Mário adquiriu um pequeno sítio em área próxima ao Município de Água Branca do Amapari, onde pretendia realizar cultivo agrícola para o sustento de sua família. Entretanto, após a conclusão do negócio, veio a descobrir que o imóvel se encontra em uma área de reserva permanente, de modo que não poderá utilizar o imóvel da maneira como deseja. Neste caso, existem elementos para afirmar que o negócio pode ser anulado por
Lesão: incorreta. É que a lesão é um defeito do negócio jurídico que ocorre “quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.” (art. 157, do CC). No presente caso, não existia premente necessidade e, ainda que se alegasse a inexperiência da contratante, a questão não trata de qualquer prestação desproporcional ao valor do imóvel adquirido.
Erro acidental: incorreta. O erro acidental não é apto a anular negócio jurídico, sendo aquele que afeta características acessórias ou secundárias do negócio jurídico (art. 142, do CC).
Erro essencial: correta. O erro essencial ou substancial ocorre quando (art.149, do CC): I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. No presente caso, o erro recai sobre motivo único ou principal do negócio jurídico, qual seja: o cultivo agrícola para sustento da família. Assim, pode ser requerida a anulação do negócio jurídico, com efeitos ex tunc, no prazo decadencial de 4 anos, a partir da realização do negócio jurídico e por provocação do interessado.
Estado de perigo: incorreta. O estado de perigo é um defeito do negócio jurídico que exige três requisitos que não se encontram presentes: (i) perigo iminente conhecido pela outra parte; (ii) necessidade de salvar a si, pessoa da família ou terceiros, estes últimos sujeitos à análise do caso concreto pelo juiz; (iii) cobrança de prestação excessivamente onerosa (art. 156, do CC);
Onerosidade excessiva: incorreta. Primeiramente, a onerosidade excessiva requer contratos de execução continuada ou diferida, que não é o presente caso. Em segundo lugar, as obrigações deveriam se tornar excessivamente onerosa para uma das partes e vantajosa para a outra, o que também não ocorreu. Por fim, a onerosidade excessiva leva à resolução contratual e não à anulação do negócio jurídico (art. 478 a 480, do CC).
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