Natureza jurídica dos recursos

NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO
Existem três correntes para explicar a natureza jurídica do recurso:

a) Natureza constitutiva: para quem assim entende, o recurso constitui ação distinta daquela que se vinha exercitando no processo. O principal argumento é que a ação originaria se funda em fato extraprocessual (o fato causador do litígio) ao passo que o recurso se origina de fato endoprocessual (a decisão recorrida). Além disso, alega-se também que os legitimados para interposição do recurso por vezes são pessoas diversas das legitimadas para a causa.

b) Aspecto, elemento, modalidade ou extensão do direito de ação exercido no processo: o direito de recorrer é conteúdo do direito de ação, e o seu exercício revela-se como desenvolvimento do direito de acesso aos tribunais. É como assim entende a maior parte da doutrina (Moreira, Didier e Nelson Nery, por exemplo). Tal concepção não obsta a possibilidade de legitimidades diversas (como exposto acima). Não obsta a interponibilidade do recurso pelo réu porque a ação é bilateral; e nos casos em que o recurso pode ser interposto por terceiro prejudicado e pelo Ministério Público (quando não seja parte), o que se teria que entender é que o recorrente exerce por essa forma abreviada de ação, já que não quis ou não pôde exercer da forma normal. E quanto ao outro argumento acima exposto, existiriam ações originárias de fatos intraprocessuais, tais como embargos de terceiros, mandado de segurança contra ato judicial, etc.

c) Ônus processual: seria um ato que alguém precisa praticar para tornar possível a obtenção de uma vantagem ou para afastar a consumação de uma desvantagem. A exceção seria o duplo grau de jurisdição ou sujeição obrigatória da matéria à revisão por órgão superior (art.475, CPC).