Caro Kleber Olimpio, sem dúvidas concordo com você no que diz respeito ao princípio da “Ultima Ratio” (ou também princípio da subsidiariedade), segundo o qual o direito penal só deve ser chamado quando os demais ramos do Direito de mostrarem insuficientes e incapazes de tutelar o bem jurídico.
Entretanto, há alguns pontos no seu questionamento que merecem melhor esclarecimento. Apesar dos esclarecimentos não tenho dúvidas de que pessoas tecnicamente em situações iguais são tratadas como diferentes pela justiça.
Ocorre que o seu indagamento sobre a “Ultima Ratio” não tem aplicação no caso tratado, pois questões penais devem ser separadas de questões processuais (essa separação deve ocorrer sem se adentrar no mérito, ou seja, quem é culpado ou não)
É que a “Ultima Ratio” está para o Direito Penal, assim como que a prisão processual (provisória, preventiva ou em flagrante) está para o Processo Penal.
Sendo assim, a in(justiça) na prisão do seu vizinho e a in(justiça) no caso da CPI da Petrobrás são situações idênticas e afetas somente ao Direito Processual.
É que toda prisão antes do trânsito em julgado é uma prisão cautelar, portanto processual, e que só tem cabimento nas situações do art. 312 e 313 do Código de Processo Civil. Concordo com você, entretanto, que prisão no caso do seu vizinho é injusta, quiçá ilegal, em decorrência de abusos dentro do Processo Penal, não do Direito Penal.
Não há nesse caso incidência do Princípio da “Ultima Ratio”, mas sim ilegalidade na prisão, passível de Habeas Corpus, seja por caber liberdade provisória, com ou sem fiança, seja por caber uma cautelar diversa da prisão (art. 319, CPP), ou pela não observância dos arts. 312 e 313 do Código de Processo Penal, ou ainda pelo excesso de prisão processual (30 dias).
Espero ter ajudado.
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