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o oficial de justiça pode,mediante ordem judicial, ingressar em domicílio no período noturno,sem a autorizaçao do morador,para lavrar auto de penhora?

💡 2 Respostas

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Alexandre Fortes

Segundo o art. 5º, inciso XI, da constituição federal:

 "XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial"   

Basta analisar essa norma para responder à sua questão.

Assim, temos o seguinte:

só se pode entrar durante a noite na casa de alguém, sem o consentimento desse morador, em caso de flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro. Apenas nesses casos.

No caso de uma penhora, e da lavratura do respectivo auto, o oficial de justiça só pode entrar na casa do morador, sem o consentimento dele, durante o dia, e munido do respectivo mandado judicial que lhe dê poderes para efetuar aquela diligência específica.

Durante a noite, não poderá, a não ser que o morador assim consinta, de livre e espontânea vontade.

Eu pessoalmente já vi o caso de um réu que trabalhava o dia todo, e não havia ninguém em casa, e ele só chegava depois das 20 horas; nesse caso, o juiz expediu um mandado dando poderes específicos para o oficial de justiça efetuar a diligência no período noturno, porque o autor (exequente) conseguiu provar que não seria possível a realização da diligência no período diurno; mas foi um caso excepcional. A regra é a que eu enunciei acima: oficial de justiça só entra na casa de uma pessoa, sem o consentimento dela, durante o dia, e por determinação judicial, ou seja, munido do respectivo mandado judicial lhe dando poderes para aquela diligência específica.

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Especialistas PD

Não, o oficial de justiça não pode, sem autorização do morador, ainda que fundamentado em ordem judicial, violar o domicílio no período noturno para cumprir auto de penhora.

Sobre o tema, Daniel Amorim ensina:

“Para os atos praticados fora do juízo não se exige respeito aos limites traçados pelo art. 212, caput, do Novo CPC, ou seja, podem ser praticados antes das 6 horas, depois das 20 horas e em dias considerados como feriados forenses (art. 216, do Novo CPC). O art. 212, §2º, do Novo CPC, que prevê de forma exemplificativa os atos de citação, intimação e penhora, dispensa autorização específica do juízo para que os atos ocorram além dos limites consagrados no caput do art. 212 do Novo CPC, o que deve ser elogiado porque desburocratiza o procedimento.

(...)

Há, entretanto, um obstáculo possível à realização do ato pelo oficial de justiça no período noturno, já que não poderá deixar de observar o disposto no art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal. Sendo a casa considerada pelo texto constitucional asilo inviolável do indivíduo, permitindo a prática de atos somente quando autorizados judicialmente durante o dia, para que o ato seja praticado no período noturno deverá haver consentimento da parte.” (Manual de Direito Processual Civil – volume único. 8ª Ed. pg. 354)

No mesmo sentido, Bernardo Gonçalves Fernandes ensina: “É interessante que a Constituição, mesmo havendo ordem judicial, não permite o ingresso no domicílio no período noturno mas não diz nada sobre a possibilidade da busca domiciliar que foi iniciada de forma adequada (período diurno) se estender para o período noturno.”

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