após cumprir 2/3 da pena, temos direito á progressão do regime prisional? ou só ganhamos livramento condicional

      Para a verificação de qual espécie de benefício será concedida ao sentenciado, deve-se analisar o preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos para cada benefício.

      Para fins de progressão de regime, em regra, conforme estabelecido pelo art. 112 da Lei de Execução Penal, o apenado deve ter cumprido pelo menos 1/6 de sua pena (independentemente de ser primário ou reincidente) e ostentar bom comportamento carcerário (requisito subjetivo). Entretanto, se se tratar de condenado à pratica de crimes hediondos ou equiparados, por expressa previsão do art. 2º, §2º, da Lei 8.072/90, o requisito de ordem objetiva será alterado. Em se tratando de condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado primário, deverá este ter cumprido, no mínimo, 2/5 de sua pena; sendo o condenado reincidente, deverá ter cumprido, no mínimo, 3/5 da pena.

      Vale ressaltar que a reincidência, para fins de agravamento do requisito objetivo, não precisa ser específica (reincidente em crime hediondo ou equiparado). Havendo concurso de crime hediondo e crime comum, gerando reincidência, deverá o sentenciado descontar 3/5 da pena referente ao crime hediondo e 1/6 da pena correspondente ao crime comum.

      Já no caso do livramento condicional, previsto no art. 83 do Código Penal, para ter direito ao benefício, o condenado deve ter amargado pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos e ter cumprido, se primário, mais de 1/3 da pena, e, se reincidente, mais da metade da pena, além do bom comportamento carcerário, em ambos os casos.

      Aos condenados por crimes hediondos ou equiparados só é permitida a concessão do livramento condicional se não forem reincidentes específicos em crimes desta natureza. Então, um indivíduo reincidente na prática de tráfico ilícito de entorpecentes, ainda que cumprido o lapso temporal necessário e ostente bom comportamento, não poderá ser beneficiado com o livramento condicional, por expressa vedação do art. 83, V, do Código Penal.

      Se o condenado já cumpriu os requisitos tanto para a progressão de regime quanto para o livramento condicional, ser-lhe-á concedido o benefício mais favorável. Embora no ordenamento jurídico brasileiro não seja admitida a progressão por salto (progressão do regime fechado diretamente para o aberto), é possível que o condenado em regime fechado seja beneficiado com o livramento condicional, pois não há qualquer vedação legal que a impeça (embora exista divergência na doutrina e na jurisprudência).

      Não obstante o fato do livramento condicional colocar o apenado em liberdade, não se trata de um regime propriamente dito, mas sim de um benefício que segue regras e implicações distintas da progressão de regime.

A progressão de pena é uma coisa e o livramento condicional é outra coisa. Em regra a progressão de pena é de 1/6 da pena, mas nos crimes hediondos a progressão acontece quando o condenado cumpre 2/5 se primário e 3/5 se reincidente. É bom lembrar que o reincidente específico em crime hediondo não tem direito ao livramento condicional, sendo que, terá normalmente o direito à progressão. Diante disso, é possível no caso concreto verificar que alguém possui o direito do livramento condicional e não tem direito à progressão como também o contrário.