A relativização da coisa julgada inconstitucional pode gerar ação anulatória?

A coisa julgada é muito importante para a atividade do Judiciário e tem alicerce constitucional. Ele garante a imutabilidade dos julgados. Com isso, transmite confiança ao jurisdicionado. Dentro do prazo legal, existe a possibilidade de se mudar a sentença através de recurso. Destaque-se que não pode haver indefinidas alterações. Há o momento em que a sentença torna-se definitiva.

Sim. A coisa julgada é aquela decisão judicial que não admite mais recursos de qualquer espécie.

Entretanto, pode a sentença ter julgado determinado caso concreto em dissonância com os ditames constitucionais, seja no plano formal ou material da CRFB/88, o que origina a coisa julgada inconstitucional.

Ora, reconhecer imutabilidade de uma sentença que feriu a Constituição e, portanto, nunca foi válida para o ordenamento jurídico pátrio seria um absurdo jurídico, pois se trata de ato processual nulo, razão pela qual o STJ tem reconhecido a possibilidade de alteração da coisa julgada inconstitucional por meio de ação rescisória, mas também por ação anulatória dirigida a este fim.:

"Citação. Ausência ou nulidade. Sentença proferida e transitada em
julgado. Revisão pelo Juiz em petição da empresa ré. Precedentes da
Corte.
1. Já decidiu esta Terceira Turma que a "falta de citação compromete
a a sentença, que por isso não transita em julgado, devendo o vício
ser atacado por ação ordinária" (REsp n° 113.091/MG, Relator o
Ministro Ari Pargendler, DJ de 22/5/2000; REsp n° 331.850/RS, da
minha relatoria, DJ de 6/5/02; no mesmo sentido: REsp n° 7.556/RO,
Relator o Ministro Eduardo Ribeiro, DJ de 2/9/91; AgRgREsp n°
599.505/MG, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 29/11/04).
2. Recurso especial não conhecido."

(STJ - 1ª Turma - REsp 649618 / SP, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO. DJe 19/03/2007)