Com base na doutrina de Pedro Lenza, quais são os tipos de sentenças interpretativas constitucionais.

As sentenças interpretativas podem ser de rechaço ou de aceitação. Ambas dizem respeito à criação judicial do direito em que o órgão guardião da Constituição utiliza mecanismos de interpretação para salvaguardar a certeza e a segurança jurídica. Assim, na sentença interpretativa de rechaço a Corte Constitucional, diante de diversas interpretações possíveis, adota aquela em conformidade com o texto constitucional repudiando qualquer outra que seja contrária. Por sua vez, nas sentenças interpretativas de aceitação a Corte repudia interpretações adotadas por instâncias ordinárias especificando como determinada norma deve ser interpretada à luz da Constituição. Importante ressaltar que, em ambos os casos, relevante parte da doutrina entende que a utilização desses mecanismos de interpretação deveria ser repudiada, uma vez que o Poder Judiciário, a pretexto de otimizar a aplicação da Constituição acaba por agir como autêntico legislador criando normas gerais e vinculantes. 

Segundo Pedro Lenza, existem dois tipos de decisões interpretativas em sentido estrito:

• Sentença interpretativa de rechaço
• Sentença interpretativa de aceitação

“3.7.1.1. Sentença interpretativa de rechaço

Diante de duas possíveis interpretações que determinado ato normativo possa ter, por meio das sentenças interpretativas de rechaço, a Corte Constitucional adota aquela que se conforma à Constituição, repudiando qualquer outra que contrarie o texto constitucional.

Assim, o enunciado "permanece válido, mas só poderá ser interpretado de maneira conforme à Constituição, o que significa dizer que, implicitamente, e sob pena de vir a considerá-la nula, a Corte proíbe que se dê ao citado dispositivo interpretação contrária à Constituição".

3.7.1.2. Sentença interpretativa de aceitação

Por sua vez, nas sentenças interpretativas de aceitação, a Corte Constitucional anula decisão tomada pela magistratura comum (instâncias ordinárias), que adotou interpretações ofensivas à Constituição.

Não se "... anula o dispositivo mal interpretado, mas apenas uma das suas interpretações, dizendo que esse preceito é inconstitucional se interpretado de modo contrário à Constituição ou na parte em que expressa uma norma inconstitucional. Também nesse caso, prossegue Guastini, o preceito questionado continua válido, mas a norma extraída da sua interpretação inconstitucional é anulada em caráter definitivo e com eficácia erga omnes".” (Direito Constitucional Esquematizado. 21ª ed. pgs. 150 e 168-169)