Primeiro observam-se os seguintes dados:
CAIO 12/06/1937 – pena 2 anos e 4 meses - 63 anos na data do fato.
TÍCIO 14/08/1931 - pena 3 anos e 6 meses – 69 anos na data do fato.
MÉVIO 23/04/1944 - pena 2 anos e 4 meses – 56 anos na data do fato.
NERO 19/10/1947 – pena 2 anos e 4 meses -52 anos na data do fato.
César pena - 1 ano de 2 meses
Fato ocorreu no dia 23/08/2000
Recebimento da denúncia 06/08/2002
Sentença 10/08/2006
Dica: quando uma questão de penal traz datas de nascimento, recebimento da denúncia ou publicação de sentença condenatória normalmente a questão trata de prescrição.
Primeiro deve ser observado as penas em abstrato para os crimes de concussão, quadrilha ou bando (hoje associação criminosa) e o crime de corrupção passiva.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Associação Criminosa
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Verificando as penas máximas em abstrato (8 anos, 12 anos e 3 anos) os crimes em questão prescrevem respectivamente em 12 anos, 16 anos e 8 anos conforme o artigo 109 do Código Penal.
Então em tese, nenhum crime prescreveu pela prescrição em abstrato.
Agora deve ser observada a prescrição em concreto de acordo com a pena fixada para cada criminoso e também de acordo com sua idade, pois aqueles que possuem mais de 70 na data da sentença têm o direito de ser contada pela metade o prazo prescricional.
Também deve ser observada a súmula 497 do Supremo Tribunal Federal que dispõe: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
Vamos observar se houve prescrição em cada uma das penas.
Caio recebeu a pena de 2 anos e 4 meses pelo crime mais grave (concussão) no dia 10/08/2006. O recebimento da denúncia foi no dia 06/08/2002. Retirando o acréscimo da continuação a pena para fins de prescrição é 2 anos. Pena de 2 anos prescreve em 4 desse modo o crime está prescrito, pois entre a data da sentença e o recebimento da denúncia passou lapso temporal maior do que quatro anos.
Tício recebeu a pena de 3 anos e 6 meses pelo crime mais grave (concussão) no dia 10/08/2006. O recebimento da denúncia foi no dia 06/08/2002. Retirando o acréscimo da continuação a pena para fins de prescrição é 3 anos. Como Tício tinha mais de 70 anos na data da sentença o prazo prescricional e diminuído pela metade (também deveria ter sido conhecida uma circunstância atenuante conforme o artigo 65, I do Código Penal). Uma pena de 3 anos prescreve em 8, mas em virtude desse benefício ela prescreve em 4 anos desse modo o crime está prescrito, pois entre a data da sentença e o recebimento da denúncia passou lapso temporal maior do que quatro anos.
Mévio recebeu a pena de 2 anos e 4 meses pelo crime mais grave (concussão) no dia 10/08/2006. O recebimento da denúncia foi no dia 06/08/2002. Retirando o acréscimo da continuação a pena para fins de prescrição é 2 anos. Pena de 2 anos prescreve em 4 desse modo o crime está prescrito, pois entre a data da sentença e o recebimento da denúncia passou lapso temporal maior do que quatro anos.
Nero recebeu a pena de 2 anos e 4 meses pelo crime mais grave (concussão) no dia 10/08/2006. O recebimento da denúncia foi no dia 06/08/2002. Retirando o acréscimo da continuação a pena para fins de prescrição é 2 anos. Pena de 2 anos prescreve em 4 desse modo o crime está prescrito, pois entre a data da sentença e o recebimento da denúncia passou lapso temporal maior do que quatro anos.
Cesar recebeu a pena de 1 anos e 2 meses pelo crime mais grave (corrupção ativa) no dia 10/08/2006. O recebimento da denúncia foi no dia 06/08/2002. Retirando o acréscimo da continuação a pena para fins de prescrição é 1 ano (corrupção ativa tinha a pena de 1 ano antes da modificação da lei 10.763 de 2003). Pena de 1 ano prescrevia em 2 (antes da modificação da 12.234 de 2001) desse modo, o crime está prescrito, pois entre a data da sentença e o recebimento da denúncia passou lapso temporal maior do que quatro anos.
Sendo assim, deve ser requerida a extinção da punibilidade dos agentes pela prescrição conforme explicação supra.
Dispositivos importantes do Código Penal:
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Redução dos prazos de prescrição
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
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