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O que são normas preceptivas exequíveis por si mesmas, normas preceptivas não exequíveis por si mesmas e normas programáticas?

💡 2 Respostas

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Gabriela Gattulli

Segundo José Afonso da Silva: “tais normas estabelecem apenas uma finalidade, um princípio, mas não impõe propriamente ao legislador a tarefa de atuá-la, mas requer uma política pertinente à satisfação dos fins positivos nela indicados”.

Dessa forma, muitas dessas normas estão inseridas em princípios, sintetizando programas e linhas de pensamento político a fim de que o legislador ordinário se encarregue de prover meios para que possa se tornar uma realidade.

Nestes termos, a professora Regina Maria Macedo Nery Ferrari afirma:

“As normas programáticas impõem ao Estado o cumprimento de certos fins, a consecução de certas tarefas de forma a realizar certos princípios ou objetivos, fazendo surgir, por consequência, a necessária proteção dos interesses subjetivos que daí dimanam, proteção esta que pode ocorrer ora de modo direto, quando o interesse geral coletivo fica em segundo plano; ora indiretamente, quando o interesse coletivo encontra-se em primeiro plano, e o individual só será protegido reflexamente, em decorrência da promoção do interesse geral.”

Portanto, a norma constitucional estabelece apenas uma finalidade, um princípio, mas não impõe propriamente ao legislador a tarefa de atuá-la, mas requer uma política pertinente à satisfação dos fins positivos nela indicados.

As normas preceptivas poderão ser exequíveis ou não exequíveis por si mesmas. O critério distintivo será a completude ou incompletude destas. Aquelas que necessitam da ação do legislador para que possam atingir a sua finalidade serão as não exequíveis por si mesmo.

Nesse sentido, o doutrinador Jorge Miranda leciona:

Quer as normas programáticas quer as normas preceptivas não exeqüíveis por si mesmas caracterizam-se pela relevância específica do tempo, por uma conexa auto limitação e pela necessidade de concretização, e não só de regulamentação e legislativa. Separam-se, no entanto, por as normas preceptivas não exeqüíveis por si mesmas postularem apenas a intervenção do legislador, actualizando-as ou tornando-as efectivas, e as normas programáticas exigirem mais do que isso, exigirem não só a lei como providências administrativas e operações materiais. As normas não exeqüíveis por si mesmas preceptivas dependem apenas de factores jurídicos e de decisões políticas; as normas programáticas dependem ainda (e sobretudo) de factores econômicos e sociais. Daí um maior grau de liberdade do legislador perante as normas programáticas do que perante as normas preceptivas não exeqüíveis: estas deverão ser completadas pela lei nos prazos relativamente curtos delas decorrentes; já as normas programáticas somente terão de ser concretizadas quando se verificarem os pressupostos de facto que tal permitam, a apreciar pelo órgão legislativo. [...] nas normas não exeqüíveis por si mesmas programáticas tem ainda de se dar uma terceira instância – a instância política, administrativa e material, única com virtualidade de modificar as situações e os circunstancialismos econômicos, sociais e culturais subjacentes à Constituição.

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Júlio Meirelles

Normas preceptivas exequiveis por si mesma são aquelas que já possuem todos os elementos necessários para regrarem uma situação. Exemplo seria a regra que trata da obrigação de realizar previamente concurso público para nomeação de servidor ou empregado público. Não é necessário nenhuma outra norma que esclareça o que seja servidor, o que seja empregado ou o que seja concurso público. Basta que seja nomeado alguém sem concurso público na qualidade de servidor ou empregado e esta nomeação é inválida.

Diferente é a norma preceptiva não exequível por si mesma. Esta precisa de outra norma, em regra de escalão menor (lei, decreto ou outra), para poder ser exeqúivel. Exemplo é a norma que trata da escuta telefônica. Ela já facilita o raciocíonio pq na sua fórmula já está expresso que será necessária a edição de um a lei. Se fosse feita escuta antes da edição desta lei, em 1996, ela seria inválida. Se,depois de editada a lei, for feita escuta de forma diversa da autorizada por lei, ela é inválida. Ou seja, a norma constitucional que autoriza a escuta somente é exequível se for feito de acordo e a partir da norma infraconstitucional que a torna exequível.

Neste ponto é que as normas preceptivas se diferenciam da norma programática. Isto porque, naquelas, o que se tem é um comando, complento ou incomplento, que orienta o comportamento. Nas normas exequíveis, o comando já está inteiro delineado na constituição (proibição de nomeação sem concurso público). Nas normas não exequíveis, o comando só estará completo quando da edição da norma infraconstitucional (escuta telefônica).

Já as normas programáticas estabelecem diretrizes abertas (educação, saúde, habitação), mas não estabelecem, ainda que esboçadas, a forma como isso se dará. Os comportamentos exigidos para que se realize esta diretriz é aberto de mais, em comparação a norma não exequíveis, pois nesta, já há uma ideia aproximada da norma que deve ser complementada (escuta telefônica, imposto de renda, aposentadoria por invalidez). Até pq, são diretrizes que com o tempo serão modificadas, até pela evolução da necessidade humana, pois educar em 1988 é diferente de educar em 2018.

 

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