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O poder só existe nas relações de Estado?

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As Ciências Sociais entendem o poder como a habilidade que alguns indivíduos têm de exercer influência sobre outros, ou impor sua vontade sobre eles, fazendo-o agir de uma determinada forma. O Estado é uma organização permeada de poder e, com isso, busca impor controle social sobre sua população, através das leis que elabora e da força que detém. No entanto, o poder estatal é apenas uma das manifestações do Poder nas sociedades, não a única.


Nem toda forma de poder sustenta-se pela ameaça de punição física ou legal. Quando concebemos o poder como a capacidade de produzir influência, podemos enxergar manifestações de poder enraizadas em muitos aspectos da vida social, onde não parece haver coerção, como na religião e na família, por exemplo. Nestes casos, o poder sustenta-se pela tradição e pelo simbolismo, conferindo um aspecto diferente à coerção.

As religiões exercem poder ao conseguir que os indivíduos correspondam a determinados padrões morais, sob pena de passarem por algum sofrimento em vida ou após a morte. Historicamente, a influência das religiões foi tão intensa que muitos traços do comportamento humano foram desenhados por elas, e são reproduzidos mesmo por pessoas sem qualquer crença religiosa. Por exemplo, o sentimento de pudor sobre o corpo tem origem religiosa, mas é tido como pré-requisito à convivência social.

A família é outra instituição permeada de poder. Tradicionalmente, os pais exercem poder sobre os filhos, inserindo-os na sociedade da maneira que consideram correta e exigindo deles certas atitudes e obediência. Como a formação padrão da família, também por influência do poder religioso, deu-se através do modelo patriarcal, o poder que o marido exerce sobre a esposa ainda é socialmente aceito. Desde meados do século XX, tem sido muito questionada a submissão da mulher ao homem, no seio familiar e fora dele, o que gera profundo desconforto em setores conservadores da população, e mostra que as relações de poder existem para além do Estado.


Então, concluímos que o poder não está somente nas relações de Estado. Usamos como exemplos a religião e a família, mas há uma infinidade de relações sociais permeadas por poder, como a relação hierárquica entre patrão e empregado, entre professor e aluno. Toda manifestação de poder na sociedade envolve algum nível de coerção ou ameaça de coerção, por mais sutil que esta seja, sendo ou não relacionada à força física.

Por fim, devemos lembrar que a manifestação do poder social depende de pelo menos dois indivíduos ou grupos: um que detém o poder, e outro que é objeto da coerção do poder, seja ela física ou simbólica.

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