O Poder Judiciário brasileiro tem decidido em demandas por medicamentos de alto custo em face do Estado, determinando, geralmente, a imediata entrega do medicamento, o que pode estar causando problemas no gerenciamento dos recursos para a área de saúde. Este fato faz parte do crescente fenômeno da "judicialização da saúde" e merece atenção por parte da comunidade jurídica como um todo. Isto porque, os argumentos que vêm sendo utilizados nas decisões paradigmáticas nas Cortes superiores podem estar tratando da questão de modo parcial e superficial. Teses como a do mínimo existencial (ou mínimo vital), desenvolvidas na perspectiva da corrente que defende a ponderação de princípios (ou valores) de origem alemã, justificam a intervenção do judiciário nas políticas públicas, pois, não há qualquer valor que se sobreponha ao princípio da dignidade da pessoa humana. Entretanto, o que vêmos na prática, não é o atendimento de toda a população, mas sim, de uma pequena parcela. É verdade que não podemos atender a todas as necessidades de todos, não é possivel dar tudo a todos. Daí surge a ideia de justiça, no sentido de como dividir os recursos públicos disponíveis de forma mais justa. Se apoiar em construções conceituais e ideais axiológicos pode estar mascarando a realidade concreta que nos cerca que é a da necessidade de se fazer escolhas trágicas.
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