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O que foi a Crise Cambial Russa? Período, razão e circustencia?

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Marcelo Rafael Tumiski

A Rússia já havia enfrentado uma crise cambial em 1998, quando os preços dispararam nas lojas, a moeda passou a valer cada vez menos nos mercados cambiais e o banco central começou a gastar as suas divisas e a subir taxas de juro já em sinal de desespero.

Depois de se recuperar, a Rússia viveu durante mais de uma década à base das receitas do petróleo e convencida de que tinha reservas cambiais suficientes para enfrentar qualquer crise. Mas, recentemente a Rússia foi apanhada no meio de uma tempestade perfeita em que a queda dos preços do petróleo, a recessão econômica e a aplicação de sanções pelos Estados Unidos e pela Europa contribuíram simultaneamente para que a já frágil confiança no rublo se afundasse de forma repentina.

Com as desvalorizações em 2014, a divisa russa caiu mais de 20% face ao dólar, alargando para 50% as perdas registradas no ano. Até esboçou uma recuperação, mas, apenas temporária e o rublo voltou a registar perdas, desta vez mais acentuadas.

Governo e banco central russo têm tentado fazer aquilo que é normal no meio de uma crise cambial. Subir de forma drástica a sua taxa de juro de referência de 10,5% para 17% no final de 2014, para estimular a permanência do capital estrangeiro no país. Os resultados imediatos foram nulos, já que o rublo continuou em queda livre face ao dólar e euro. O Governo disse que ia utilizar as suas próprias reservas de divisas no valor de 7 bilhões de dólares para comprar rublos nos mercados internacionais e travar a queda da divisa. O anúncio produziu resultados, mas apenas de forma temporária.

A generalidade dos analistas diz que será preciso muito mais para travar as forças que atualmente puxam a divisa russa para baixo. No decorrer de 2014, o banco central russo utilizou, de acordo com os últimos dados conhecidos, 87 bilhões de dólares das suas reservas de divisas estrangeiras para comprar rublos nos mercados. No total, antes destas vendas, o banco dispunha de reservas estimadas de 416 bilhões de dólares.

Estes números colocam em perspectiva aquilo que o Governo pode fazer com os sete bilhões que agora veio disponibilizar. E mostram que é da capacidade de ação do banco central que depende a forma como se irá desenrolar esta crise.

E neste capítulo, o banco central tem mostrado estar muito reticente quanto a gastar rapidamente todos os cartuchos de que dispõe. Em Setembro de 2014, a autoridade monetária surpreendeu os mercados ao libertar o rublo dos limites de variação a que estava sujeito, deixando a moeda flutuar livremente de acordo com a vontade do mercado. E agora, apesar de recentemente ter usado 10 bilhões de dólares de reservas, parece sentir dificuldade em travar a queda da divisa. “Em contraste com a situação em 2008-2009, o mercado não tem a certeza de que o banco central sairá em defesa do rublo a um preço firme”, lamentava esta quarta-feira um analista de um banco russo, numa das muitas críticas que têm sido feitas à atuação do banco central. 

Modelo Putin

Mas, se as culpas parecem serem dirigidas para quem conduz a política monetária, poucos duvidam que é o modelo econômico seguido por Vladimir Putin desde que assumiu o poder, a causa da crise. Depois de a economia russa sair da crise financeira de 1998, a recuperação foi feita à base das receitas do petróleo e, com o passar dos anos, a dependência face a esse setor acentuou-se, uma vez que a Rússia não foi capaz de desenvolver alternativas importantes em outros setores industriais.

Ao mesmo tempo, para evitar a ocorrência de outras crises financeiras graves, Putin garantiu que o banco central acumulava uma das maiores reservas de divisas e ouro do Mundo. A estratégia resultou durante muitos anos. O petróleo manteve-se a preços elevados trazendo lucros significativos para a economia russa e as reservas acumuladas foram suficientes para que, em 2008, durante a crise financeira, o país escapasse a dificuldades sérias na sua balança de pagamentos. 

Desta vez, tudo o que poderia acontecer de mal à economia russa aconteceu. A queda do barril de petróleo para valores abaixo dos 60 dólares combinada com o impacto negativo das sanções internacionais numa economia já a caminho da recessão fazem com que a rede de segurança acumulada pelo banco central possa não ser suficiente para evitar uma crise grave.

E a população russa já está a sentir na pele os problemas. Nas lojas, os preços estão a subir a ritmo acelerado, fazendo lembrar o tempo da inflação acima dos 100% que se registou em 1998. A queda de mais de 50% do rublo face ao dólar já levou várias empresas estrangeiras, como a Apple, a McDonalds ou a Samsung a subir durante o último mês os preços dos seus produtos em rublos. De acordo com a Bloomberg, um iPhone 6 passou de 31.990 rublos em Novembro para 39.990 rublos agora, um acréscimo de 25%. O Big Mac subiu de 92 para 94 rublos e o Galaxy Note 4 ficaram 14% mais caro. A expectativa é que estas sejam apenas as primeiras atualizações num cenário generalizado de escalada dos preços e em que muitas empresas, especialmente do ramo automóvel, já optaram mesmo pela suspensão das vendas, enquanto não perceberem ao certo quais os preços que devem praticar.

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Andre Smaira

A crise financeira russa atingiu a Rússia em 17 de agosto de 1998. Isso resultou no governo russo e no Banco Central Russo desvalorizando o rublo e inadimplente em sua dívida. A crise teve graves impactos nas economias de muitos países vizinhos.


Enquanto isso, James Cook , vice-presidente sênior do US Russia Investment Fund , sugeriu que a crise teve o efeito positivo de ensinar os bancos russos a diversificar seus ativos.


Na época, a Bolsa Interbancária de Moscou (ou "MICEX") estabeleceu uma taxa de câmbio diária "oficial" por meio de uma série de leilões interativos baseados em ofertas escritas enviadas por compradores e vendedores. Quando os preços de compra e venda correspondiam, isso "fixa" ou "resolvia" a taxa de câmbio oficial MICEX, que seria então publicada pela Reuters. A taxa MICEX era (e é) comumente usada por bancos e corretoras de moedas em todo o mundo como a taxa de câmbio de referência para transações envolvendo o rublo russo e moedas estrangeiras.

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Andre Smaira

A crise financeira russa atingiu a Rússia em 17 de agosto de 1998. Isso resultou no governo russo e no Banco Central Russo desvalorizando o rublo e inadimplente em sua dívida. A crise teve graves impactos nas economias de muitos países vizinhos.


Enquanto isso, James Cook , vice-presidente sênior do US Russia Investment Fund , sugeriu que a crise teve o efeito positivo de ensinar os bancos russos a diversificar seus ativos.


Na época, a Bolsa Interbancária de Moscou (ou "MICEX") estabeleceu uma taxa de câmbio diária "oficial" por meio de uma série de leilões interativos baseados em ofertas escritas enviadas por compradores e vendedores. Quando os preços de compra e venda correspondiam, isso "fixa" ou "resolvia" a taxa de câmbio oficial MICEX, que seria então publicada pela Reuters. A taxa MICEX era (e é) comumente usada por bancos e corretoras de moedas em todo o mundo como a taxa de câmbio de referência para transações envolvendo o rublo russo e moedas estrangeiras.

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