"Suponha que a Constituição de Minas Gerais estabelecesse, em um de seus artigos, que todos os secretários estaduais devessem ter sua nomeação para os respectivos cargos condicionada à prévia aprovação pelo poder legislativo. Analise, conclusivamente, a constitucionalidade do referido dispositivo."
Norma nesse sentido seria inconstitucional por ofender diretamente o princípio da separação de poderes. Os Secretários Estaduais são nomeados para cargos em comissão, cargos que, por sua natureza, dependem da confiança do Governador. São cargos de livre nomeação e exoneração (art. 84, I, CF – aplicável aos Estados por simetria), não cabendo ao Legislativo se imiscuir nessa escolha.
t. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
Marcio Cavalcante (auto do blog Dizer o Direito), em comentários ao Informativo nº 780 do STF, apresenta um caso semelhante acrescentando alguns argumentos:
“Emenda à constituição estadual,de iniciativa parlamentar, não pode prever que:
a. O Governador seria obrigado a submeter à análise da ALE os nomes que ele escolheu para serem nomeados como membros do TCE, Defensor Público-Geral, Procurador-Geral do Estado, diretores de fundações e autarquias e Presidentes de sociedade de economia mista e empresas públicas.
(...)
Sob o ponto de vista formal, essa emenda é inconstitucional porque como trata sobre regime jurídico de servidores públicos não poderia ser de iniciativa parlamentar (art. 61, § 1º, II, “c”, da CF/88). Sob o aspecto material, quanto à regra 1, o STF entendeu que a nomeação do Procurador-Geral do Estado e dos Presidentes de sociedade de economia mista e empresas públicas não podem ser submetidas ao crivo da ALE. O cargo de Procurador-Geral do Estado é de livre nomeação e exoneração, sendo um cargo de confiança do chefe do Poder Executivo. As empresas públicas e sociedades de economia mista submetem-se a regras de direito privado e não podem sofrer ingerência por parte do Legislativo.”
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
II - disponham sobre:
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
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Direito Administrativo e Direito Constitucional
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