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20- Estado e Governo são duas palavras frequentemente utilizadas na discussão de poder e política como sinônimos,

20- Estado e Governo são duas palavras frequentemente utilizadas na discussão de poder e política como sinônimos, mas elas têm sentidos distintos. Então, quais das proposições abaixo fazem a distinção correta? a-O conceito de Estado diz respeito à construção teórica, formal, portanto normativa, que empresta ordenamento e regulação às relações de poder na instância política institucional; b- O conceito de Governo diz respeito e abrange a dinâmica normativa (e pragmática) do poder político; c- ao longo da história as funções do Estado foram ampliadas e diversificadas, somente durante as guerras, ou em períodos de autoritarismo; d- A participação do governo na economia surgiu com a industrialização; e- A prática política visando o poder ultrapassa o plano normativo.

💡 2 Respostas

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LR

Resposta: Estão CORRETAS as alternativas (a) O conceito de Estado diz respeito à construção teórica, formal, portanto normativa, que empresta ordenamento e regulação às relações de poder na instancia política institucional e (b) O conceito de governo diz respeito a dinâmica normativa (e pragmática) do poder político.

Justificativa: Estado e Governo podem parecer ser sinônimos, e por vezes o são dependendo do arcabouço teórico de quem está produzindo alguma dada pesquisa, entretanto, para o que nos interessa aqui, vamos compreender que Estado é a unidade composta por seu território, seu povo e sua soberania. Por Soberania, de forma genérica, compreenderemos ser tratar o Poder estatal, então o Estado é composto por seu território, seu povo e seu poder. Finalmente, quanto ao significado de Governo, inicialmente o compreenderemos “como o conjunto de pessoas que exercem o poder político e que determinam a orientação política de uma determinada sociedade” (BOBBIO, 1993: 553)¸ assim não é possível desassociar o Governo de sua institucionalização, ou seja, do Estado. Nesse sentido, retomando a definição feita aqui de Poder como “a capacidade que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a capacidade de um Governo de dar ordens aos cidadãos.” (BOBBIO, 1993: 993), podemos concluir que o Governo, formado por um “conjunto de pessoas que governam o Estado”, em posse de sua soberania, ou seja, seu poder estatal, tem como uma de suas essências regular a vida de quem a ele é subordinado, ou seja, os governados, os cidadãos no exemplo dado.  O Estado como o reconhecemos hoje é fruto de um processo histórico, mediado por disputas ideológicas em busca de consolidação, ou seja, teóricas e normativas. Quando afirmamos que o Governo é regido por um conjunto de pessoas, e que o governo exerce o poder do Estado sob quem por ele é governado, são está afirmando-se mentiras, entretanto está se afirmando verdades que não necessariamente compreende ao nosso presente. O governo é formado pelo conjunto de pessoas que o regem, assim como é mediado por uma forma organizativa específica, ou seja, por um Regime Político. Uma definição mais atual de governo, “não indica apenas o conjunto de pessoas que detêm o poder de Governo, mas o complexo dos órgãos que institucionalmente têm o exercício do poder. Neste sentido, o Governo constitui um aspecto do Estado. Na verdade, entre as instituições estatais que organizam a política da sociedade e que, em seu conjunto, constituem o que habitualmente é definido como regime político as que têm a missão de exprimir a orientação política do Estado são os órgãos do Governo.” (BOBBIO, 1993: 553). Em um regime Democrático e de economia capitalista, “quem, em última instância, possui de fato o poder soberano: o Povo ou a sua representação?” (BOBBIO, 1993: 1184).

Informações adicionais:

àPoder: “Em seu significado mais geral, (...) a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos. Tanto pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais (como na expressão Poder calorífico, Poder de absorção).” (BOBBIO, 1993: 993).  E “em sentido especificamente social, ou seja, na sua relação com a vida do homem em sociedade”, o Poder assume sua forma mais precisa, a do “Poder do homem sobre o Homem”, e isso significa dizer que o Poder “pode ir desde a capacidade geral de agir, até à capacidade do homem em determinar o comportamento do homem” (BOBBIO, 1993: 993). “O homem é não só o sujeito mas também o objeto do Poder social. E Poder social a capacidade que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a capacidade de um Governo de dar ordens aos cidadãos.” (BOBBIO, 1993: 993). Com essa afirmação compreendemos que o Poder em seu sentido mais específico não se apresenta em apenas um âmbito da sociedade, já que é Poder social tanto o poder exercido por um homem sobre outro homem, quanto é Poder social o poder exercido pelo Governo quem por ele é governado.

àPolítica: Genericamente, o termo política pode assumir duas significações. A língua inglesa nos auxilia nesse aspecto pois cada há para cada uma dessas significações presentes em ‘política’, uma palavra específica na língua inglesa. Política pode ser tanto Politics quanto Policy. Por Politics compreendemos ser toda “atividade humana ligada à obtenção e manutenção dos recursos necessários para o exercício do poder sobre o homem”, ou seja, toda “atividade e competição políticas”, assim quando de diz “meu cunhado adora falar sobre política”, entende-se que o cunhado adora falar sobre o jogo de poder presente na sociedade (SECCHI, 2012). Por Policy, compreendemos ser uma dimensão da política “mais concreta e a que tem mais relação com orientações para a decisão e ação”, então quando se que “a política de empréstimos daquele banco é rigorosa” (SECCHI, 2012). Assim as alternativas (a) elas consistem dos conflitos entre práticas institucionais de governo, (b) elas abrangem procedimentos conciliatórios e acordos, (c) elas se dão espelhando as normas jurídicas vigentes, em aparente obediência, ou como um seu avesso, conhecido, mas tolerado e (d) elas têm, em geral, um caráter pragmático, estão CORRETAS, pois Política abarca toda essa gama de atitudes e muitas outras. A única alternativa INCORRETA é a (e) elas não abrangem procedimentos de cooptação nem a decisão sobre aplicação da força, pois não é possível falar em Política sem se esbarrar em algum momento com os termos ‘cooptação’ e ‘força’. Duverge faz o seguinte alerta: “O termo ‘política’, (...). é muito antigo e pertence ao vocabulário usual: por força das circunstâncias, tornou-se muito vago.” (DUVERGE: 1966: 13). Há uma ciência específica que se preocupa com o termo: a Sociologia Política (ou, ciência política). Para fugir das significações feitas pelo senso comum, deturbadas pelo uso irrestrito na linguagem falada e por isso pouco palatáveis, pouco determináveis em suas fronteiras, deve-se assumir a concepção feita pela Sociologia política por se tratar especificamente do campo ao qual a disciplina de dedica. Dessa forma, é necessário ter em vista que a polissemia do termo ‘política’ também afeta os estudiosos da área, “não existe um acordo entre os especialistas sobre os limites exatos do termo” (DUVERGE: 1966: 13), o que acarreta em um problema inerente a esta área de conhecimento, pois não havendo limites exatos para o termo, não há limites exatos para a própria ciência política. Entretanto, em favor disciplina, é possível transpor as tantas “concepções da palavra ‘política’” (DUVERGE: 1966: 13), em dois grupos distintos de significados. Há na polissemia do termo um viés sempre presente: o Poder. Sendo este [o Poder] o fundamental elemento da política, de um lado, há teorias que consideram que o poder político concentra-se no Estado. Neste caso, a sociologia política é considerada uma Ciência do Estado, e trata-se de uma concepção jurídica tradicional, fundamentada na ideia de soberania nacional e do poder soberano, visão que não corresponde com a realidade das sociedades modernas. E de outro lado, há quem defenda que o poder político diz respeito a uma gama ampla relações políticas presente na sociedade como um todo. Assim a sociologia política, como a Ciência do Poder, e diz respeito a uma concepção mais realista, enxerga o Estado como parte do contexto, não sendo a única fonte de poder em uma sociedade complexa.

Referencias bibliográficas:

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993..

SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

DUVERGER, Maurice. Ciência Política, Teoria e Método. Rio de Janeiro: Editora Zatar, 1976.

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