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história do direito do trabalho

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Andre Smaira

Para responder essa pergunta devemos colocar em prática nosso conhecimento sobre História do Direito.A história do direito do trabalho, no sentido recente do termo, é algo consideravelmente novo. Com a revolução industrial e o desenvolvimento do capitalismo, que trouxe um crescimento da população urbana e o surgimento da classe operária, as jornadas de trabalhos nas industrias eram totalmente desumanas e representava a exploração do dono da fábrica para com o operário, que trabalhava 16 horas por dia e em condições sub-humanas. Não demorou muito para se iniciar as primeiras reivindicações de melhorias nas condições de serviço (muitos trabalhadores chegavam aos 30 anos apresentando graves problemas em decorrência de sua jornada de trabalho exaustiva/insalubre e ficavam inaptos a manter seu serviço) que na Europa já era uma verdade desde a segunda metade do século XIX. Com diversos movimentos ao redor do mundo, o México e a Alemanha foram os pioneiros a adotarem um conjunto de leis que davam respaldo aos trabalhadores, e após esse pioneirismo outros países seguiram seus exemplos.

Já no Brasil esses movimentos ganharam força um pouco mais tarde durante o governo de Vargas (pela tardia abolição da escravidão e crescimento do parque industrial), que na constituição de 1934 garante direito a salário mínimo, jornada de trabalho e direito a férias remunerada.Portanto a história do direito trabalhista é recente e remonta a segunda metade do século XIX.

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Raquel Casagrande

No Brasil, o trabalho livre só aparece a partir de 1988, com a abolição da escravatura com a promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1988, que aboliu o trabalho escravo, pelo menos de maneira formal. Foram 4 séculos, portanto, de trabalho escravo no Brasil.

A origem do direito do trabalho em toda a América do Sul e comum, uma influência do fluxo migratório, pois os donos de terras não queriam contratar os negros como funcionários livres. Por isso, migram para o Brasil alguns europeus (italianos, portugueses e espanhóis).

Quando chegam aqui, encontram um nada jurídico do direito do trabalho, mas como europeus, estavam acostumados com uma forte luta trabalhista, e diante da ausência de proteção dão início, no Brasil, as primeiras reivindicações por direitos, começam a organizar sindicatos, influenciando os trabalhadores brasileiros a lutar pela causa operária. Inicialmente, essas reivindicações não foram bem vistas, afinal, colocavam em risco a classe dominante.

A primeira lei trabalhista é de 1903, qual seja, a Lei dos Sindicatos Rurais. Não podemos esquecer, portanto, que até a década de 50 o Brasil era iminentemente rural. Em 1907, temos a Lei dos Sindicatos Urbanos. No período de 1907 a 1917 há uma intensa luta operária, inclusive, a primeira greve geral no Brasil ocorre neste período.

Em 1917, o mundo se encanta com a Revolução Russa, e no Brasil, acontece um fenômeno que nunca mais deixou de ocorrer. Os trabalhadores envolvem-se com a política, até como uma forma de conquistar direitos, tanto que o partido comunista é fundado no país com a ajuda dos trabalhadores.

Em 1923, temos a principal lei trabalhista do período, que é a Lei Eloy Chaves. Essa lei só se aplicava aos ferroviários, pois as ferrovias eram de empresas inglesas, e consequentemente traziam muitos trabalhadores ingleses, porquanto ficava muito dúbio que apenas os trabalhadores ingleses da mesma ferrovia tivessem direitos e os trabalhadores brasileiros não.

Até 1930, a questão operária estava mais para um aspecto social, já que o direito não protegia essa situação. Em 1930, Getúlio Vargas assume o poder numa revolução, e devido à instabilidade, sempre há risco de uma contrarrevolução. Por isso, Getúlio se aproxima dos menos favorecidos (mulheres e trabalhadores), excluídos quando da república de café-com-leite, sendo que estes foram favorecidos pelo governo de Getúlio. Isso foi uma forma de legitimar a revolução, garantir apoio. Getúlio era estadista, mas para o trabalho, teve papel fundamental.

Logo que assume, Getúlio cria um ministério do Trabalho, cujo primeiro ministro foi Lindolfo Collor, avô de Fernando Collor. Começa, portanto, a editar leis trabalhistas (esparsas), criando a CTPS, o salário mínimo, fixar jornadas de trabalho, seduzindo aqueles trabalhadores que passaram a ter direitos.

Em relação aos sindicatos, Getúlio cria uma doutrina política promíscua, fechando os sindicatos de esquerda. Cria a chamada Carta Sindical, que era uma autorização de funcionamento para o sindicato. Apenas os que detinham a Carta poderiam funcionar, quais sejam, aqueles que estivessem afinados com Getúlio. Na era getulista não se admitia a greve, que era considerado um ato antissocial. Tanto que, se houvesse greve em determinado sindicato, Getúlio cassava a Carta Sindical.

Getúlio cria o imposto sindical, conhecido hoje como contribuição sindical. Todos os registrados, empregadores ou autônomos pagam esta contribuição em favor do sindicato. Isso gera uma receita violenta para os sindicatos. Ademais, cria cargos políticos dentro do Estado, para sindicalistas. Portanto, os sindicalistas são pegos pela porrada, com a Carta, pela corrupção, pelo imposto e pela vaidade humana, com os cargos oferecidos. Um dos cargos era o de deputado federal biônico, indicado pelo sindicato, portanto, destinado aos sindicalistas. Outra figura era a figura do vogal, criada em 1932, que era conhecido como o juiz classista (classe patronal; classe operária). Era um juiz auxiliar na justiça do trabalho, que só foi extinto em 2000.

Esse modelo implantado por Getúlio vige até os dias de hoje, praticamente, sendo que o ápice de Getúlio é e, 1 de maio de 1943, data em que Getúlio parou o Rio de Janeiro. Foi uma grande festa, em que foi promulgada a CLT. Ou seja, em 1º de maio de 1943 já era o dia do trabalho. No entanto, a CLT não estava pronta, só sendo publicada 3 meses depois.

CLT foi elaborada por uma comissão de juristas, presidida por Oscar Saraiva, R. Monteiro, Durval Lacerda, Segadas Viana e o Prof. Arnaldo Sussekind. A CLT é um decreto lei, pois não foi votada ou aprovada no Congresso, foi baixada pelo presidente.

Outra característica importante, é que ela não é um código, mas uma consolidação. O código é um ordenamento sistematizado. Já a consolidação vem com o intuito de consolidar um sistema jurídico dispare, consolidar leis esparsas. A ideia era de que, posteriormente, viesse um Código do Trabalho, mas Getúlio saiu do poder e o Código não foi promulgado. Não há um consenso entra capital e trabalho, por isso, três grandes projetos de lei do Código foram barrados.

O governo de Getúlio era direitista, mas como todo o populista, ele visava agradar as classes sociais.

CLT é um diploma que vai contemplar todas as facetas das questões laborais. Temos na CLT a parte de direitos individuais, outra destinada ao direito coletivo, direito processual do trabalho, fiscalização do trabalho pelo MP. De um modo geral, estes são os nortes da CLT, que contém normas do direito material e direito processual.

Em 1945, Getúlio sai do poder, mas até 1970, o Brasil viveu uma fase de crescimento do direito do trabalho individual, em que o direito individual se expande com diversas leis (descanso individual, 13º etc.). No entanto, durante o regime militar os sindicatos sofrem bastante e os direitos trabalhistas são reprimidos, as Cartas Sindicais da maioria são cassadas e os sindicatos fechados. Não foi uma boa estratégia e rapidamente isso foi percebido, pois o sindicato passou a funcionar na clandestinidade, pelo que o regime militar adotou outra estratégia: prender os diretores e presidentes para colocar diretores simpatizantes do regime.

Em 1969 os metalúrgicos de Osasco fazem uma grande greve, que foi reprimida com muita violência, pois os trabalhadores resistiram a greve, houve desaparecimentos. Isso gera uma contrarreação, que é a união dos metalúrgicos do ABC – o fortalecimento dos sindicatos fomenta novas greves - e isso que desencadeia as grandes 6 greves da segunda década de 1970. Em 1979 temos as leis de anistia, lideranças trabalhistas, greves na segunda década de 1970 etc.

lei da anistia é o início da redemocratização. Em 1982 é fundado o PT. Os trabalhadores se voltam para a política, deixando as greves de lado, pois desta forma estariam lutando por seus direitos.

Em 1984 há a campanha das diretas já, que movimento o Brasil, mas a emenda Dante de Oliveira não é aprovada, e o primeiro presidente civil do Brasil é eleito indiretamente: Tancredo Neves, em 1985. Tancredo morre antes de assumir, e Sarney, seu vice, assume o poder. Ocorre que Antônio Carlos Magalhães e Sarney eram coronelistas e ditadores. A morte de Tancredo gera instabilidade. Sarney não era bem visto pelos militares, nem mesmo pelos mais liberais, e há novo risco de contrarrevolução.

Com Sarney, vivemos um período econômico, em que entrava e saia moeda. Mas, em 1994 o plano real trouxe certa estabilidade econômica ao Brasil. Neste período também, a partir de Fernando Collor de Melo, houve a abertura da economia brasileira (início de 1990), que passou a aderir um processo de internacionalização, e sofrer uma ingerência muito grande do poder econômico, afinal, para que serve o Estado se não atender os anseios de um poder econômico?

Os avanços do direito do trabalho são muito irrisórios com relação a uma real necessidade.

Quando o direito do trabalho surge no século XIX, fica conhecido como legislação industrial. Isto porque, o direito do trabalho surge no meio da regulamentação da atividade industrial. As primeiras regras trabalhistas surgem entre a regulamentação da atividade industrial. Quando o direito do trabalho começa a ter vida própria, passa a ser conhecido como direito operário.

No Brasil não há essa distinção, mas em alguns países, operário é o trabalhador braçal, enquanto que o empregado é o trabalhador intelectual. No século XX há o chamado direito corporativista, que tem sua principal referência na Carta Del Lavoro (1927), de Benedito Mussolini. Getúlio Vargas se inspira no modelo de Mussolini. Muito embora tenham querido apagar Mussolini da história da Itália após a II Guerra, aqui no Brasil, Mussolini ainda está presente no ordenamento jurídico. Outra expressão famosa é “direito social”. O principal direito social da época era o direito do trabalho, porquanto direito do trabalho e direito social se confundiam. A expressão atual direito do trabalho só se consagra a partir de 1950. No Brasil, a evolução não foi muito diferente, só ocorreu de maneira mais tardia. O que talvez destoe, é que no Brasil, utilizou-se a expressão direito social por muitos anos, mais ou menos até a década de 60.

Definição de direito do trabalho

Há uma divergência doutrinária, pois para alguns doutrinadores o foco são os sujeitos – teoria subjetivista. Para outra parte da doutrina, o mais importante é a relação jurídica. Por vezes a CLT protege a relação jurídica, por vezes o sujeito, permanecendo essa divergência na conceituação do direito do trabalho.

Orlando Gomes (civilista amante do direito do trabalho) define direito do trabalho como “o conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis às relações individuais e coletivas, que nascem entre os empregadores privados – ou equiparados – e os que trabalham sob sua direção, e de ambos com o Estado por ocasião do trabalho ou eventualmente fora dele”. O contrato de trabalho tem um viés civil até hoje. É um conceito típico da teoria subjetivista.

Para Amauri Mascaro o direito do trabalho “é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas, que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determina os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção deste trabalho em sua estrutura e atividade”. Destaca a relação jurídica – teoria objetivista.

Nas relações de trabalho, temos um intervencionismo estatal muito forte. É praticamente a única relação jurídica entre particulares que o Estado atua e tutela.

O trabalho subordinado só existe no direito do trabalho, não havendo trabalho subordinado em outras relações jurídicas.

A teoria mista comtempla simultaneamente o sujeito e o objeto. Para esta teoria, não há prevalência de um ou outro, todos são certos

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