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Alguém sabe onde encontro a resenha do livro Escola Nova do Cristiano Di Giorgi?

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Thiago Cardoso

Cristiano Amaral Garboggini di Giorgi é professor na Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho e atua principalmente nas questões de política educacional, história da educação, reformas educacionais, formação de professores e educação de adultos. Ao introduzir sua obra, Di Giorgi (1992) afirma que com ela procura dar um passo no sentido de conhecer criticamente o que existe em relação a “Escola Nova”, por considerar ser esta condição indispensável para superá-la. Segundo suas próprias palavras:
Para superar a pedagogia de compromissos vagos, sem princípios consistentes, a
reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a prática educacional
apresenta é fundamental. Em suma, há uma necessidade de teoria, coisa que em
pedagogia costumamos desdenhar. (DI GIORGI, 1992, p. 7).
No capítulo dois, Di Giorgi (1992) busca situar o movimento da Escola Nova no debate
pedagógico como um todo, classificando, dentro das concepções fundamentais da filosofia, o movimento como tendo uma concepção humanista moderna da educação, na qual há “uma visão de homem centrada na existência, na vida, na atividade [...] a educação passa a centrar-se na criança, na vida, na atividade.” (DI GIORGI, 1992, p.9). No que se refere às práticas pedagógicas o autor localiza o movimento na tendência progressista a qual “sustenta que a finalidade da escola
é adequar as necessidades individuais ao meio social [...] O importante não é que o aluno domine determinados conteúdos, mas que aprenda a aprender” (DI GIORGI, 1992, p.12). Sobre os princípios da Escola Nova, Di Giorgi (1992) afirma que sua proposta nuclear era descentrar o ensino da figura do professor para centrá-lo na do aluno, a curiosidade e a sensibilidade infantis eram estimuladas, uma vez que para a criança o desejo era de conhecer a realidade de forma global. O autor afirma que é no que se refere às diferenças individuais que
todos os defensores da Escola Nova convergem, uma vez que a pedagogia da Escola Nova
ressalta ao extremo as diferenças individuais. Se na pedagogia tradicional entendia-se que todos
os homens eram essencialmente semelhantes, esta é uma pedagogia que descobre e defende as
diferenças (DI GIORGI, 1992, p.25).
No capítulo cinco, Di Giorgi (1992) discorre sobre a história e os métodos da Escola
Nova. Afirma que o movimento começou com pequenas experiências isoladas em internatos no
campo, na última década do século XIX e nas duas primeiras décadas do século XX. Na sua
visão, foram essas experiências que auxiliaram certos educadores a sistematizar de maneira mais
completa os métodos da Escola Nova e aplicá-los em escolas que não funcionavam em regimes
de internado. Entre esses educadores, Di Giorgi (1992) coloca Helena Parkhurst, Ovide Decroly, 21781

Maria Montessori e John Dewey como sendo os de maior relevância, apenas citando rapidamente
os trabalhos de Willian Kilpatrick, Edouard Claparède, Adolph Ferrière e Celestin Freinet.
Di Giorgi (1992) considera o Plano Dalton, elaborado por Miss Parkhurst, a experiência
de maior repercussão. Afirma o autor que ela propôs, para os alunos que já sabiam ler, o sistema
de contratos, no qual o professor elabora planos de estudos individuais que cada aluno deve
cumprir sozinho. Esse sistema sofreu críticas por ter ausência do trabalho em grupo, segundo Di
Giorgi (1992). Sobre Decroly, afirma que ele propunha abranger todo o conteúdo dado na escola
tradicional, reagrupando-o, porém em conjuntos coerentes que ligassem uns aos outros através de
laços lógicos ou psicológicos. “Essa pretensão de Decroly de abranger o conteúdo das escolas
tradicionais é malvista por muitos escolanovistas, talvez por conta disso, Lourenço Filho
considera o sistema de Decroly uma transição entre a escola tradicional e a Escola Nova.” (DI GIORGI, 1992, p.32)
A pedagogia de Maria Montessori é considerada por Di Giorgi (1992) como sendo, na
Escola Nova, o ponto mais alto de valorização da criança. Pontua que a médica italiana criou um ambiente favorável segundo as necessidades físicas e psíquicas da criança, sendo que a ordenação do meio passou a ser uma das tarefas primordiais do professor. Di Giorgi (1992) afirma que Dewey foi, provavelmente, o mais importante pensador,
divulgador e sistematizador da Escola Nova. “O ideal educacional de Dewey era de que a
educação se desse, o máximo possível, junto com a própria vida: quanto mais se integrassem
atividade escolar e as demais atividades cotidianas, melhor.” (DI GIORGI, 1992, p.37).
Di Giorgi (1992) dedica três capítulos da sua obra para apresentar críticas à Escola
Nova, divididas em conservadoras, progressistas e de cunho interno ao próprio movimento. No
que diz respeito às de origem conservadora, afirma que elas consideram que a Escola Nova
instaura a bagunça e a desordem, acostuma os jovens à insubordinação e à desobediência,
substitui a disciplina e o esforço pelo gozo irresponsável. (DI GIORGI, 1992, p.40). No que se
refere às críticas progressistas, pensa que se concentram no fato de acreditarem que a Escola
Nova não apresenta uma pedagogia voltada para os interesses das camadas populares e para
aprofundar essa discussão levanta três argumentos. O primeiro está na ausência de modelos, fato
que impediria a compreensão mais profunda dos fenômenos e levaria à ausência de perspectivas
mais amplas. O segundo está no fato da extrema valorização da criança, pois apresentá-la ao 21782

mundo como um ser diferente levaria a um empobrecimento do real e o último argumento coloca
a desvalorização do conteúdo como uma forma de elitismo da Escola Nova, uma vez que “o desprezo pelos conteúdos atinge muito pouco os membros das elites, uma vez que eles têm muito
maior facilidade de obtê-los em casa”. (DI GIORGI, 1992, p.48). Uma das contradições internas
no movimento escolanovista, segundo ele, estaria no papel do professor, sendo que para Freinet,
por exemplo, o professor deveria estar contato direito com os alunos, e para Montessori ele
deveria ausentar-se.
O movimento escolanovista no Brasil ganha na obra de Di Giorgi um capítulo a parte, o
qual não será aprofundado nesse momento, mas pensa-se ser importante pontuar uma das
principais críticas que o autor faz ao movimento em nosso país: a de que o escolanovismo
representou, no campo da educação escolar, algo semelhante ao que a própria Revolução de 1930
representou para o país: uma modernização controlada e conservadora.
Di Giorgi (1992) encerra sua obra afirmando que quanto à Escola Nova, é possível
afirmar que, para uma pedagogia verdadeiramente transformadora, algumas de suas conquistas
têm interesse ao nível das propostas didáticas, mas devem ser desvinculadas da filosofia da
educação, da teoria educacional que lhes deu origem.

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