Entre as tarefas rotineiras do Fundo Monetário Internacional (FMI) está a de transmitir aos países-membros uma avaliação sobre o estado da economia - e ao dar sua opinião sobre o Brasil, quarta-feira, o Fundo mesclou elogios com críticas à condução econômica. Diante da gravidade dos riscos globais, o FMI alerta o País sobre as fragilidades em matéria de preços, déficits e ritmo de atividade. Até o fim de 2010, o país, mesmo com todas as suas deficiências, tirou proveito do maior ciclo de crescimento global em três décadas. Mas recentemente entrou em uma recessão que pode durar anos para que a economia brasileira revelasse a sua face real. Sem transformações estruturais de longo prazo, agarrada ao imediatismo, mantém o pé na mediocridade que a condena a crescer aquém do seu potencial e de suas necessidades. O resultado desse quadro desolador se reflete nas estimativas do mercado e do próprio governo, que insiste no discurso de que o país já recuperou as forças e está pronto para avançar entre 4% e 5% ao ano. Diante do que se vê na indústria e no varejo, e mesmo no setor agrícola, se o Produto Interno Bruto (PIB) crescer entre 2% e 2,5% neste ano, a presidente Dilma Rousseff terá que se dar por satisfeita. Apesar de sua fama de boa gestora, não conseguiu tirar do papel as reformas que atacariam os velhos entraves ao desenvolvimento sustentado. Limitações na infraestrutura de transportes, pesados custos de produção e enorme burocracia para os negócios vão produzir o segundo PIB raquítico de sua administração. Pior: mesmo com toda a pressão do setor privado por ações concretas pró-crescimento, é possível que os próximos dois anos consolidem o chamado “voo de galinha”.
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