Mévio ingressa em juízo com ação de indenização em face de uma em presa de telefonia celular alegando que seu nome foi incluído no serviço de proteção ao crédito sem que a empresa tenha observado o dever de notificá-lo previamente. O autor alega que essa atitude é uma prática reiterada das empresas de telefonia e anexa à sua petição inicial acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos. Requer o julgamento de procedência da ação com base no artigo 330 do CPC. Você, como juiz, proferiria sentença de procedência do pedido? Fundamente
O art. 330 do CPC se refere ao indeferimento da petição inicial na ocorrência das hipóteses previstas nos incisos, que se configuram quando a petição inicial:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 .
Em qualquer hipótese, deve ser a parte autora intimada para, sendo possível, apresentar a correção do vício, em virtude dos princípios do contraditório, da ampla defesa, da vedação do efeito surpresa, da cooperação e da primazia da resolução do mérito.
Analisando o caso concreto, a questão parece nos induzir a pensar numa hipótese de procedência liminar do pedido, o que não é previsto pelo CPC/2015.
O que existe é a IMprocedência liminar do pedido, quando presentes as hipóteses do art. 332, do CPC:
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
Assim, se fosse o caso, poderia o magistrado julgar o pedido liminarmente improcedente com base em acórdão proferido pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos.
É que, neste caso, o réu não estaria integrado à lide (o que ocorre por meio de citação), mas a decisão lhe seria favorável, dispensando o contraditório e a ampla defesa.
O que parece adequado, desde que preenchidos os requisitos, é falar das tutelas provisórias, previstas nos arts. 294 a 311, do CPC, que podem ser revistas a qualquer tempo.
Adaptando ao caso concreto em análise, seria a hipótese do art. 311, II, do CPC, desde que fosse possível a comprovação por meio de documentos:
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
[...]
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
Mas estamos tratando de estratégia processual.
Analisando a questão, não entenderia pela procedência de pedidos ou concessão de qualquer tutela provisória sem a garantia do contraditório e da ampla defesa.
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