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queria material sobre extradição... Direito Penal 1

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Aline Alves Barros

A extradição situa-se no campo do Direito Penal relacionada com o Direito Internacional Público, denominando tal relação como Direito Penal Internacional, cujo objetivo é regulamentar internamente os problemas penais ocorridos na esfera internacional.

A extradição pode ser entendida como um ato em que um Estado entrega a outro Estado determinado indivíduo para julgá-lo e puni-lo por crime em que está sendo processado ou que já tenha sido condenado. Há que se considerar a necessidade de definição e diferenciação do refúgio e asilo para entender a aplicação do instituto da extradição e do princípio de não devolução.

O asilo, segundo Carina de Oliveira Soares “[...] a rigor, aplica-se para casos de perseguição política individual, onde o sujeito está sendo perseguido por motivos de opinião ou pela prática de atividades políticas.”   (SOARES, 2012:39). É um instituto que surgiu devido às constantes revoluções e golpes de Estado que aconteceram na América Latina, trata-se de um instrumento jurídico regional, que é regulado por normas do Direito Internacional vigente entre países latino-americanos.

Já o refúgio é um instituto aplicado em casos que determinado indivíduo vem sofrendo perseguição por questões raciais, religiosas, de nacionalidade, sociais ou políticas. Este instituto também é aplicado em casos de necessidade de proteção de um grupo de pessoas, mediante a perseguição, casos de ocupação ou dominação estrangeira, violação de direitos humanos ou por acontecimentos que afetem a ordem pública do país de origem deste grupo.

Portanto, trata-se de um instituto jurídico internacional de alcance universal. É regulado pela Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e pelo Protocolo de 1967, dos quais o Brasil é signatário. De acordo com Carina de Oliveira Soares

A proteção do instituto do refúgio é realizada por órgãos internacionais e no âmbito das Nações Unidas foi instituído o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) que se encarrega da aplicação da Convenção de 1951 e do seu respectivo Protocolo de 1967. (SOARES, 2011:41)

 

O status de refugiado obriga aos Estados que fazem parte dos acordos internacionais assegurar a proteção aos refugiados. Os controles relacionados às normas de refúgio ficam a cargo de órgãos internacionais multilaterais e quando os Estados não cumprem as normas, eles respondem pelo não cumprimento de deveres para com os refugiados ou pela violação das normas. Já em relação ao princípio da não devolução, o Direito Internacional dos Refugiados, segundo Carina de Oliveira Soares esclarece que

[...] tem como escopo garantir proteção à pessoa humana impedindo que elas sejam perseguidas e sofram outros tipos de violações aos seus direitos humanos. Este princípio é considerado parte do direito consuetudinário internacional e, sendo assim, vincula todos os Estados, incluindo aqueles que ainda não sejam parte da Convenção de 1951 ou do Protocolo de 1967.  (SOARES, 2011: 20)

 

Assim, a proteção à pessoa figura como o mais importante requisito tanto na concessão de aliso, de refúgio e na não devolução. A extradição, porém é um remédio de cooperação jurídica internacional. Ao longo do artigo, cada um destes institutos será melhor explicado.

 

2. A EXTRADIÇÃO

 

A extradição é um instrumento eficiente de cooperação jurídica que permite a entrega de pessoas reclamadas à justiça do Estado requerente. Segundo Hildebrando Accioly a extradição é

[...] o ato mediante o qual um Estado entrega a outro Estado indivíduo acusado de haver cometido crime de certa gravidade ou que já se ache condenado por aquele, após haver-se certificado de que os direitos humanos do extraditando serão garantidos. (ACCIOLY, 2010:519)

NÃO CONCESSÃO DE EXTRADIÇÃO PELO ESTADO BRASILEIRO

Um dos parâmetros que define a atuação brasileira nas relações internacionais é a prevalência dos direitos humanos, como consagra a Constituição Federal de 1988 no seu artigo 4, inciso II: “Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:[...] II - prevalência dos direitos humanos;” (BRASIL, 2015:5). Desta forma, quando é feito um pedido de extradição para o governo brasileiro, deve-se considerar a soberania e execução dos direitos humanos.

A Constituição Federal não permite a extradição de brasileiros admitindo, porém exceções ao autorizar a extradição de brasileiros naturalizados. Esta exceção é permitida em razão de crime comum que tenha sido praticado pelo indivíduo antes de sua naturalização ou por tráfico de drogas, nesta situação, independe de o ato foi praticado antes ou depois da naturalização. Esta previsão consta no artigo 5º, inciso LI da CF, in verbis: “[...]LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;” (BRASIL, 2015:8)

Logo, a lei não permite a extradição de brasileiro nato, isso porque é obrigação do Estado proteger seus membros, pelo direito fundamental de nacionalidade. Fulano Mello informa que a não extradição por ser justificada pelo “[...] princípio de que ninguém pode ser subtraído a seus juízes naturais e o direito do nacional de habitar seu próprio Estado” (MELLO, 2004:1025).

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