” (BOBBIO, 1993: 1180); Esclarece-se que “o soberano legal, apesar do monopólio da lei, achar-se-ia reduzido à impotência” se os poderes da soberania não fossem de alguma forma delegados: “Estes poderes são: decidir acerca da guerra e da paz, nomear os chefes militares e os magistrados, emitir moeda, suspender impostos, conceber indultos e anistias e julgar em última instância” (BOBBIO, 2993: 1180); A soberania segundo Bodin deve ser “ ‘absoluta’, ‘perpétua’, ‘indivisível’, ‘inalienável’, ‘imprescritível’. Com estas conotações ele procura, por um lado, mostrar que a Soberania é um poder originário, que não depende de outros, e, por outro, salientar a diferença entre direito privado e direito público, que diz respeito ao status rei publicae e tem, como fim, não o bem privado e sim o bem público.” (BOBBIO, 1993: 1181); "A soberania pertence necessariamente seja a um só indivíduo, seja a um pequeno número de notáveis, seja ao conjunto de todos ou pelo menos da maioria dos cidadãos, e nós temos, segundo o caso, uma monarquia, uma aristocracia ou uma democracia"  (Bodin, 1951: 367-8). "Em toda república, é preciso considerar. quem pode dar poder aos magistrados, ou deles retirá-lo; e quem pode promulgar e anular as leis - se um só homem, a minoria, ou a maioria dos cidadãos. Uma vez fixado isso, é fácil determinar qual é a constituição da república, pois não existe um quarto modo e nem mesmo seria possível imaginá-lo" (Bodin, 1951:, p. 362). "O estado popular é estabelecido contra o curso e a ordem natural, que dá o comando aos mais sábios, coisa incompatível com o povo; se o povo não tiver boas leis e ordens claras diante de seus olhos, como tochas para guiá-lo, o estado será constantemente conturbado" (Bodin, 1986: 163).

Bossuet (1627 – 1704),  “Três razões fazem ver que este governo [monarquia hereditária] é o melhor. A primeira é que é o mais natural e se perpetua por si próprio (…). A segunda razão (…) é que este governo é o que interessa mais na conservação do Estado e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o seu Estado, trabalha para os seus filhos, e o amor que tem pelo seu reino, confundi com o que tem pela sua família, torna-se-lhe natural (…). A terceira razão tira-se da dignidade das casas reais (…). A inveja, que se tem naturalmente daqueles que estão acima de nós, torna-se aqui em amor e respeito: os próprios grandes obedecem sem repugnância a uma família que sempre viram como superior e à qual se não conhece outra que a possa igualar (…). O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus (…). Os reis (…) são deuses e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e deve obedecer-lhe sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para a sedição.” (FREITAS, s/d.).

Hobbes (1588 – 1647): A grande defesa de Hobbes era por um Absolutismo sem teologia, “é partidário do poder absoluto e admite, ao mesmo tempo, o pacto social.”. Ou seja, o filósofo não vê um antagonismo entre o pacto social e o absolutismo, vê em realidade que “o pacto conduziria necessariamente ao absolutismo”(HOBBES, 1988: XVI). Para Hobbes, quando o poder está divido em diversos locais na sociedade, a finalidade do pacto, que é a de garantir a paz entre os homens, se finda impossível de ser concretizada. Hobbes entende que há na religião um grande poder e que este poder se distingue da soberania civil. Havendo a coexistência do poder cuja a origem vem da soberania civil, ou seja, do Estado, e um poder distinto que provêm da religião, o conflito, segundo a teoria hebbesiana, é inevitável: “Hobbes não vê solução para esses conflitos a não ser pela entrega de toda a autoridade religiosa ao soberano absoluto; caso contrário, a religião ameaçaria a paz civil” (HOBBES, 1988: XVII). Ao soberano, tento em vista que havia na época a experiencia de reis católicos que governavam súditos protestantes, havia a necessidade de colocar suas opiniões pessoais de lado em prol da manutenção da paz, pois independente da fé particular do soberano, e neste caso o Estado se faz maior do que o soberano, o Estado deveria “instituir um culto único e obrigatório: ‘porque, caso contrário, seriam encontradas em uma mesma cidade as mais absurdas opiniões referentes à natureza divina e as mais impertinentes e ridículas cerimonias jamais vistas’.” (HOBBES, 1988: XVII). Se há no pacto a necessidade de garantir a paz, tal paz só pode ser estabelecida a partir da ordem, ou seja, do estabelecimento de regras de condutas, as chamadas leis civis. O poder religioso não poderia por si transpor para o status de lei o que apenas é fé: “O pecado, o justo, o injusto, só têm sentido na medida em que recebem sua existência das leis civil. Por outro lado, os preceitos do evangelho – segundo Hobbes – não são leis, mas chamados à fé; nos evangelhos não haveria regra alguma que permitisse distinguir entre ‘o teu e o meu’, como também eles não estabelecem quaisquer regras do intercambio comercial ou outras análogas. Em suma, só ao soberano caberia distinguir entre o justo e o injusto, entre o certo e o errado.” (HOBBES, 1988: XVIII)

 

Referências Bibliográficas:

BOBBIO, Norbert; MTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 1983.

BODIN, Jean. (1986), Les six livres de la République. Reimpressão da 12a edição (1593). Paris, Librarie Artheme Fayard.

FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História, v. II. Lisboa: Plátano Ed., s/d, p.201.

HOBBES, Thomas. Leviatã: Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Volumes I e II).

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