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Quais as principais inovações trazidas pela nova Lei de Migração quando comparada ao antigo Estatuto do Estrangeiro?

💡 2 Respostas

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Thalita Campos

A nova Lei da Migração, sancionada pelo presidente da República Michel Temer e publicada no Diário Oficial da União na última quinta-feira (25), considera imigrantes e visitantes do País como cidadãos dotados de garantias, direitos e deveres.

A professora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (Irel/UnB), Carolina de Abreu, considera que a nova legislação representa uma mudança de paradigma no que diz respeito ao tratamento de cidadãos de outros países.

“O Estatuto do Estrangeiro foi elaborado sob a perspectiva de segurança nacional e via o imigrante como potencial ameaça aos interesses do País. Já a nova lei o enxerga sob a ótica dos direitos humanos”, explica.

O texto da nova legislação, que substitui o Estatuto do Estrangeiro, criado em 1980, estabelece novos princípios sobre não discriminação, combate à homofobia e igualdade de direitos. “Há muito o que se comemorar. A lei é bastante inovadora e está em consonância com obrigações internacionais assumidas pelo Brasil”, afirma a professora da UnB.

Confira as principais mudanças e avanços que a nova lei traz:

Proteção aos apátridas

Nenhuma outra norma anterior à Lei de Migração tratava da proteção aos apátridas, asilados e brasileiros no exterior, apenas tratados internacionais. A nova Lei organiza a cooperação jurídica entre países para essa finalidade.

Acolhida humanitária

A nova lei determina a existência de um visto temporário específico para o migrante em situação de acolhida humanitária, para pessoas que precisam fugir dos países de origem, mas que não se enquadram na lei do refúgio. A legislação também contempla migrantes que vêm ao Brasil para tratamentos de saúde e menores desacompanhados.

Regularização documental

Migrantes com documentação inexistente ou irregular poderão regularizar a situação dentro do Brasil. O Estatuto do Estrangeiro determinava que o estrangeiro tinha de sair do Brasil e aguardar emissão de visto no país de origem, o que podia ou não acontecer.

Manifestação política

O Estatuto do Estrangeiro proibia imigrantes de participarem de qualquer atividade de natureza política. A nova lei acaba com a proibição e garante o direito do imigrante de se associar a reuniões políticas e sindicatos.

Trabalhadores marítimos

Além do respeito aos Direitos Humanos, a Lei de Migração deve ter impactos positivos sobre a economia do turismo no Brasil. O Estatuto do Estrangeiro determinava que tripulantes internacionais que trabalham nos navios precisavam pagar taxas consulares ao Ministério do Trabalho. A nova lei acaba com essa exigência, o que reduz custos, simplifica a operação dos cruzeiros. A medida deve, assim, atrair mais cruzeiros e gerar emprego e renda.

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Aléxia Kílaris

Em 2017, depois de um longo processo legislativo, foi sancionada a Nova Lei de Migrações (Lei n.º 13.445/2017), que revogou o Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/1980). Hoje a nova legislação migratória é regulamentada pelo Decreto 9.199/2017 e por Resoluções Normativas elaboradas pelo CNIG (Conselho nacional de Migração).

A mudança legislativa foi importante para cristalizar uma nova visão acerca da migração, deixando para trás a ideia do estrangeiro como uma ameaça à segurança nacional - típico do período da Guerra Fria e da Ditadura Militar - e centralizando o migrante como detentor de direitos e garantias.

Além da mudança de paradigma, a Nova Lei de Migrações foi importante para trazer novos embasamentos, motivos legais para os pedidos de autorização de residência. Como exemplo, podemos citar, a autorização de residência para pessoas que realizam atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão; para tratamento de saúde; para acolhida humanitária (forma de regularização migratória de muitos haitianos aqui no Brasil); para estudo; para trabalho; para férias-trabalho; para prática de atividade religiosa; para serviço voluntário; para atividades de relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; reunião familiar; e, inclusive, para uma pessoa que realize investimento em pessoa jurídica no País.

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