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Quais são as fases do processo de internalização de tratados?

💡 3 Respostas

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Janaina Martins

1ª Fase:

Negociação

Neste momento, os termos do conteúdo do tratado internacional são discutidos entre os signatários. No Brasil, é função típica do Ministério das Relações Exteriores desenvolver a agenda das relações internacionais brasileiras, compreendida no grande bojo da política externa brasileira. As missões diplomáticas, destinadas à tarefa de preparar o texto do tratado internacional, são compostas de diplomatas de carreira e de especialistas sobre a matéria a ser tratada; também não é rara a presença de políticos nestas missões. Na verdade, podemos dizer que é muito comum missões de caráter multidisciplinar; quer dizer, existem tratados contendo matérias estranhas aos estudos de relações internacionais e direito como, por exemplo, assuntos referentes à energia nuclear, petróleo, agricultura, biogenética, informática e muitos outros cujo domínio só possui o especialista daquela área [6].

É importante ressaltar, ainda, que nesta fase da negociação os tratados internacionais sofrem o primeiro controle prévio de sua constitucionalidade. Na elaboração do texto final, são apreciados os pressupostos de constitucionalidade atinentes à matéria objeto do tratado para que, então, o texto final possa ser assinado. É um tipo de controle prévio saneador, preparatório do instrumento para sua ulterior assinatura.

b) 2ª fase:

Assinatura

Após a redação ser meticulosamente avaliada pela equipe negociadora, o texto final deve ser assinado. Pela leitura do art. 84, VIII da CRFB, compete privativamente ao Presidente da República celebrar todos os tratados, convenções e atos internacionais; neste dispositivo, a CRFB designa quem detém a competência reservada para assinar tratados internacionais em nome da República Federativa do Brasil.

Não custa nada lembrar que o Brasil por ser uma República Federativa com regime presidencialista, o Presidente da República acumula a função de Chefe de Estado e Chefe de Governo. Assim, o Presidente da República, na sua função de Chefe de Estado, como representante do Estado brasileiro nas suas relações exteriores, é quem detém a competência exclusiva de assinar tratados internacionais. Ocorre, no entanto, que nem sempre o Presidente da República pode estar presente no ato formal da assinatura, tampouco estar presente a toda fase de negociação, então, surge a figura do plenipotenciário [7].

Atualmente, segue-se a orientação da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, que já em seu art. 1º define plenos poderes como sendo:

(...) um documento expedido pela autoridade competente de um Estado e pelo qual são designadas uma ou várias pessoas para representar um Estado para a negociação, a adoção ou a autenticação do texto de um tratado, para exprimir o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro ato relativo a um tratado; [8]

Ademais, a Convenção de Viena segue dispondo sobre o plenipotenciário quando trata da Conclusão dos Tratados, afirmando, em seu artigo 6º que "todo Estado tem capacidade para concluir tratados" e segue elencando a possibilidade de outras pessoas, que não o Presidente da República, para concluir com a assinatura os tratados internacionais.

Desta forma, a assinatura, seja ela do Presidente da República ou por seu representante, completa um ciclo, o ciclo da negociação. Importante notar, quanto à eficácia das normas internacionais, que, no direito brasileiro, a assinatura gera apenas responsabilidade com relação aos demais signatários e não obrigação na ordem interna.

c) 3ª Fase:

Referendum

Nesta fase, inicia-se o fenômeno propriamente dito da internalização ou recepção dos tratados internacionais. De acordo com o art. 49, I da CRFB, cabe ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. A deliberação do Parlamento resulta na aprovação do tratado, instrumentalizada no texto de um Decreto de Legislativo. Este Decreto dispensa a sanção ou promulgação por parte do Presidente da República e contém um duplo teor: a aprovação e, simultaneamente, a autorização para o Presidente da República ratificá-lo. Este Decreto é promulgado pelo Presidente do Senado Federal e publicado posteriormente em Diário Oficial [9].

d) 4ª Fase:Ratificação e Promulgação

O Decreto do Legislativo chega ao Presidente da República para a ratificação e promulgação, que ocorrem em um único ato, pela edição do Decreto do Executivo. Após a promulgação e posterior publicação do Decreto do Executivo pelo Presidente da República, este adquire vigência no ordenamento jurídico interno brasileiro com hierarquia de lei federal ordinária [10].

As normas previstas nos tratados internacionais, devidamente aprovadas pelo Poder Legislativo e promulgadas pelo Presidente da República, ingressam no ordenamento jurídico brasileiro como atos normativos infraconstitucionais [11]. De acordo com o texto constitucional, depois que o tratado internacional internaliza-se por meio do Decreto, este alcança o status de lei lato sensu, pois não há disposição que mencione o lugar de sua hierarquia no ordenamento jurídico; ou seja, se estes tratados estariam abaixo das leis ou a elas se sobreporiam em caso de conflito, se as revogariam ou se seriam por elas revogados [12].

Cumpre, desde logo, ressaltar que não existe no ordenamento positivo brasileiro qualquer disposição sobre o lugar que os tratados internacionais ocupariam na hierarquia normativa brasileira, omissão esta que alcança o texto constitucional. Diante da ausência de dispositivos constitucionais, a jurisprudência brasileira orienta-se pela doutrina e pelos acórdãos. Por essa razão, deve-se observar como a jurisprudência brasileira tem se posicionado perante a questão referente ao conflito entre DI e D. interno, envolvendo tratados internacionais e leis internas. Isto posto, vale trazer o posicionamento do STF acerca do sistema de incorporação dos tratados internacionais e o caseescolhido é o posicionamento esposado pelo STF sobre o sistema adotado para internalizar os tratados internacionais oriundos do MERCOSUL.

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Joao Pedro Mello

Negociação, assinatura, aprovação, ratificação, promulgação e publicação. Respectivamente.
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DLRV Advogados

É consenso de que o processo de internalização dos tratados internacionais pode ser dividido em quatro fases distintas:

  • 1ª Fase - Negociação:

Segundo Mariângela Ariosi, "neste momento, os termos do conteúdo do tratado internacional são discutidos entre os signatários. No Brasil, é função típica do Ministério das Relações Exteriores desenvolver a agenda das relações internacionais brasileiras, compreendida no grande bojo da política externa brasileira. As missões diplomáticas, destinadas à tarefa de preparar o texto do tratado internacional, são compostas de diplomatas de carreira e de especialistas sobre a matéria a ser tratada; também não é rara a presença de políticos nestas missões."

  • 2ª Fase - Assinatura:

Ainda segundo a Autora, "após a redação ser meticulosamente avaliada pela equipe negociadora, o texto final deve ser assinado. Pela leitura do art. 84, VIII da CRFB, compete privativamente ao Presidente da República celebrar todos os tratados, convenções e atos internacionais; neste dispositivo, a CRFB designa quem detém a competência reservada para assinar tratados internacionais em nome da República Federativa do Brasil".

"Ocorre, no entanto, que nem sempre o Presidente da República pode estar presente no ato formal da assinatura, tampouco estar presente a toda fase de negociação, então, surge a figura do plenipotenciário. [...] Desta forma, a assinatura, seja ela do Presidente da República ou por seu representante, completa um ciclo, o ciclo da negociação".

  • 3ª Fase - Referendum:

Segundo Ariosi, "nesta fase, inicia-se o fenômeno propriamente dito da internalização ou recepção dos tratados internacionais. De acordo com o art. 49, I da CRFB, cabe ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. A deliberação do Parlamento resulta na aprovação do tratado, instrumentalizada no texto de um Decreto de Legislativo. Este Decreto dispensa a sanção ou promulgação por parte do Presidente da República e contém um duplo teor: a aprovação e, simultaneamente, a autorização para o Presidente da República ratificá-lo. Este Decreto é promulgado pelo Presidente do Senado Federal e publicado posteriormente em Diário Oficial".

  • 4ª Fase - Ratificação e Promulgação:

Segundo Ariosi, "o Decreto do Legislativo chega ao Presidente da República para a ratificação e promulgação, que ocorrem em um único ato, pela edição do Decreto do Executivo. Após a promulgação e posterior publicação do Decreto do Executivo pelo Presidente da República, este adquire vigência no ordenamento jurídico interno".

 

Fonte:

https://jus.com.br/artigos/5943/o-iter-procedimental-da-recepcao-dos-tratados-internacionais-no-ordenamento-juridico-brasileiro

 

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