Alguém sabe , por gentileza, me dier o que é costituconalização do Direito Administrastivo?
Constitucionalização do Direito é um fenômeno decorrente dastransformações do Estado, da Sociedade e do Direito, caracterizado em 03 (três) ordens de modificações:
No campo histórico, com a passagem do Estado Liberal para o Estado Social e o atual Estado Democrático de Direito;
No campo filosófico, decorrente da aproximação do direito com a ética e o seguimento do pós-positivismo;
E no campo teórico, no qual a Constituição ganha força normativa deixando de ser uma simples “folha de papel” , acompanhado de um órgão jurisdicional que defende a sua superioridade e efetividade, através da nova dogmática de interpretação constitucional.
Com essas modificações, todos os ramos do direito sofreram mudanças de paradigmas, já que atualmente a Constituição é interpretada como o centro do ordenamento jurídico que tem força normativa irradiante e dotada de supremacia. Evidentemente, que não foi diferente com o direito administrativo.
Nesta perspectiva, o modelo clássico de administração pública vem sofrendo modificações em conseqüência das diversas transformações do papel do Estado perante o cidadão, esses novos paradigmas são simplesmente uma releitura dos antigos modelos com a visão constitucionalista.
Foram instituidos assim, com essa nova visão:
Redefinição da ideia de supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a ascensão do princípio da ponderação de direitos fundamentais
Superação da clássica concepção do princípio da legalidade como vinculação positiva do administrador apenas à lei
A possibilidade de controle judicial do mérito do ato administrativo e sua motivação
Boa noite amigo.
Bom, é a mesma coisa que dizer que o Direito Administrativo está sujeito aos princípios constitucionais basilares, como acontece com praticamente todas as áreas do Direito Brasileiro.
Sobre a constitucionalização do Direito Administrativo, Rafael Carvalho Rezende Oliveira discorre:
“O Direito Administrativo vem passando por transformações importantes em razão do fenômeno da constitucionalização do Direito.
O reconhecimento da normatividade da Constituição (Die normative Kraft der Verfassung), notadamente após a clássica obra do professor Konrad Hesse, e de sua superioridade hierárquica exige a adequação de todo o ordenamento jurídico ao texto constitucional.
Após a II Guerra Mundial, em virtude da indevida utilização do texto constitucional como instrumento legitimador de práticas autoritárias, o constitucionalismo sofreu modificações importantes e a constituição nos países europeus passou a ter caráter normativo, passível de invocação perante os tribunais. As Constituições europeias do pós-guerra (ex: Itália – 1947; Alemanha – 1949; Portugal – 1976; e Espanha – 1978) consagraram a emergência do denominado “Estado Constitucional”.
O novo constitucionalismo (neoconstitucionalismo; constitucionalismo contemporâneo ou constitucionalismo avançado) é caracterizado pela crescente aproximação entre Direito e a moral, especialmente a partir do reconhecimento da normatividade dos princípios constitucionais e da crescente valorização dos direitos fundamentais.
A constitucionalização do Direito não pressupõe apenas a colocação do texto constitucional no topo da hierarquia do ordenamento jurídico. Trata-se, em verdade, de processo dinâmico-interpretativo de releitura (transformação) do ordenamento jurídico que passa a ser impregnado pelas normas constitucionais.
Em consequência, a aplicação e a interpretação de todo o ordenamento jurídico devem passar necessariamente pelo filtro axiológico da Constituição (‘filtragem constitucional’).
O fenômeno da constitucionalização do ordenamento jurídico abalou alguns dos mais tradicionais dogmas do Direito Administrativo, a saber: a) a redefinição da ideia de supremacia do interesse público sobre o privado e a ascenção do princípio da ponderação de direitos fudamentais; b) a superação da concepção do princípio da legalidade como vinculação positiva do administrador à lei e a consagração da vinculação direta à Constituição; c) a possibilidade de controle judicial da discricionariedade a partir dos princípios constitucionais, deixando-se de lado o paradigma da insindicabilidade do mérito administrativo; d) a releitura da legitimidade democrática da Administração, com a previsão de instrumentos de participação dos cidadãos na tomada de decisões administrativas (consensualidade na Administração).” (Curso de Direito Administrativo. e-book. 6ª ed. pg. 36-40)
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