Segundo o Ministro Luís Roberto Barroso, "o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade, no Brasil, tal como desenvolvido por parte da doutrina e, também, pela jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal, é o produto da conjugação de ideias vindas de dois sistemas diversos: (i) da doutrina do devido processo legal substantivo do direito norte-americano, onde a matéria foi primeiramente tratada; e (ii) do princípio da proporcionalidade do direito alemão."
O referido princípio encontra-se implicitamente consagrado na atual Constituição brasileira e costuma ser deduzido do sistema de direitos fundamentais e do Estado Democrático de Direito, bem como da cláusula do devido processo legal substantivo, de acordo com entendimento do STF.
"O princípio da proporcionalidade – que extrai a sua justificação dogmática de diversas cláusulas constitucionais, notadamente aquela que veicula a garantia do substantive due process of law – acha-se vocacionado a inibir e a neutralizar os abusos do poder público no exercício de suas funções, qualificando-se como parâmetro de aferição da própria constitucionalidade material dos atos estatais. A norma estatal, que não veicula qualquer conteúdo de irrazoabilidade, presta obséquio ao postulado da proporcionalidade, ajustando-se à cláusula que consagra, em sua dimensão material, o princípio do substantive due process of law (art. 5º, LIV). Essa cláusula tutelar, ao inibir os efeitos prejudiciais decorrentes do abuso de poder legislativo, enfatiza a noção de que a prerrogativa de legislar outorgada ao Estado constitui atribuição jurídica essencialmente limitada, ainda que o momento de abstrata instauração normativa possa repousar em juízo meramente político ou discricionário do legislador." (Celso de Mello, RE 374.981/RS - Info. nº 381 STF).
O princípio da razoabilidade, nos Estados Unidos, a partir de se incutir no legislador a ideia de harmonia entre meios e fins, acaba tendo a função de controlar a constitucionalidade das leis.
Já a doutrina alemã é mais complexa, e divide o princípio da proporcionalidade em três máximas parciais ou subprincípios: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
A adequação traduz a relação entre meio adotado e o fim pretendido com a adoção da medida. Assim, o meio deve ser apto para o alcance da finalidade pretendida.
Quanto à necessidade, diz-se que a norma de solução apenas será legítima se o conflito for real, não havendo a possibilidade de estabelecer uma forma de convivência simultânea das normas em conflito.
A proporcionalidade no sentido estrito é mais voltada para as decisões judiciais. Também é denominada de ponderação de interesses. Esta máxima parcial preconiza que o juiz, para solucionar o conflito existente entre as normas, deverá verificar qual delas deverá prevalecer no caso concreto.
Empresa de telefonia formula-me consulta a respeito do regime aplicável à autorização para a prestação do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC), especificamente no que concerne ao pagamento de preço público pelo direito de uso de radiofreqüências (PPDUR). A questão jurídica envolvida se refere à exigibilidade ou não do pagamento dos valores pela autorização de uso das freqüências inerente à autorização do serviço detida pela Consulente.
A empresa interessada informa que participou e tornou-se vencedora da licitação pública, destinada à obtenção de “autorização para Exploração do Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao Uso Público em Geral – STFC”. Tal procedimento substituía anterior Instrumento Convocatório, que tinha o mesmo objeto e que não foi levado a termo por não acudirem concorrentes interessados, tendo sido a licitação finalmente declarada deserta. Vencido o certame licitatório, a empresa assinou os Termos de Autorização, que lhe permitiam a exploração do STFC nas modalidades local e longa distância nacional de âmbito intra-regional, e passou a explorar regularmente o serviço. |
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