Não há dúvidas acerca dos intensos questionamentos e tentativas de previsão dos destinos da ideia de soberania. De um lado há os que consideram que a globalização tende a mitigar, relativizar, chegando a fulminar com o que hoje se entende por soberania, como Lôbo (2001, online) que acredita que a globalização se encaminha “[...] a transformar o globo terrestre em um imenso e único mercado, sem contemplação de fronteiras e diferenças nacionais e locais”.
Maluf (apud Serra Neto, 2013, p. 238) aponta que: “[...] a soberania estaria em via de extinção, se não mesmo extinta, pelo menos no que se refere ao seu conceito clássico”.
Por outro lado, há quem defenda que a ideia de soberania é necessária à manutenção da globalização e integração, não podendo, pois, a globalização reduzir o conceito de soberania a ponto de torná-lo irrelevante.
Somente uma composição política, legislativa e jurídica, interna e externa, pode levar à realização do ideal integracionalista. Esta composição é resultado do mais puro exercício de soberania interna. Donde se conclui que nestes processos, do mais simples modelo (zona de livre comércio) aos mais avançados (integração econômica total) é impróprio falar-se em mitigação ou 'alienação de soberania'. Insistir nesta afirmativa significa retornar no tempo, aos primórdios do Direito Internacional Clássico, é deter-se somente sob o aspecto interno da soberania que privilegia as relações internas do Estado, criando barreiras teóricas intransponíveis para a realização dos modernos processos econômicos. (MORE apud GABRIEL, 2005, online)
Nessa última perspectiva, seja talvez, mais corente falar em adequação, adaptação e outros termos que denotem uma reestruturação da soberania diante das novas organizações globais, sem que se vislumbre o fim ou quebra do conceito de soberania.
Considerando os efeitos que o dinamismo global impõe ao mundo, como bem suscitados acima, é interessante verificar a globalização a partir dos efeitos políticos e culturais que dela emanam. Ou seja, se permitir vislumbrar em que medida a (re)organização dos Estados no âmbito internacional implica readaptação do que as mais variadas nações concebiam como exercício do poder soberano, seja no âmbito interno ou externo.
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