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Importancia da resolução positiva e a negativa de Erik Erikson

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Tainara Sthefani

O conceito de desenvolvimento psicossocial

 

Valorizando a interacção entre o indivíduo e o meio sociocultural ao longo de todo o ciclo vital, Erikson entende que o desenvolvimento socioafectivo abrange oito estádios ou idades. Erikson

Construiu a sua teoria a partir de algumas ideias básicas de Freud, tais como a importância da infância no desenvolvimento pessoal, a existência de 3 estruturas psíquicas fundamentais (Ego, Id e Superego) e de impulsos e motivações inconscientes. Sustentou que a tarefa fundamental da existência é a construção da identidade pessoal. Segundo Erikson a identidade pode ser concebida como a imagem mental relativamente estável da relação entre o eu e o mundo social nos vários contextos e momentos do processo de socialização. Ao contrário de Freud, a formação da identidade pessoal é um processo que percorrendo diversos estádios, dura toda a vida. Cada estádio reconfigura e reelabora o estádio anterior a partir do qual emerge. Cada estádio distingue-se por uma tarefa específica que o indivíduo deve cumprir de modo a transitar para o estádio seguinte. Para Erikson essas tarefas têm o nome de crises porque são fontes de conflito interior. A identidade pessoal de cada pessoa forma-se de acordo com a maneira como resolve essas crises. Erikson acreditava que cada crise é estimulante, dá ao indivíduo uma sucessão de potencialidades, novas formas de experienciar e de interagir com o mundo. A personalidade modifica-se e altera-se em virtude do contacto com um conjunto cada vez mais amplo de agentes sociais. A crise que pode ser relativamente longa, designa mais a crucial importância do que está em jogo do que uma pressão temporal, uma urgência. Cada crise é uma luta entre alcançar uma qualidade psicológica ou falhar esse objectivo, ou seja, cada conflito confronta duas possibilidades como pares de qualidades psicológicas. Um dos pares é adaptativo e o outro designa um certo grau de desadaptação. A superação bem sucedida do grande desafio que cada estádio coloca não significa que não tenhamos de voltar a enfrentá-lo, sinal de que nunca é absolutamente resolvido. A nossa odisseia ao longo da vida significa enfrentar novos desafios, e em certa medida revisitar antigos conflitos.

 

Os estádios do desenvolvimento psicossocial.

 

Relativamente ao desenvolvimento, Erikson propõe um conjunto de estádios cuja singularidade se deve ao conflito neles vivido. O conflito consiste numa polaridade emocional que tem uma vertente positiva e uma vertente negativa. Um desenvolvimento equilibrado e bem sucedido depende da resolução conveniente do conflito próprio de cada estádio, de modo a que a vertente positiva predomine. Resolver positivamente cada crise é decisivo para a constituição de uma personalidade bem adaptada capaz de enfrentar equilibradamente os desafios e problemas em que a existência é fértil. Erikson dividiu o desnvolvimento em oito estádios psicossociais a que chamou “idades da vida”.

 

 

 

 

1ª Idade – Confiança versus Desconfiança (do nascimento aos 18 meses)

 

Neste primeiro estádio, o recém-nascido depende totalmente dos outros para satisfazer as suas necessidades. Se receber amor daqueles que constituem o meio envolvente imediato (pais, irmãos) e as suas actividades de descoberta forem encorajadas e estimuladas de modo equilibrado, o bebé desenvolverá confiança não só nos outros como em si mesmo. Se receber pouco amor e atenção aprenderá a não ter confiança nem em si nem nos outros. Para Erikson, a interacção do bebé com a mãe é decisiva na forma como se resolve o conflito ou a tensão entre confiança e desconfiança. O desenvolvimento de um sentimento de desconfiança demasiado acentuado tornará a criança tímida, retraída, insegura quanto ás suas capacidades e pouco á vontade no confronto com os obstáculos do meio. Se a vertente positiva triunfa ou predomina, a virtude (qualidade do Ego) que se desenvolve é a esperança.

 

2ª Idade – Autonomia versus Dúvida e Vergonha ( dos 18 meses aos 3 anos)

 

Este estádio coloca a criança perante uma difícil questão crucial : “ Será que consigo fazer as coisas por mim próprio ou tenho de depender quase sempre dos outros?”. Trata-se da segunda crise psicossocial com a qual o indivíduo se confronta. Terá de aprender a lidar com a dúvida e a vergonha para conquistar a autonomia. Nesta fase, autonomia significará adquirir um relativo controlo de algumas funções orgânicas, um certo domínio da coordenação motora, capacidade de manipulação de objectos. A criança que no estádio anterior desenvolveu um sentimento de confiança em si mesma e nas pessoas que dela cuidavam terá provavelmente mais facilidade em conquistar a autonomia, isto é, em afirmar e exercer a sua vontade própria. As “birras”, os constantes porquês, são manifestações típicas de autonomia tal como a vontade de querer fazer as coisas sozinho mesmo que não seja ainda competente. O modo como os pais reagem é muito importante : demasiadas críticas, punições e repreensões podem contribuir para que a criança se sinta envergonhada. Por outro lado, repetidos fracassos podem contribuir para que a criança duvide da sua capacidade para fazer certas coisas por si própria. Erikson pensava que os pais deviam conseguir dosear de forma equilibrada a assistência á criança e o encorajamento da exploração do meio por si própria. Se a vertente positiva predomina adquire-se uma qualidade psicológica ou virtude chamada força de vontade.

 

3ª Idade – Iniciativa versus Culpa (dos 3 aos 6 anos)

 

Erikson dá a este estádio o nome de locomotor-genital considerando também que é a idade do jogo simbólico e da brincadeira. A grande questão que a criança enfrenta é esta : “Serei bom ou mau?”. Enquanto no estádio anterior a grande preocupação se centrava naquilo que era capaz de fazer, agora a criança em idade pré-escolar, preocupa-se com a moralidade ou aceitabilidade dos seus comportamentos. Nesta fase assiste-se a um significativo desenvolvimento das habilidades motoras, da linguagem e do pensamento, tal como da imaginação e da curiosidade. Objecto de curiosidade especial são o corpo e as diferenças entre os sexos. Segundo Erikson é a fase da sexualidade infantil, admitindo na linha de Freud que há atracção pelo progenitor do sexo oposto. A reacção dos pais á curiosidade da criança é um factor determinante quanto ao grau de autoconfiança e de iniciativa que ela irá desenvolver. Reacções extremamente negativas podem provocar inibição excessiva, sentimentos de culpa e ansiedade. A criança sentirá que a sua curiosidade não é bem vinda e terá pouca iniciativa no que respeita á exploração do meio. A resolução bem sucedida desta crise psicossocial reforça a capacidade de iniciativa, a vivacidade e o gosto pela descoberta. A virtude desenvolvida é a tenacidade.

 

4ª Idade – Indústria versus Inferioridade (dos 6 aos 12 anos)

 

Este estádio é denominado por Erikson por estádio de latência. A questão-chave que a criança em idade escolar enfrenta é :”Serei competente ou incompetente?”. Por indústria entende Erikson engenho, competência e produtividade no cumprimento de determinadas tarefas. Com a escolaridade alarga-se o campo da interacção social, novos desafios surgem e intensifica-se a aprendizagem social. Novas competências são exigidas á criança (aprender a ler, escrever). Será apreciada não tanto pelo que é mas pelo que faz, pelo grau de competência no desempenho de tarefas. O fracasso relativamente persistente no desenvolvimento de competências, ou a falta de apoio, de incentivo e de atenção da parte dos agentes educativos podem gerar sentimentos de inferioridade, descrença quanto á capacidade para executar tarefas de forma produtiva. A tendência será então a de dedicar pouco esforço e entusiasmo a determinados trabalhos porque se acredita na inevitabilidade do fracasso. Apesar de o fracasso em determinadas áreas poder ser compensado pelo reconhecimento noutras, a verdade é que há uma enorme vontade de aprender, de desenvolver sentimentos de competência, de pensar que se é capaz de fazer bem várias coisas. O sucesso eleva a auto-estima, a autoconfiança, o prazer e o gosto nas actividades. É nesta fase do desenvolvimento psicossocial que as crianças começam a imaginar ocupações e papeis sociais futuros (médicos, professores). A resolução bem sucedida do conflito psicossocial típico destas idades em que as crianças se comparam umas com as outras apercebendo-se do seu nível de competência e de produtividade reforça a confiança, a espontaneidade e a autonomia na relação com os outros e com as novas imposições sociais. A virtude ou qualidade psíquica daí resultante é a competência, a habilidade intelectual e a perícia no cumprimento das tarefas valorizadas em determinada sociedade.

 

5ª Idade –Identidade versus Difusão ou Confusão de Papeis (dos 12 aos 20 anos)

 

Este estádio do desenvolvimento psicossocial cobre o período da adolescência. A questão chave :”Quem sou eu? O que irei ser?” é própria do jovem que começa a tomar consciência da sua singularidade, de que é um ser humano único a preparar-se para desempenhar vários papéis no meio social. É a época da vida em que a consciência do que somos no presente é acompanhada pelo desejo do que queremos ser no futuro. A procura da independência em relação aos pais dinamiza o desenvolvimento social e afectivo do adolescente. A construção da identidade pessoal implica a integração coerente de aspectos intelectuais, sociais, sexuais e morais. A integração de vários papéis num padrão coerente que exprima um sentimento de continuidade e de identidade é tarefa difícil, conflituosa. Essa dificuldade é visível nas oscilações quanto a opções ideológicas, estéticas, religiosas e morais. A crise de identidade exprime a dificuldade em encontrar uma identidade ocupacional e um lugar conveniente no seio da sociedade, traduzindo o carácter problemático da transição da infância para a idade adulta. A resolução da crise de identidade ocorre quando o adolescente é apoiado e encorajado para procurar resposta aos seus problemas por si mesmo. A virtude adquirida no final deste estádio é a fidelidade, em que o adolescente aceita responsavelmente compromissos. Sem um sentimento construtivo de fidelidade, o jovem terá um ego fraco, sofrerá de confusão de valores e será em grande parte o que os outros decidirem que ele seja. A fidelidade é portanto fidelidade a si próprio, ás suas escolhas e opções, afirmação de si mesmo no que faz e no que projecta fazer.

 

6ª Idade – Intimidade versus Isolamento (dos 20 aos 30 anos)

 

O sexto estádio do desenvolvimento psicossocial é marcado, segundo Erikson pela preocupação em estabelecer relações íntimas duráveis com outras pessoas. A questão principal deste estádio é : “Deverei partilhar a minha vida com outra pessoa ou deverei viver sozinho?”. Erikson dá á intimidade o sentido de fusão da identidade de um indivíduo com o outro. A intimidade designa a capacidade de desenvolver uma relação profunda e significativa com outra pessoa. Para que isso efectivamente aconteça o indivíduo deve ter resolvido as crises psicossociais anteriores e sentir-se seguro acerca de quem é e do que quer da vida, sabendo conciliar a vertente profissional com a dimensão afectiva. Em geral, a incapacidade de entrega e de fidelidade a uma relação, de partilhar afectos, pode levar ao isolamento, á solidão, á sensação de que falta algo para ser completo, embora ficar sozinho não seja sinal de fracasso afectivo. A capacidade de amar é a virtude ou força do Ego neste estádio. O jovem adulto neste estádio é capaz de transformar o amor recebido enquanto criança e adolescente em devoção e entrega. Para Erikson, a efectiva intimidade implica a capacidade de se comprometer profundamente em relações que exigem sacrifício e fidelidade. A virtude fundamental do jovem adulto é o amor, uma devoção mútua a madura.

 

7ª Idade – Generatividade versus Estagnação (dos 30 aos 60 anos)

 

A questão chave deste estádio pode formular-se de vários modos : “Serei bem sucedido na minha vida afectiva e profissional?”, “Produzirei algo com verdadeiro valor?”, “Conseguirei contribuir para melhorar a vida dos outros?”. A generatividade designa a possibilidade de ser criativo e produtivo em verias áreas da vida. Bem mais do que criar e educar os filhos traduz uma preocupação com o bem-estar das gerações vindouras, uma descentração e expansão do Ego empenhado em tornar o mundo um melhor lugar para viver. A generatividade manifesta-se na produção de ideias, no exercício de uma profissão, no cuidado dos outros, etc. Se a expansão e descentração do Ego não ocorre, o indivíduo pode, segundo Erikson, estagnar, preocupar-se quase só consigo mesmo e com a posse de bens materiais. A estagnação será portanto ausência de doação, egoísmo. A virtude própria da meia idade é o cuidado, a preocupação com os outros, o fazer algo por alguém.

 

8ª Idade – Integridade versus Desespero (a partir dos 60 anos)

 

No estádio final da vida, a questão chave :”Teve a minha vida sentido ou falhei?” assinala que chegou a hora do balanço, da avaliação do que se fez na vida e sobretudo do que se fez da vida. Na dualidade emocional ”integridade versus desespero”, a integridade significa que o indivíduo avalia positivamente o seu percurso vital mesmo que nem todos os seus desejos e sonhos se tenham realizado e esta satisfação prepara-o para aceitar a deterioração física e a inevitável morte como termo de algo que valeu a pena. As pessoas que consideram a sua vida mal sucedida, demasiado centrada em si mesma, pouco produtiva, que lamentam as oportunidades perdidas e sentem ser já demasiado tarde para se reconciliarem consigo próprias corrigindo erros cometidos, podem ceder á angústia e ao desespero. A virtude a desenvolver neste estádio é a sabedoria, a consciência de que, dadas as circunstâncias e as nossas potencialidades, não vivemos em vão.

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Alzeni L Figueredo

Identidadexconfusao de identidade
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Alzeni L Figueredo

Diligências inferioridade
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