Procuradoria Municipal - Concurso: PGM - FozPrevi - PR - Ano: 2012 - Banca: UFPR - Disciplina: Direito Administrativo - Assunto: Administração Direta e Indireta - Admita que você faça parte do órgão de consultoria jurídica de determinada sociedade de economia mista e recebe uma consulta, formulada por diretor do dito órgão, solicitando um parecer acerca da legalidade da seguinte questão: A sociedade de economia mista em testilha exerce uma atividade econômica da qual não possui monopólio. Recentemente, o citado ente adquiriu, sem licitação, produto relacionado de modo direto à atividade que exerce. Destaca-se que as hipóteses de inexigibilidade e de dispensa de licitação, elencadas pela Lei Federal no 8.666/1993, não se aplicam na hipótese aventada. Ainda assim, as justificativas apresentadas pelo ente para deixar de realizar o procedimento licitatório levavam em conta os fatos de que (i) o bem tinha liame direto com a atividade exercida pela empresa, (ii) as sociedades de economia mista são entes jurídicos de direito privado e (iii) fazem parte da administração indireta. Elabore, nas linhas abaixo, um parecer relativo ao caso, abordando, necessariamente, a legalidade ou ilegalidade da situação narrada, bem como os conceitos e objetivos da licitação, além do conceito e do regime jurídico das sociedades de economia mista. Obs.: Não rubrique, assine nem identifique a peça. Caso julgue necessário, utilize a data de hoje e os seguintes dados do advogado signatário: Joaquim José das Couves, inscrito nos quadros da OAB/PR sob o no 700.000.
- Resposta: GRADE DE CORREÇÃO - 1. Estrutura do parecer: Relatório, Fundamentação e Conclusão ou afins (10% da nota) - 2. Indicação do conceito de licitação (15% da nota) - 3. Indicação dos objetivos da licitação (15% da nota) - 4. Indicação do conceito de sociedade de economia mista( 15% da nota) - 5. Indicação dos objetivos de sociedade de economia mista ( 15% da nota) - 6. Conclusão pela legalidade da situação narrada ( 20% da nota) - 7. Raciocínio jurídico e raciocínio lógico, linguagem forense e argumentação. (10% da nota).
- Resposta: GRADE DE CORREÇÃO - 1. Estrutura do parecer: Relatório, Fundamentação e Conclusão ou afins (10% da nota) - 2. Indicação do conceito de licitação (15% da nota) - 3. Indicação dos objetivos da licitação (15% da nota) - 4. Indicação do conceito de sociedade de economia mista( 15% da nota) - 5. Indicação dos objetivos de sociedade de economia mista ( 15% da nota) - 6. Conclusão pela legalidade da situação narrada ( 20% da nota) - 7. Raciocínio jurídico e raciocínio lógico, linguagem forense e argumentação. (10% da nota).
As empresas estatais, gênero do qual as sociedades de economia mista são espécie, são pessoas jurídicas de direito privado integrantes da administração indireta que, desde 2016, possuem um regime jurídico definido por lei especial - Lei 13.303/16. No que diz respeito às contratações realizadas pelas estatais, Rafael Carvalho Rezende de Oliveira ensina:
“Os atos praticados por empresas públicas e sociedades de economia mista devem ser caracterizados como atos privados, em razão da natureza privada dessas entidades e, em relação às estatais econômicas, pela sujeição ao mesmo tratamento jurídico das empresas privadas (art. 173, § 1.º, II, da CRFB).
Todavia, os atos praticados por estatais no desempenho de funções administrativas (ex.: concurso público e licitação) serão considerados atos materialmente administrativos, passíveis do respectivo controle. Por essa razão, a Súmula 333 do STJ dispõe: “Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública”.
Em relação aos contratos celebrados pelas empresas estatais, a respectiva natureza jurídica depende da atividade desenvolvida. As estatais econômicas somente celebram contratos privados da Administração, despidos, em regra, das cláusulas exorbitantes e regidos, predominantemente, por normas de direito privado (art. 62, § 3.º, I, da Lei 8.666/1993), tendo em vista a submissão ao mesmo regime jurídico das empresas privadas (art. 173, § 1.º, II da CRFB). Por outro lado, as estatais que prestam serviços públicos, além dos contratos privados, podem celebrar contratos administrativos vinculados à prestação do serviço público. Todavia, a referida distinção não aparece expressamente na Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais) que, em seu art. 68, dispõe que os contratos celebrados por todas as empresas estatais regulam-se pelas suas cláusulas, pelo disposto na própria Lei em referência e pelos preceitos de direito privado.
A licitação é exigida para celebração dos contratos celebrados pelas estatais, ressalvada as hipóteses de contratação direta prevista na Lei 13.303/2016.” (Curso de Direito Administrativo. e-book. 6ª ed. pg. 179).
Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços às empresas públicas e às sociedades de economia mista, inclusive de engenharia e de publicidade, à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e ativos integrantes do respectivo patrimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse patrimônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais bens, serão precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 29 e 30.
§ 3o São as empresas públicas e as sociedades de economia mista dispensadas da observância dos dispositivos deste Capítulo nas seguintes situações:
I - comercialização, prestação ou execução, de forma direta, pelas empresas mencionadas no caput, de produtos, serviços ou obras especificamente relacionados com seus respectivos objetos sociais;
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Art. 30. A contratação direta será feita quando houver inviabilidade de competição, em especial na hipótese de:
I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo;
Portanto, considerando que o produto adquirido estava relacionado de modo direto à atividade exercida pela sociedade de economia mista, pode-se concluir que a contratação direta foi realizada dentro dos limites da lei, encontrando fundamento no art. 28, §3º, I ou no art. 30, I, da Lei 13.303/2016, conforme seja ou não caso de fornecedor exclusivo.
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