Discorra sobre a Execução Provisória da pena sobre sua (in) constitucionalidade.

A suprema corte decidiu pela constitucionalidade da Execução Provisória da pena, afirmando que ela não feriria a presunção de inocência. Todavia, é possível visualizar que no presente caso o STF tomou uma decisão mais política do que jurídica, para garantir a segurança jurídica e a uniformidade de seus julgados. Aí é que se encontra a problemática de uma repetição de erros, pois se manteve uma decisão errônea do passado, com o pensamento " se errou mantém o erro para todos", ao invés de modificar essa jurisprudência. Mas essa modificação (se fosse feita) acabaria causando um julgamento diferenciado em virtude de uma única pessoa, o que evidenciaria que a justiça teria pesos e medidas diferentes dependendo do cidadão a ser julgado.

Compreendo os valores sopesados pela suprema corte, mas entendo que a decisão fere a própria constituição federal, inclusive nas chamadas "Cláusulas Pétreas" (Separação de Poderes e Direitos e Garantias Fundamentais  - Presunção de inocência e devido processo legal). Um dos argumentos que fundamentam a opção pela interpretação da possibilidade da execução provisória da pena é o da impunidade, pois os recursos são tão demorados que inviabilizam as punições. Ora, se existe um erro na sistemática do processo criminal e principalmente na parte da execução da pena, não cabe ao judiciário invadir a competência do poder legislativo em uma decisão visivelmente contra a lei e contra a própria constituição. Cabe ao legislativo realizar a reforma legal, e não ao judiciário riscar a lei e escrever por cima dela. 

O que vislumbro no caso concreto já é preocupante por si só, mas se torna mais alarmante ainda uma vez que se verifica que a separação de poderes proposta por Montesquiéu passa por um período de instabilidade ( na melhor das hipóteses) pois os poderes que deveriam ser independentes e harmônicos entre si e limitar um a ação do outro se tornaram politicamente dependentes. Ou agem dessa forma, invadindo uma a esfera de competência do um do outro.