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Klebson Vieira

A etnografia como modalidade de investigação usa múltiplos métodos e estratégias. A etnografia supõe uma ampla combina- ção de técnicas e recursos metodológicos, dando maior ênfase as estratégias interativas: observação participante, nas entrevistas formais ou informais, nos instrumentos desenhados pelo investigador e na análise de toda classe de documentos. Também utiliza uma variada tecnologia composta de máquinas fotográfica, equipe de vídeo, etc. Todas as ferramentas do etnógrafo são extensões do instrumento humano, ajuda a memória e visão. 1) Observação participante sistemática, direta. O investigador etnógrafo combina observação com a participação. 2) A entrevista - formal-informal, dirigida ou não dirigida = livre, se obtém informação participante. 3) Documentos - materiais escritos ou impressos. 4) Documentos oficiais - incluem registros, horários, atos de reuniões, programações, planejamentos e anotações, relatórios, registros pessoais, manuais, jornais, revistas, levantamento fotográfico, gravações, arquivos, cartas oficiais, livros, promo- ções festivas, anúncios, roteiros, fichas, vídeo, documentais, folclore, acessório, música e seus instrumentos, indumentá- ria, fatos de imprensa falada, escrita, televisiva. 5) Documentos pessoais - diário, escrita criativa, apontamentos, cadernos, cartas, notas pessoais, relato autobiográfico. 6) Registro de dados - contemplando categorias e critérios registrando os “insights” em relação ao observado. 7) Questionário - aberto ou fechado - não são muito comuns nas investigações etnográficas. Tem utilidade como médio de coletar informações mais amplas (de amostras) das que podem ser obtidas pelas entrevistas.

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LR

A etnografia é “o primeiro estágio da pesquisa antropológica: observação e descrição, trabalho de campo” (ABBAGNANO, 2007: 452). Mas a antropológica não é um campo uniforme, há categorias internas de pesquisa. A etnografia é o primeiro estágio da pesquisa antropológica que trata especificamente da cultura: A antropologia cultural. No tópico I Descrição Antropologia, consta o que devemos compreender por Antropologia, e por duas de suas categorias de pesquisa, a antropologia cultural e a antropologia física. No tópico II Antropologia e pesquisa etnográfica serão citadas as formas com que o debate surge em Levi-Strauss, Magnani, e Roy Wagner.

I Descrição Antropologia:

Antropologia é “ciência do homem no sentido mais lato, que engloba origens, evolução, desenvolvimentos físico, material e cultural, fisiologia, psicologia, características raciais, costumes sociais, crenças etc.” (HOUAISS, 2009: 150). O fazer antropológico é a sistematização dos “conhecimentos que se têm a respeito do homem” (ABBAGNANO, 2007: 74). São campos da disciplina a antropologia física e a antropologia cultural:

1) Antropologia física: “a que estuda a origem e a evolução biológica da humanidade e as diversidades raciais de seus subgrupos” (HOUAISS, 2009: 150); a “que considera o homem do ponto de vista biológico, em sua estrutura somática, em suas relações com o ambiente, em suas classificações raciais” (ABBAGNANO, 2009: 74).

2) Antropologia cultural: “a que trata do estudo da cultura do homem em todos os seus aspectos, servindo-se assim de dados e conceitos próprios de diversas outras ciências, como a arqueologia, a etnologia, a etnografia, a linguística, a sociologia, a economia etc” (HOUAISS, 2009: 150), em outras palavras, a “que considera o homem nas características que derivam das suas relações sociais” (ABBAGNANO, 2009: 74).

 

II Antropologia e pesquisa etnográfica

Como vimos, a etnografia é “o primeiro estágio da pesquisa antropológica: observação e descrição, trabalho de campo” (ABBAGNANO, 2007: 452), mais especificamente da Antropologia Cultural, “a que trata do estudo da cultura do homem em todos os seus aspectos” (HOUAISS, 2009: 150), a “que considera o homem nas características que derivam das suas relações sociais” (ABBAGNANO, 2009: 74).

àPara Lévi-Strauss não é possível um fazer antropológico desvinculado ao fazer etnográfico. A pesquisa de campo deve ser central na produção de conhecimento feita pelo antropólogo, pois sem ela não é possível constituir o todo, ou seja, compreender a cultura em sai totalidade: “Para ele, ela não é nem um objetivo de sua profissão, nem um remate de sua cultura, nem uma aprendizagem técnica. Representa um momento crucial de sua educação, antes do qual ele poderá possuir conhecimentos descontínuos que jamais formarão um todo, e após o qual, somente, estes conhecimentos se “prenderão” num conjunto orgânico e adquirirão um sentido que lhes faltava anteriormente.” (Lévi-Strauss, 1991: 415 - 416).

àEm Magnani, a pesquisa etnográfica da antropologia cultural deve buscar compreender seu objeto de estudos pela via dos atores envolvidos e pela via dos espeço física em que a vida de reproduz materialmente: “o que se propõe é um olhar de perto e de dentro, mas a partir dos arranjos dos próprios atores sociais, ou seja, das formas por meio das quais eles se avêm para transitar pela cidade, usufruir seus serviços, utilizar seus equipamentos, estabelecer encontros e trocas nas mais diferentes esferas – religiosidade, trabalho, lazer, cultura, participação política ou associativa etc. Esta estratégia supõe um investimento em ambos os pólos da relação: de um lado, sobre os atores sociais, o grupo e a prática que estão sendo estudados e, de outro, a paisagem em que essa prática se desenvolve, entendida não como mero cenário, mas parte constitutiva do recorte de análise.” (Magnani, 2002: 18).

àRoy Wagner, em A invenção da cultura (2010), é o mais específico e ao mesmo tempo o mais completo dos autores citados para compreender esse debate. Para Wagner o antropólogo imerso em seu campo de pesquisa, seja ele na periferia de uma grande cidade ou em uma tribo muito pouco conhecida no mundo ocidental, deve compreender que está ali na condição de um inventor da cultura daquele povo, mas não apenas isso, deve também compreender que está ali também se inventando uma cultura para ele mesmo. Nesse sentido, o autor caminha mostrando como se posiciona a ideia de cultura, e para tanto aponta o que há de mais singular: “o antropólogo usa sua própria cultura para estudar outras, e para estudar a cultura em geral” (WAGNER, 2010: 28), trata-se portanto de uma objetividade relativa, pois “A objetividade absoluta exigiria que a antropólogo não tivesse nenhum viés e portanto nenhuma cultura” (WAGNER, 2010:  28). Essa relação, somente se faz possível pois a figura do antropólogo é a ponte da cultura entre ele e de por quem por ele é observado na condição de objeto de estudo), e o que de fato existe é ela em si, a própria relação, pois a cultura que está sendo radiografada frutifica a partir do universo do antropólogo, este, portanto, acredita Wagner, é um inventor de culturas, “No ato de inventar outra cultura, o antropólogo inventa a sua própria e acaba por reinventar a própria noção de cultura.” (WAGNER, 2010: 31). E é isso que gera no antropólogo a necessidade de tornar a cultura uma coisa, de efetuar um processo objetivo capaz de tornar a cultura visível. E o que torna a cultura visível, são os momentos que se vive a inadequações com o ‘novo’, com o ‘diferente’. É o momento do choque cultural, onde as discrepâncias são objetificadas enquanto entidade. E é neste mesmo momento que ‘uma cultura’ é enfim inventada: “A invenção das culturas, e da cultura em geral, muitas vezes começa com a invenção de uma cultura particular, e esta, por força do processo de invenção, ao mesmo tempo é e não é a própria cultura do inventor.” (WAGNER, 2010: 37). Para Wagner todo ser humano é um antropólogo, um inventor de cultura. Todo homem possui uma herança cultural, e possui porque todo homem nasce e cresce imerso um determinado patrão de vida materialmente e socialmente consolidado através dos séculos. Em outras palavras, todo homem possui para um conjunto de convenções compartilhadas através de uma processo de invenção coletiva da cultura. E esse conjunto de convenções são as ferramentas socias que garantem a reprodutividade da própria vida, na medida em que o torna apto a se comunidade e a compreender as experiências que se apresentam inevitavelmente ao longo da vida. São dois os aspectos elementares aqui: 1) A invenção é o princípio da cultura, e há humanidade sem cultura; 2) É cíclica a seguinte relação: a comunicação é o conjunto de associações e convenções compartilhadas, a o conjunto de associações e convenções compartilhadas é o que permite a comunicação. Expressão e comunicação são interdependentes: nenhuma é possível sem a outra. (WAGNER, 2010:76). Toda experiência e todo compreensão sobre ela, é uma de invenção, ou seja, a relação dialética entre a materialidade concreta da vida e o pensamento gerado por ela, o que elementarmente é o princípio da cultura. Mas a invenção só é possível mediante a existência de um conjunto de associações e convenções compartilhadas, pois é esse conjunto é o que é a própria comunicação e também o que gera a comunicação. A invenção só se concluir quando ela é comunicada, mas não apenas comunicada, mas é expressada, significada. Se a comunicação só “é possível mediante o compartilhamento de associações derivadas de certos contextos convencionais por aqueles que desejam se comunicar.” (WAGNER, 2010: 80), e expressão é mediada de antemão pelo contexto e pelas convenções já dadas, já naturalizadas do indivíduo e no coletivo, por exemplo “A moralidade é uma espécie de significado , um significado com direção, propósito e motivação, e não um substrato sistêmico” (WAGNER, 2010:82). Toda expressão carrega em si um significado. A invenção da cultura é uma relação dialético da experiência e do pensamento, e para tal é necessário a preexistência um conjunto de informações, mas esse processo só se conclui mediante o esforço comunicativo, e o esforço comunicativo é também expressivo, ou seja o ato de expressar algo carrega em si um significado fruto dos sentimentos individuais ou coletiva gerados da experiência vivida, o só se expressa algo através do esforço comunicativo. Ou seja, assim como o antropólogo ou homem algum no mundo, não é tabula rasa, a invenção também não parte do nada, nunca há uma primeira invenção, há um ciclo continuo de invenção e reinvenção da cultura gerado pelo espontaneísmo e pela criatividade tipicamente humana.

 

Referência bibliográfica:

WAGNER, Roy. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Messo. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

MAGNANI, J. G. De perto e de dentro: notas para uma etnografi a urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 49, p. 11-29, 2002.

LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991.

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