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O que é taxonomia viral ?

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Samara Zappala

Um sistema coerente e viável de classificação, uma taxonomia, é um componente crítico da disciplina de virologia. Porém, a natureza única do vírus tem desafiado a estrita aplicação de muitos dos instrumentos tradicionais de taxonomia utilizados em outras disciplinas da biologia. Os próprios cientistas que organizam a taxonomia mundial têm tradicionalmente deixado os vírus dispersos pelos grandes reinos, devido aos vírus possuírem mais características em comum com seu hospedeiro do que entre eles próprios. Em contraste a isso, por razões práticas, pelo menos, alguns virologistas concordam que os vírus devem ser considerados como um grupo separado de organismos, independentemente do hospedeiro, seja ele vegetal, animal, fungo, protista ou bactéria. 

Esta é uma filosofia corroborada pela observação de que em vários casos os vírus agora classificados na mesma família, como por exemplo, família Rhabdoviridae, infectam hospedeiros de diferentes reinos. No início, os experimentos envolvendo vírus visavam a sua separação dos micróbios que poderiam ser visualizados no microscópio óptico comum e que poderiam ser cultivados em meios de cultura. Por causa disso, os experimentos iniciais que envolveram a descoberta do vírus do mosaico do tabaco, o vírus da febre aftosa e o vírus da febre amarela tinham uma única característica em comum: a habilidade de passar por filtros que retinham bactérias.

A classificação inicial dos vírus foi feita por meio dos estudos que visavam a propriedade dos vírus de causar doenças e infecções. Logo, as primeiras classificações eram baseadas nas propriedades patogênicas comuns, tropismo celular do vírus, características ecológicas e de transmissão. Os vírus eram então classificados como dermotrópicos (causavam doenças de pele), respiratórios, entéricos (quando causavam diarreia), etc. Hoje, a execução da taxonomia é supervisionada pelo International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV) com regras e ferramentas exclusivas para a disciplina de virologia. O processo de taxonomia viral evoluiu, utilizando alguns dados de nomenclatura hierárquica da taxonomia tradicional, a identificação do vírus em espécies e reunindo-os em gêneros, gêneros dentro de famílias, e as famílias em ordens.

O Comitê Internacional de Nomenclatura dos Vírus (ICNV) foi criado em 1966, no Congresso Internacional de Microbiologia, que posteriormente em 1973 tornou-se o International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV), nome que continua até os dias de hoje. O ICTV produz relatórios periodicamente contendo a classificação dos vírus. O último relatório foi publicado em 2006 [Figura 11]. Atualmente, os critérios mais importantes para a classificação dos vírus são: hospedeiro, morfologia da partícula viral e tipo de ácido nucleico. Existem outros também como o tamanho, as características físico-quimicas, as proteínas virais, os sintomas da doença, a antigenicidade, etc. As características virais são consideradas para classificar os vírus em ordens, famílias e, em alguns casos, em subfamílias e gêneros.

Os vírus são normalmente agrupados em ordens, cuja nomenclatura tem a terminação – virales; famílias com terminação – viridae; subfamílias com a terminação – virinae; gênero, terminado em – vírus e espécies, cuja nomenclatura é o nome do vírus em inglês. Nomenclatura de vírus e agentes subvirais é exceção no Código Internacional de Bionomenclatura (BIOCODE), não acompanhando as outras nomenclaturas biológicas. Desta maneira, a nomenclatura dos vírus não acompanha os termos binomiais em latim empregados para outros organismos. Os nomes de ordens, famílias, subfamílias, gêneros e espécies são escritos em itálico com a primeira letra maiúscula. Os nomes ainda não aprovados são apresentados entre aspas, em tipo comum. A classificação atual contém 3 ordens, 56 famílias, 9 subfamílias, 233 gêneros e 1.550 espécies.

A taxonomia viral tem uma importante finalidade prática, uma vez que a identificação de um número limitado de características biológicas, tais como a morfologia do vírion, a estrutura do genoma ou as propriedades antigênicas, fornece um foco para a rápida identificação de um agente desconhecido para o clínico ou para o epidemiologista e pode ter um impacto significativo sobre a investigação suplementar de um tratamento ou prevenção das doenças virais.

Princípios da Virologia

Os vírus são únicos na natureza. São os menores organismos de todos os outros auto replicantes existentes, conhecidos historicamente pela habilidade de passar por filtros que retém até mesmo as menores bactérias. São conhecidos como agentes infecciosos causadores de doenças em humanos, animais e plantas. Consistem de um ácido nucleico (seja DNA ou RNA) associado a proteínas codificadas através dos ácidos nucleicos. Eles não têm metabolismo próprio, com isso são obrigados a invadir as células e se utilizar da maquinaria celular do hospedeiro, empregando-a para seu próprio fim. Alguns virologistas acreditam que os vírus não são formas de vida, enquanto outros dizem que eles exibem uma forma de vida tão vigorosa quanto qualquer outra criatura viva.

Os vírus também podem ter uma bicamada lipídica (ou envelope), porém esta é adquirida a partir de células do hospedeiro, normalmente por uma brotação através da membrana das células infectadas. Se uma membrana está presente, ela deve conter uma ou mais proteínas virais para atuar como ligantes para receptores sobre a célula hospedeira. A aparente simplicidade dos vírus é enganosa. Praticamente todos infectam um organismo na natureza, exibindo uma vertiginosa diversidade de estruturas e de estilos de vida, representando uma profunda complexidade de funções. O estudo dos vírus, virologia, deve acomodar tanto a singularidade quanto a complexidade destes organismos. A complexidade dos vírus está constantemente desafiando os cientistas a ajustar suas ideias e os seus métodos de investigação para descrever e compreender estes organismos.
 

 

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RD Resoluções

Taxonomia é a tentativa de trazer alguma aparência de ordem à impressionante diversidade da vida. Como um esforço humano, tentativas de criar uma classificação lógica e completa de tudo o que vive sob o sol nem sempre são perfeitas e geraram muita controvérsia sobre onde e como colocar espécies individuais ou mesmo ramos inteiros da árvore da vida em um esquema maior. . Isso é particularmente difícil quando se trata de vírus, que são ainda mais difíceis de classificar e ordenar de acordo com um esquema lógico.

Não só os vírus não são tecnicamente células, faltando todo o maquinário da proteína, mas eles também não podem ser categorizados como espécies com base no isolamento reprodutivo, já que eles dependem do hospedeiro para replicação. Além disso, os vírus constantemente trocam material genético tanto com seus hospedeiros quanto entre si, o que torna ainda mais desafiador estabelecer relações evolutivas através de árvores filogenéticas, como para procariontes.

Entretanto, a taxonomia viral não é apenas uma tarefa particularmente desafiadora, mas também recompensadora e valiosa, porque pode contribuir para entender como as primeiras células primitivas evoluíram, como os eucariotos emergiram e o papel geral dos vírus na evolução, que têm transportado material genético entre eles. anfitriões. A taxonomia viral tornou-se assim uma importante fonte de percepção da co-evolução viral / hospedeira e até mesmo da origem da própria vida.

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