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quais as origens do problema fundiario no barsil? tem solução?

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David de Abreu Silva

O problema vem desde o período colonial, onde as melhores e maiores terras eram dadas a pessoas de grande influência financeira e política. Nisso a desigualdade na repartição fundiária brasileira só veio a crescer ainda mais, gerando por conseguinte muita violência. A solução não é tão simples. É preciso um amplo esforço por parte da União para tentar regulamentar as vastas terras da União que estão improdutivas.

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Especialistas PD

Emili Barbosa Mota e Rosemary Pereira Santos, em artigo denominado “A desapropriação de terras improdutivas à luz da função social da propriedade”, desenvolvem o histórico do problema fundiário brasileiro com bastante precisão:

O Brasil, desde 1530, sofre com o problema fundiário, isto porque, naquela época, a Coroa Portuguesa adotou o sistema de sesmarias e das capitanias hereditárias, distribuindo grandes glebas de terras a uma pequena parcela da sociedade. Além disso, 1/6 da produção de cada gleba deveria ser destinada à Coroa, dando ensejo assim, ao surgimento dos latifúndios.

Com a Proclamação da Independência do Brasil, surgiram grandes conflitos por terras, principalmente entre os grandes proprietários e os grileiros, inclusive conflitos armados. Em 1850, o Império, buscando acalmar os ânimos, criou a Lei de Terras que, na prática, serviu para favorecer e ampliar o poder dos latifundiários, na medida em que tornava ilegais as posses de pequenos produtores.

A Proclamação da República em 1889 não melhorou em nada o perfil da distribuição de terras, uma vez que os latifundiários eram os comandantes da política nacional e local, os chamados “coronéis”, que sujeitavam todos a seus mandos e desmandos.

Entre os anos 50 e 60, com o advento da industrialização, a sociedade passou a debater mais sobre a questão fundiária. Tais debates culminaram o surgimento das Ligas Camponesas no nordeste e da Superintendência de Reforma Agrária no âmbito do Governo Federal, as quais foram duramente combatidas até o advento do golpe militar em 1964, quando passou-se a buscar a realização da reforma agrária no país.

Neste período, criou-se o Estatuto da Terra, o IBRA (Instituto Brasileiro de Reforma Agrária) e o INDA (Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário). Posteriormente, em 1970, criou-se o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), resultante da fusão entre o Ibra e o Inda. Àquela época, o objetivo do INCRA era, além de realizar a reforma agrária, colonizar a Amazônia, oferecendo incentivos fiscais a empresas dos mais variados ramos.

Com a redemocratização do país, em 1984, o tema “reforma agrária” ganhou novo relevo. Criou-se o Decreto nº 97.766/85 que instituiu o novo Plano Nacional de Reforma Agrária, cujo objetivo era assentar milhares de famílias. Embora não tenha o plano atingido o patamar pretendido, conseguiu resultados positivos.

No calor dos debates políticos e ideológicos sobre a reforma agrária, o INCRA foi extinto em 1987 e recriado em 1989 pelo Congresso Nacional. Contudo, a falta de respaldo político e a pobreza orçamentária praticamente paralisaram a reforma agrária no país. A questão foi, então, vinculada diretamente à Presidência da República com a criação, em 1996, do Ministério Extraordinário de Política Fundiária, ao qual imediatamente se incorporou o INCRA, para finalmente no ano 2000 ser criado o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), órgão ao qual o INCRA está vinculado hoje.

No contexto atual, o INCRA é o Órgão Federal responsável por executar a reforma agrária e atua no país através das 30 (trinta) superintendências que o compõem. Este órgão adota um modelo de assentamento rural baseado na viabilidade econômica, sustentabilidade ambiental e desenvolvimento territorial. Em relação aos beneficiários, a atuação do INCRA no campo é norteada pela promoção da igualdade de gênero na reforma agrária, além do direito à educação, à cultura e à seguridade social nas áreas reformadas.”

A última edição do Censo Agropecuário demonstrou que a concentração de terras no Brasil segue crescendo, conforme demonstrado no artigo abaixo (“No Brasil, 2 mil latifúndios ocupam área maior que 4 milhões de propriedades rurais”).

“Resultados preliminares do Censo Agropecuário de 2017, divulgados na manhã desta quinta-feira (26), indicam que a estrutura agrária no Brasil se concentrou ainda mais nos últimos 11 anos, período desde o último levantamento. 

De acordo com a pesquisa, propriedades rurais com até 50 hectares (equivalentes a 500 mil m², ou 70 campos de futebol cada) representam 81,3% do total de estabelecimentos agropecuários, ou seja, mais de 4,1 milhões de propriedades rurais. Juntas, elas somam 44,8 milhões hectares, ou 448 mil km², o que equivale a 12,8% do total da área rural produtiva do país.

Por outro lado, 2,4 mil fazendas com mais de 10 mil hectares (100 km², ou 14 mil campos de futebol cada), que correspondem a apenas 0,04% das propriedades rurais do país, ocupam 51,8 milhões de hectares (518 mil km²), ou 14,8% da área produtiva do campo brasileiro.

O Censo Agropecuário é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A última edição da pesquisa foi realizada em 2006. Na época, os produtores com até 50 hectares representavam 78,4% e estavam em uma área correspondente a 13,3% da área rural produtiva. 

O Mato Grosso é o estado que tem mais propriedades acima de 10 mil hectares, com 868 fazendas. Em segundo lugar, o estado vizinho, Mato Grosso do Sul, concentra 341 grandes latifúndios. 

O Pará, em terceiro lugar na lista de quantidade de latifúndios, registrou 188 estabelecimentos rurais com 10 mil hectares ou mais. No entanto, com uma média de tamanho de 300 km² por latifúndio – equivalente a 42 mil campos de futebol –, o estado registra os maiores latifúndios do país.

Bahia, Minas Gerais e São Paulo detêm mais de 100 propriedades com mais de 10 mil hectares.”

A solução para o problema fundiário passa pela reforma agrária. Considerando a força econômica dos grupos latifundiários-ruralistas brasileiros, bem como a força política representada pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), quem em 2019 conta com mais de 115 parlamentares no Congresso Nacional, é difícil imaginar que esse tema vá avançar de forma significativa num futuro próximo.

 

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