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direito constitucional I

Considere a seguinte notícia, adaptada do site do Tribunal Superior do Trabalho. Por maioria de votos, a Souza Cruz S.A. obteve, na SBDI-1 do Tribunal Superior do Trabalho, decisão que lhe permite manter trabalhadores no chamado “painel sensorial” de avaliação de cigarros (“provador de cigarros”). A maioria dos Ministros seguiu a divergência aberta pelo Exmo. Ministro Ives Gandra Martins Filho, no sentido de que a atividade, sendo lícita e regulamentada, não poderia ser proibida e reformou condenação que impedia a ré de contratar trabalhadores para esta atividade. Para o Ministério Público do Trabalho, a expressão “painel sensorial” é apenas um “nome fantasia” para o que, na prática, seria “uma brigada de provadores de tabaco”, que provam cigarros da Souza Cruz e dos concorrentes com a finalidade de aprimorar o produto comercialmente. Embora a fabricação e o consumo de cigarros sejam lícitos, trata-se de atividade “sabidamente nociva à espécie humana”. Ao contestar a ação civil pública, a Souza Cruz defendeu que a avaliação de cigarros é essencial para garantir a uniformidade do produto, sendo que a técnica do “painel sensorial” é usada internacionalmente. A proibição, imposta somente a ela e não às empresas concorrentes, afetaria sua posição no mercado. Destacou, além de outros aspectos, que a adesão ao “painel sensorial” é voluntária e restrita aos maiores de idade e fumantes e que a decisão recorrida violou diversos dispositivos e princípios constitucionais, dentre eles o da livre iniciativa, o da separação dos Poderes, o do livre exercício profissional e o do direito ao trabalho. Assim, considere que A Constituição Federal de 1988 não veda o labor em condições de risco à saúde ou à integridade física do empregado, pois garante a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, bem como o pagamento de adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas. Esta afirmativa encontra-se correta ou errada¿ Fundamente. (TRT – 4ª Região – adaptada)

💡 2 Respostas

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Carolina Ferreira

O adicional de insalubridade está previsto no art. 7°, inciso XXIII, Constituição Federal de 1988 e nos art. 189 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho 1988 de 1943. O adicional de insalubridade garantido em nossa Carta Magna é aquele pago quando o trabalhador que exerce seu trabalho em condições insalubres acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, estando o risco da insalubridade “associado a todo e qualquer agente físico, químico ou biológico, que direta ou indiretamente produz danos à saúde do trabalhador de forma acumulativa ou paulatina” (ALMEIDA, 2007, p. 115). É necessária perícia técnica a ser realizada por engenheiro especializado ou médico a fim de que esta apure se o trabalhador faz jus ao respectivo adicional de insalubridade. Todavia, é imperioso ressaltar, que o perito ao elaborar seu laudo está adstrito á existência de previsão nas normas de proteção e segurança do trabalho (NR’s).

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DLRV Advogados

No caso em questão, há evidente conflito entre princípios e interesses tutelados pela Constituição.

Para resolver tais conflitos devemos utilizar o método da ponderação de principios, sendo as circunstâncias do caso concreto essenciais para encontrar a solução mais adequada. 

O MPT requer a proibição da atividade do provador de cigarros da empresa, sob o fundamento de que a atividade é nociva ao ser humano. Por outro lado, a referida proibição violaria a livre iniciativa, o livre exercício profissional e o direito ao trabalho.

O TST,  ao analisar o pedido do MPT, o julgou improcedente, sob o fundamento de que a atividade é lícita, regulamentada pelas leis públicas e respeita as normas internacionais de segurança, proteção e higiene. Para o colegiado, se a adesão do empregado foi voluntária, seguindo sua autonomia da vontade, sendo ele maior de idade e fumante, a proibição da atividade violaria a livre iniciativa, o livre exercício profissional e o direito ao trabalho.

Corrente majoritária da doutrina trabalhista apoia a decisão do TST.

 

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