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Qual a relação do Direito Administrativo com o Direito Ambiental ?

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Pedro Henrique Guerreiro

São matérias distintas e a importância disso reside no fato de serem (Direito Ambiental e Administrativo) áreas com ampla interdependência, podendo-se mesmo dizer que o Direito Ambiental, no Brasil, surgiu em grande parte como um desdobramento do Direito Administrativo. Pra quem não sabe, o Direito Administrativo é aquele que estuda as leis e normas que regem organização da máquina estatal, abordando um grande número de relações que a Administração Pública estabelece com os particulares e consigo mesma (entre seus órgãos e entidades), bem como a estrutura e instrumentos de atuação. Regula questões das mais variadas. De que forma, então, o Direito Ambiental se relaciona com o Direito Administrativo? Ora, a resposta a essa pergunta começa a se revelar pela análise sistemática dos artigos 23, 24 e 225, §1º, da Constituição. Esses dispositivos atribuem ao Estado uma série de incumbências de tutela e proteção do meio ambiente das quais a Administração não pode se esquivar. Obviamente, é possível encontrar, em outros trechos da Carta Magna, referências à tutela ambiental (arts. 170 e 173, §3º, 186 e 200, por exemplo), porém, a exposição desses artigos não é o objetivo desta dissertação. Enfim, se o Estado tem o poder para (e o dever de) tutelar o meio ambiente, a atitude mais lógica a ser tomada pelo Poder Público será a criação de instrumentos e meios para exercer essa supremacia. É, justamente, nesse ponto que surge a relação entre o estudo do Direito Administrativo e do Direito Ambiental. Isso será melhor entendido por meio da seguinte explicitação: A Constituição atribuí aos entes federados (União, Estados e Distrito Federal) a competência para legislar sobre a proteção ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, atribuí à Administração uma série de obrigações quanto à matéria. A máquina administrativa, por sua vez, passa a criar órgãos, entidades, cargos e funções, visando cumprir com as obrigações estabelecidas pelo ordenamento jurídico. Esses órgãos, depois de criados, vão: fiscalizar as atividades dos administrados; expedir atos normativos; aplicar penalidades; estabelecer diretrizes; conceder benefícios e etc., ou seja, exercerão, propriamente, o poder estatal conferido pela Constituição e pelas Leis, estando toda a sua atividade norteada não apenas pelos princípios do Direito Ambiental, mas, principalmente, pelos princípios do Direito Administrativo. Em conclusão, não há como o Estado aplicar o disposto no Ordenamento, senão por meio de seus órgãos, os quais estão sujeitos, em geral, aos princípios que norteiam a Administração Pública. Nisso se vê a importância de um rápido olhar sobre essas questões para uma melhor compreensão do Direito Ambiental na vida prática, afinal, entendendo como as entidades e órgãos estatais atuam na hora de tutelar os direitos do meio ambiente, melhor se compreende a sistemática e aplicação prática do ramo que estamos estudando. Essa série de posts buscará relacionar os princípios do Direito Administrativo, definindo-os e relacionando-os, brevemente, com o Direito Ambiental.
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Especialistas PD

Sobre a relação do Direito Administrativo com outros ramos do Direito, Hely Lopes Meirelles ensina:

“Com o Direito Urbanístico, também muito ligado ao Direito Municipal, o Direito Administrativo tem uma conexão muito forte, já que aquele surgiu da necessidade de se ordenar o crescimento das cidades, em consequência da migração da população rural para as cidades. Como as normas urbanísticas municipais esbarravam sempre no conceito de propriedade privada, tomou-se indispensável que a União viesse a legislar sobre o problema, o que acabou sendo feito com o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001).

Paralelamente, foram outorgados aos Estados a criação e o planejamento das Regiões Metropolitanas, já que os Municípios, isoladamente, não teriam condições para tanto.

Com o Direito Ambiental ocorre praticamente o mesmo que com o Direito Urbanístico. Partindo inicialmente de normas administrativas municipais de controle da poluição urbana, o Direito Ambiental foi ampliando sua área, criando-se, inclusive, no âmbito federal, um sistema nacional de proteção ao meio ambiente (SISNAMA), para a preservação dos recursos naturais e o controle da poluição. Hoje, todo esse Sistema está subordinado ao Ministério do Meio Ambiente.” (Direito Administrativo Brasileiro. 42ª ed. pgs. 44)

Fabiano Melo complementa:

“Em termos históricos, a disciplina acadêmica que conhecemos como Direito Ambiental surgiu, à semelhança de tantos outros ramos jurídicos hoje estudados autonomamente, no seio do Direito Administrativo, na medida em que parte significativa de seu objeto de estudos sempre envolveu atividades da Administração Pública voltadas à proteção e preservação do meio ambiente.

Inegável, porém, que nos dias atuais o Direito Ambiental atrai para seu campo de interesses “saberes” que vão muito além do tradicional regime jurídico-administrativo. Há, indiscutivelmente, muito de Direito Administrativo nos temas dos princípios, do licenciamento, EIA-Rima e da responsabilidade.

Contudo, a disciplina sofre igual influência das searas criminal, civil, constitucional, empresarial, além – e isso causa muita preocupação entre os estudantes – de ciências extrajurídicas, como biologia, geografia etc.” (Direito Ambiental. 2ªed. e-book. Pg. 09)

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