Existe previsão legal para tal manobra do judiciário?
O controle difuso, que existe em nosso país desde a primeira constituição republicana, e inequivocamente inspirado no modelo norte-americano, permite a qualquer juiz ou tribunal realizar, no julgamento de um caso concreto, a análise da constitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal. A análise da constitucionalidade do dispositivo, nesta modalidade de controle, não é o objeto principal da ação, sendo apreciada apenas em caráter incidental.
A declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual, distrital ou municipal, proferida num caso de controle difuso de constitucionalidade, produz eficácia apenas entre as partes litigantes, fazendo com que a lei deixe de ser aplicada somente em relação àquelas partes que figuraram no processo, permanecendo válida, contudo, em relação às demais pessoas. Quer isso dizer, em outras palavras, que a sentença que declarou a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo somente tem eficácia inter partes.
Primeiramente, é importante destacar que o STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”. Nesse sentido, Marcio Cavalcante (Dizer o Direito), em comentários ao Informativo nº 887 do STF, ensina que:
Segundo a teoria restritiva, adotada pelo STF, somente o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os motivos invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes.
Diante desse posicionamento, o STF entende que não cabe Reclamação sob o argumento de que a decisão impugnada violou os motivos (fundamentos) expostos no acórdão do STF, ainda que este tenha caráter vinculante. Isso porque apenas o dispositivo do acórdão é que é vinculante.
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