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Quanto a negócio jurídico, explique e exemplifique os elementos essenciais, os elementos naturais e os elementos acidentais.

Quanto a negócio jurídico, explique e exemplifique os elementos essenciais, os elementos naturais e os elementos acidentais.

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Marcos Costa

Elementos acidentais do negócio jurídico são cláusulas inseridas num negócio jurídico com o objetivo de modificar uma ou algumas de suas consequências naturais. Nada mais são do que categorias modificadoras dos efeitos normais do negócio jurídico, restringindo-os no tempo ou retardando seu nascimento ou exigibilidade. Esses elementos são o Termo, Condição e Encargo (ou Modo).

Os elementos essenciais constituem requisitos de existência e de validade do negócio jurídico, que são: A manifestação de vontade das partes, objeto e forma. Já os elementos acidentais, são desnecessários à formação do ato, as partes deles se utilizam para modificar a eficácia do ato, adaptando-a a circunstâncias futuras.

Condição segundo o Art. 121 do CC: Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Suas principais características são: Voluntariedade: deve nascer da vontade das partes; Futuridade: é o evento que ainda não aconteceu e nem deixou de acontecer, encontrando-se ainda pendente em expectativa. Se o evento já se verificou, ainda que as partes não saibam da ocorrência, não há que se falar em condição, podendo caracterizar erro ou ignorância; Incerteza: o evento pode ou não se verificar (incerteza real, não somente na mente da pessoa).

Os atos de natureza patrimonial, com algumas exceções, tal como aceitação e renúncia da herança (vide Art. 1808 CC) admitem condições.

Os atos de natureza patrimonial pessoal, isto é, referentes ao patrimônio da pessoa, como os Direitos de Família puros e os Direitos Personalíssimos, não admitem condição. Exemplos: Casamento, reconhecimento de filho, adoção, emancipação, legado, fixação de domicílio. Atos que não aceitam condição, são aqueles que inadmitem certeza, atos jurídicos em sentido estrito e aqueles relacionados a Direito Sucessório e de Família.

Lícitas: São aquelas que não contrariam as leis, a ordem pública e os bons costumes.

Ilícitas: é a condição contrária à lei, à ordem pública e aos bons costumes. Exemplo: a condição de matar alguém (contrária à lei); de instalar casa de prostituição (contrária à lei e aos bons costumes); a proibição de mudar de religião; a condição de não sair do país (viola o direito de ir e vir).

Possíveis: São passíveis de serem cumpridas.

Impossíveis: Não são passíveis de serem cumpridas.

Fisicamente Impossíveis: Humanamente impossíveis. (dar-te-ei R$ 1.000.000,00 se tocares o céu com o dedo)

Juridicamente Impossíveis: Existe proibição expressa no ordenamento jurídico, ou ferem a moral e os bons costumes. (condições ilícitas e imorais)

Fazendo um rápido panorama sobre “condição”, podemos ver que elas se dividem em:

Causais: São aquelas que dependem do fortuito, do acaso, fato alheio à vontade das partes. Exemplo: Dar-te-ei R$ 1.000,00 se chover amanhã.

Potestativas: Decorrem da vontade ou poder de uma das partes.

Puramente Potestativas: São ilícitas, pois dependem exclusivamente do puro arbítrio de uma das partes. Exemplo: O banco cobrar juros ao seu próprio critério, e não por tabela.

Simplesmente Potestativas: Lícitas, pois dependem não só da manifestação de vontade de uma das partes, mas também de algum acontecimento ou circunstância exterior que escapa ao seu controle. Exemplo: dar-te-ei este bem se fores a Paris.

Mistas: Dependem simultaneamente da vontade das partes e de um terceiro. Exemplo: dar-te-ei tal bem se casares com fulano.

Suspensiva: É aquela que impede que o ato produza efeitos até a realização do evento futuro e incerto. Exemplo: dar-te-ei tal bem SE obter a nota 10. (125/126 do CC)

Resolutiva: É aquela que extingue, resolve o direito, ocorrido o evento futuro e incerto. Exemplo: dar-te-ei R$ 1.000,00, ENQUANTO estudares o curso de graduação em Direito.

Quando falamos de “Termo”, trata-se de uma determinação acessória que se refere a um acontecimento futuro e certo, que subordina o início ou o fim da eficácia jurídica do negócio (Art. 131CC).

  • Termo Convencional: É a cláusula contratual que subordina a eficácia do negócio a evento futuro e certo.
  • Termo de Direito: É o que decorre da Lei (prazo de prescrição ou de decadência).
  • Termo de Graça: É a dilação de prazo concedida ao devedor.
  • Termo Incerto: É o termo certo e inevitável, porém incerto quanto à data de sua realização (morte).
  • Termo Certo: Quando se reporta a determinada data do calendário ou a determinado lapso.
  • Termo Inicial e Final: dies a quo ad quem.

O prazo é o intervalo entre o termo a quo e o termo ad quem, ou entre a manifestação de vontade e o advento do termo. (132 a 134 do CC). Os dias contam-se por inteiro, exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento.

Encargo ou Modo, consiste em um ônus oriundo de um negócio jurídico gratuito, ou seja, uma determinação que, imposta pelo autor de uma liberdade, a este adere, restrigindo-a. Exemplo: Doações feitas ao município, em geral com a obrigação de construir um hospital, escola, creche ou algum outro melhoramento público; Testamentos, em que se deixa a herança a alguém, com a obrigação de cuidar de determinada pessoa ou de animais de estimação.

Diante do exposto acima, podemos chegar a conclusão que:

Condição: Negócio dependente de evento futuro e incerto; Identificada pelas conjunções “se” ou “enquanto”; A condição suspensiva suspende os efeitos do negócio jurídico; A condição resolutiva põe fim aos efeito do negócio jurídico.

Termo: Negócio jurídico depende de evento futuro e certo; Identificado pela conjunção “quando”; O termo inicial suspende os efeitos do negócio jurídico e termo final põe fim a eles.

Encargo: É uma cláusula acessória de liberalidade impondo uma obrigação; Identificado pelas conjunções “para fim de” ou “ com fim de”; O encargo não suspende e nem resolve a eficácia do negócio jurídico; Não cumprido o encargo, cabe revogação da liberalidade.

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