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QUAIS OS PRINCIPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA?

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Lirian Duarte Nakamichi

De início temos os "princípios" denominados explícitos, ou seja, os elencados no caput do artigo 37 da Constituição Federal, quais sejam, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Legalidade:  é um dos mais importantes princípios, posto que sua origem se confunde com o nascimento dos chamados Estados Democráticos de Direito, tais Estados fundam-se na ordem legalmente estabelecida, daí a o mandamento de que a Administração Pública deve fazer o que a lei determina, diferentemente dos cidadãos(administrados) que podem fazer tudo o que a lei não proíbe. A lei oferece a Administração Pública uma linha a ser obedecida e estritamente seguida, assim o administrador público não pode se esquivar da lei, assim todas as atividades tem sua eficácia condicionada ao estabelecido no direito. 
Impessoalidade: observa-se que este princípio, com a ressalva que o mesmo possui dois aspectos, um quanto a própria Administração Pública e outro em relação aos administrados. Desta forma, no que tange a primeira ressalva todos os atos praticados pela Administração tem seu nome ligado a mesma, ou seja é vedada ligação do nome do administrador que praticou este ou aquele ato ao mérito do mesmo, visto que o mérito é do órgão e não do funcionário público, vedada fica a promoção pessoal do agente público, portanto. Na segunda ressalva entramos do campo da chamada isonomia formal, visto que a Administração não pode privilegiar e/ou prejudicar os administrados uns em face dos outros, assim deve pautar seu atos em função do interesse público, nunca em função de interesses privados ou de terceiros. 
Moralidade: a atuação da Administração Pública deve ter por escopo os padrões éticos, a probidade, a lealdade, a boa-fé, honestidade, etc. Observamos que tal posicionamento deve ser efetivado entre Administração e administrados, ou seja o aspecto externo do princípio em análise e entre Administração e agentes públicos, aspecto interno de observância da moralidade administrativa. Assim o que vale não é a noção de moral para o senso comum diferenciando bem e mal, justo e injusto, etc. A noção aqui é maior e deve ser entendida como o trato da coisa pública em busca do melhor interesse coletivo.
Publicidade:  neste princípio observa-se que os atos da Administração Pública, via de regra, devem ser todos publicados, para que a população deles tomem conhecimento, assim devem ser amplamente divulgados, salvo quanto as hipóteses de legais em que o sigilo de alguns atos faz-se necessário. A partir da publicação os atos tornam-se de conhecimento de todos e passam a produzir efeitos jurídicos que deles se espera, tal publicidade vigora tanto em relação aos atos como em relação a ciência por parte dos cidadãos da conduta dos agentes administrativos, garantindo que o povo fiscalize a Administração dando eficácia aos preceitos da democracia participativa. Estas publicações ocorrem no órgão oficial, notadamente o Diário Oficial, sem prejuízo da divulgação via televisão, rádio, internet, dentre outros. Temos assim quatro funções da publicidade dos atos, dar ciência aos administrados, fazer com que os atos gerem efeitos jurídicos externos, controle(fiscalização) da Administração pelos administrados e contagem de prazo de determinados atos.
Eficiência: este princípio anteriormente estava implícito no artigo 74 da Constituição, contudo foi introduzido no caput, do artigo 37 através da emenda constitucional número 19 /1998. Aqui resguarda-se a busca pelo chamado bom e barato, assim como a presteza na atuação e gerenciamento por parte da Administração.  Este princípio é extremamente contemporâneo, posto que o administrado deve ter suas demandas atendidas com presteza e o serviço público tem de ser prestado  com atendimento qualitativo e satisfatório. 

Sobre os princípios implícitos,  estão disciplinados no artigo 2ª da lei dos Processos Administrativos Federais, que dispõe: “ A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.” 
Finalidade: o princípio da finalidade é corolário simples de que a Administração deve sempre buscar alcançar o fim público colimado pela lei.
Motivação: a Administração deverá sempre fundamentar a motivação dos seus atos, entendendo motivação como a fundamentação fática e jurídica. Tanto para os atos vinculados, quanto para os discricionários, onde vige o binômio da oportunidade e conveniência do administrador, que após escolher um dos caminhos apontados pela lei torna o ato daquele momento em diante vinculado. 
Razoabilidade e Proporcionalidade: a administração deve pautar-se sob o que é razoável, ou seja agindo da melhor forma possível para atingir o fim público pretendido, sendo uma forma de limitar a discricionariedade administrativa. Grande parte da doutrina explica que a razoabilidade em consonância com a proporcionalidade seriam a adequação dos meio e fim de determinado ato, devendo ato ser racionalizado buscando a medida mais compatível com a finalidade pública a ser perquirida.
Ampla defesa e Contraditório: é a proteção constitucionalmente consagrada no artigo 5º, LV, da Constituição Federal “ aos litigantes em processo judicial ou administrativo será assegurado o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Assim nas situações de litigio administrativo aos litigantes será dado todos os meios e recursos de defesa, tanto pessoal quanto técnico (através defensor) bem como o direito ao contraditório que garante as partes a possibilidade do exercício do direito de resistir a uma dada pretensão.
Segurança jurídica:  entende-se como princípio da não retroatividade, ou seja, dado assunto de Direito Administrativo cujo entendimento passe a ser divergente do atual, não volta no tempo para anular os atos já praticados sob o crivo da antiga lei. Isto ocorre em todos os ramos do direito, visto que entendimento diverso causaria insegurança jurídica, rompendo com os vínculos e preceitos da boa-fé, assim é possível a mutabilidade das leis, sem que tal mudança venha a afetar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada, bem como o direito adquirido.
Interesse Público: mais conhecido como princípio da supremacia do interesse público, como o próprio nome nos fala o interesse público vigora sob o privado. A administração não pode renunciar a este direito, até porque tal direito pertence ao Estado, fato é que tal princípio se consubstancia na chamada isonomia material tratando os desiguais na medida de sua desigualdade, assim os administrados estão em situação jurídica inferior a da Administração pública.

Importante destacar que exitem, ainda, princípios implícitos não compreendidos no texto do artigo 2º, da lei 9784/99, como o da continuidade, presunção de legitimidade ou veracidade, hierarquia, autotutela, controle jurisdicional, dentre outros, conforme a maior parte da doutrina adota no cotidiano acadêmico de direito.

Fontes Consultadas:
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2001.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2004.




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DLRV Advogados

Existem diversos princípios os quais a administração pública deve observar. Alguns deles estão previstos expressamente no ordenamento, como aqueles previstos no artigo 37 da Constituição. Outros são frutos de construções doutrinárias e jurisprudenciais.

Abaixo, demonstramos os princípios mais relevantes do Direito Administrativo>

  • Princípio da Legalidade: diz respeito à obediência à lei. Tal princípio determina que, em qualquer atividade, a Administração Pública está estritamente vinculada à lei. 
  • Princípio da Impessoalidade: os atos dos agentes públicos devem obrigatoriamente ter como finalidade o interesse público, e não próprio ou de um conjunto pequeno de pessoas amigas. Ou seja, deve ser impessoal.
  • Princípio da Moralidade: deve o administrador, além de seguir o que a lei determina, pautar sua conduta na moral comum, fazendo o que for melhor e mais útil ao interesse público. 
  • Princípio da Publicidade: diz respeito à obrigação de dar publicidade, levar ao conhecimento de todos os seus atos, contratos ou instrumentos jurídicos como um todo. 
  • Princípio da Eficiência: os agentes públicos devem agir com rapidez, perfeição e rendimento. 
  • Princípio da Supremacia do Interesse Público: se sobrepõe o interesse da coletividade sobre o interesse do particular, o que não significa que os direitos deste não serão respeitados.
  • Princípio da Presunção de Legitimidade ou Veracidade: como a Administração Pública deve obediência ao princípio da legalidade, presume-se que todos seus atos estejam de acordo com a lei. Essa presunção admite prova em contrário, a ser produzida por quem alega (é Juris Tantum). 
  • Princípio da Continuidade: o Estado deve prestar serviço públicos para atender às necessidades da coletividade. Essa prestação não pode parar, pois a necessodade de se atender as demandas do povo são contínuas.
  • Princípio da Hierarquia: órgãos da Administração Pública devem ser estruturados de forma tal que haja uma relação de coordenação e subordinação entre eles, cada um titular de atribuições definidas na lei.
  • Princípio da Autotutela: a administração pública deve cuidar dos atos por ela própria produzidos. É o poder-dever de rever seus atos. Como deve obediência ao princípio da legalidade sempre que um ato ilegal for identificado, deve ser anulado pela própria Administração. Cabe também a revogação daqueles atos que não sejam mais convenientes ou oportunos seguindo critérios de mérito. 
  • Princípio da Razoabilidade/Proporcionalidade: se a lei dá duas ou mais opções válidas ao administrador, deve este tomar a melhor decisão. Se este toma alguma decisão destituída de razoabilidade ou coerência, será ilegítima, ainda que dentro da lei.
  • Princípio da Motivação: cada decisão tomada pela Administração Pública deve estar fundamentada pelas razões de fato e direito que levaram a ela.
  • Princípio da Igualdade: perante a Administrativo Pública todos devem receber o mesmo tratamento impessoal, igualitário, isonômico.
  • Princípio da Segurança Jurídica: busca evitar as constantes mudanças de interpretações da lei feitas pela Administração, bem como evitar que sejam invalidados seus atos, sem causa justificativa, causando prejuízos a terceiros de boa-fé.
  • Princípio do Devido Processo Legal: todo processo, inclusive o administrativo, deve obediência ao devido processo legal (“due process of law”), de onde provém também os princípios contraditório e da ampla defesa.
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