Lei Complementar 140/2011, que dispõe sobre a atuação coordenada em política ambiental de União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclui dispositivo que assegura a plena aplicação da Lei da Mata Atlântica. Fica estabelecido expressamente no art. 11 da referida lei complementar que “a lei poderá estabelecer regras próprias para atribuições relativas à autorização de manejo e supressão de vegetação, considerada a sua caracterização como vegetação primária ou secundária em diferentes estágios de regeneração, assim como a existência de espécies da flora ou da fauna ameaçadas de extinção”. Assim, as atribuições dos entes federados para a emissão de licenças e autorizações ambientais, nas áreas abrangidas pelo bioma Mata Atlântica, deverão observar também as disposições nesse sentido constantes na Lei 11.428/2006.
"TRF 4ª Região, 2004.04.01049432-1/SC (Agravante: União Federal, Agravados: Rede de Organizações Não-Governamentais da Mata Atlântica, Federação das Entidades Ecologistas de Santa Catarina, Energética Barra Grande S/A, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA), D.J.U. de 19/ jul./2006.
AGRAVO. HIDRELÉTRICA DE BARRA GRANDE. LESÃO À ORDEM E À ECONOMIA PÚBLICAS. 1. Na via estreita da suspensão de segurança afigura-se incabível examinar, com profundidade, as questões envolvidas na lide, já que o ato presidencial não se reveste de caráter revisional, vale dizer, não se prende ao exame da correção ou equívoco da medida que se visa suspender, mas, sim, a sua potencialidade de lesão à ordem, saúde, segurança e economia públicas. 2. Hipótese em que a grave lesão à ordem e à economia públicas consistem na obstrução da finalização de hidrelétrica cujo funcionamento se revela indispensável ao desenvolvimento do país e que já implicou gastos públicos de grande monta."
Supondo que se trate do caso acima, vamos às considerações:
Como a decisão do TRF se deu em sede de Suspensão de Segurança, deve-se ressaltar que o mérito da Ação Civil Pública não foi objeto de debate porque a referida Suspensão não comporta essa discussão. O Tribunal analisou tão somente o risco de lesão à ordem e à economia públicas consistentes na paralisação da obra da hidrelétrica.
Nesse sentido, pode-se dizer que o Tribunal privilegiou a questão econômica em detrimento do risco de dano ambiental. Portanto, no caso em tela, os princípios da Prevenção e Precaução não prevaleceram.
Deve-se considerar, novamente, que a Suspensão de Segurança não é a via adequada para se discutir o mérito da decisão cujos efeitos a Suspensão visa sustar. Além disso, essa via processual não comporta dilação probatória, de modo que o Tribunal não teve a oportunidade de se debruçar profundamente sobre as questões ambientais envolvidas no caso.
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