Que tipo de norma as constituições estaduais podem criar, diferentemente das normas estabelecidas na Constituição Federal?
A repartição de competência legislativa entre os entes da federação pode serhorizontal , na qual se estabelece campos materiais distintos, em atenção ao princípio da predominância do interesse, pelo qual cabe à União as matérias em que predomine o interesse nacional; aos Estados as de interesse regional e aos Municípios as de interesse local, o que será sempre averiguado de acordo com a constituição em respeito ao denominado princípio da supremacia constitucional. Assim, ressalvada a hipótese da competência concorrente, a regra é de que não há relação hierárquica entre normas oriundas de entes estatais distintos, isto é, não se pode falar em hierarquia entre leis federais, estaduais, distritais e municipais. Portanto, eventuais conflitos entre essas normas são resolvidos de acordo com a competência do ente federado para o tratamento da matéria, e não pelo critério hierárquico.
Contudo, ressalte-se que, não obstante não haver hierarquia entre as leis de cada um dos entes federativos, há relação hierárquica, respectivamente, entre a Constituição Federal, a Constituição do Estado, equiparada a ela, a Lei Orgânica do DF e a Lei Orgânica do Município.
Não há um rol que elenque de forma taxativa a competência legislativa dos Estados. Inclusive, o art. 25 da Constituição Federal, que atribui aos Estados o Poder Constituinte Derivado Decorrente, ou seja, o poder de criar sua própria constituição, é bastante vago, na medida em que garante tão somente uma competência residual. Vejamos.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
No entanto, é comum que as constituições estaduais estabeleçam normas próprias (diferentes da constituição federal) sobre servidores públicos, conferindo-lhes, por exemplo, alguns direitos não previstos na CF. Foro por prerrogativa de função é outro tema que costuma apresentar peculiaridades nas CEs.
Exemplo:
Constituição do Estado do Rio de Janeiro
Art. 99 - Compete privativamente à Assembleia Legislativa:
* XIV - processar e julgar o Procurador-Geral de Justiça, o Procurador-Geral do Estado e o Defensor Público Geral do Estado nos crimes de responsabilidade;
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Art. 161 - Compete ao Tribunal de Justiça:
d) nos crimes comuns e de responsabilidade:
2 - os juízes estaduais e os membros do Ministério Público, das Procuradorias Gerais do Estado, da Assembléia Legislativa e da Defensoria Pública e os Delegados de Polícia, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
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Direito Processual Constitucional
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Direito Constitucional I
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