A invenção da máquina a vapor, na Inglaterra de 1750, foi o único fator que contribui para a revolução nas técnicas de produção, o que possibilitou a mecanização do processo de trabalho em muitos ramos da atividade econômica.
A Revolução Industrial, ao contrário de todas as expectativas, não gerou problemas sociais de extrema gravidade para a Europa, a única alteração social decorrente desse período foi o êxodo rural de enormes contingentes de trabalhadores entusiasmados com as perspectivas de melhoria de suas condições de vida.
Apenas no século XX, houve uma revolução na organização da produção que, a partir de então, passou a ser realizada no interior de empresas com caráter permanente e racional.
A consequência inevitável da Revolução Industrial foi o desenvolvimento acelerado da urbanização não planejada, em que o resultado se expressou no aperfeiçoamento das condições habitacionais dos trabalhadores.
Ao propiciar o aumento da produtividade do trabalho, a redução dos custos de produção e, como decorrência, o barateamento das mercadorias, a Revolução Industrial permitiu que se vislumbrasse o nascimento de uma sociedade de abundância e mais justa, graças às possibilidades econômicas de uma distribuição mais igualitária da renda.
Resposta: Está mais CORRETA a alternativa (a) A invenção da máquina a vapor, na Inglaterra de 1750, foi o único fator que contribui para a revolução nas técnicas de produção, o que possibilitou a mecanização do processo de trabalho em muitos ramos da atividade econômica.
Justificativa: Primeiro serão apresentadas as justificativas por exclusão (I), e por fim o contexto da alternativa correta (II).
I) Por exclusão:
Está INCORRETA a alternativa (b) A Revolução Industrial, ao contrário de todas as expectativas, não gerou problemas sociais de extrema gravidade para a Europa, a única alteração social decorrente desse período foi o êxodo rural de enormes contingentes de trabalhadores entusiasmados com as perspectivas de melhoria de suas condições de vida, porque: 1) A Revolução Industrial não foi um processo planejado e calculado segundo expectativas, ela é fruto de um processo histórico que fez emergir a possibilidade que quebra com o mundo feudal e avanço da lógica capitalista burguesa; 2) A Revolução gerou sim diversos problemas sociais, todos eles produzidos pela lógica capitalista-burguesa de exploração do trabalha a níveis de desumanidade, a pobreza extrema, as carga horários de trabalho, o trabalho infantil, são apenas alguns dos exemplos.
Está INCORRETA a alternativa (c) Apenas no século XX, houve uma revolução na organização da produção que, a partir de então, passou a ser realizada no interior de empresas com caráter permanente e racional, porque não foi apenas no século XX que que a revolução organizativa da produção ocorreu. A revolução industrial em si foi uma revolução que reorganizou o modo de produção de forma racional e permanente, ou seja, o século XX é reflexo da revolução iniciado no século XVIII.
Está INCORRETA a alternativa (d) A consequência inevitável da Revolução Industrial foi o desenvolvimento acelerado da urbanização não planejada, em que o resultado se expressou no aperfeiçoamento das condições habitacionais dos trabalhadores, porque de forma alguma a lógica capitalista-burguesa presente na Revolução Industrial e no inevitável processo acelerado da urbanização, tinha como uma de suas preocupações a garantia de condições dignas de vida para os trabalhadores. A Revolução Industrial gerou em realidade um agravamento da pobreza e a aglutinação da classe operária em bairro onde a única garantia era o mínimo da sobrevida, apenas o suficiente para que o operário seja capaz de chegar ao local de trabalho e produzir segundo as expectativas burguesas. O mínimo da sobrevida não pode ser considerado como um aperfeiçoamento das condições habitacionais dos trabalhadores.
Está INCORRETA a alternativa (e) Ao propiciar o aumento da produtividade do trabalho, a redução dos custos de produção e, como decorrência, o barateamento das mercadorias, a Revolução Industrial permitiu que se vislumbrasse o nascimento de uma sociedade de abundância e mais justa, graças às possibilidades econômicas de uma distribuição mais igualitária da renda, porque a lógica capitalista-burguesa da Revolução Industrial preza o lucro, e não a ‘distribuição mais igualitária da renda’, sendo assim, a sociedade de abundancia gerada pela revolução industrial nunca se predispôs a ser justa, pois a abundância está sempre acumulada nas mãos de poucos e nunca a disposição do operariado.
II) Contexto na alternativa correta:
Está mais CORRETA a alternativa (a) A invenção da máquina a vapor, na Inglaterra de 1750, foi o único fator que contribui para a revolução nas técnicas de produção, o que possibilitou a mecanização do processo de trabalho em muitos ramos da atividade econômica, entretanto não está completamente correta. A invenção da máquina a vapor foi fundamental para que a Revolução Industrial ocorresse, entretanto, segundo Eric Hobsbawm, não foi a única inovação: “Felizmente poucos refinamentos intelectuais foram necessários para se fazer a revolução industrial. Suas inovações técnicas foram bastantes modestas, e sob hipótese alguma estavam além dos limites de artesões que trabalhavam em suas oficinas ou das capacidades construtivas de carpinteiros, moleiros e serralheiros: a lançadeira, o tear, a fiandeira automática. Nem mesmo sua máquina científica mais sofisticada, a máquina a vapor rotativa de James Watt (1794), necessitava de mais conhecimentos de física do que os disponíveis então há quase um século – a teoria adequada das máquinas a vapor só foi desenvolvida ex post facto pelo francês Carnot na década de 1820 – e podia contar com várias gerações de utilização prática de máquinas a vapor, principalmente nas minas.” (HOBSBAWM, 2010: 62).
III) A Revolução Industrial:
Por volta de 1780, a Inglaterra começa a viver os primeiros indícios de um processo de “transformação rápida, fundamental e qualitativa” (HOBSBAWM, 2010: 60). A Revolução Industrial representou um novo momento histórico na humanidade que nunca se completou, pois ainda hoje tal revolução prossegue: “sua essência foi a de que a mudança revolucionária se tornou norma desde então” (Ibidem, p. 60). Diz-se que em dado momento a Revolução Industrial explodiu, o que significa dizer que ineditamente na história do mundo “foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas” (Ibidem, p. 59) e “que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços” (Ibidem, p. 59). Até então não havia sido possível superar os limites sociais, tecnológicos e intelectuais (ciências) que estruturavam a sociedade pré-industrial. Periodicamente, atingia-se um colapso impeditivo representado pela fome e pela morte.
O declínio do poder das Monarquias feudais, com um “rei (...) formalmente julgado e executado pelo povo” (Ibidem, p. 63), a ascensão da mentalidade capitalista no imaginário político a partir do momento em que “o lucro privado e o desenvolvimento econômico (...) [passam a ser] aceitos como os supremos objetivos da política governamental” (Ibidem, p. 63), a apropriação da produção agrícola pelo mercado e a disseminação das manufaturas no meio urbano, são os elementos que tornaram possível transpor uma barreira até então impeditiva. Alguns avanços tecnológicos, de pouco refinamento científico e de fácil aplicabilidade, foram também fundamentais: “a lançadeira, o tear, a fiandeira automática (...), a máquina a vapor” (Ibidem, p. 62). O que o processo revolucionário vivido na Inglaterra gerou transborda os limites da região: “o sucesso britânico provou o que se podia conseguir com ela [com a revolução industrial], a técnica britânica podia ser imitada, o capital e a habilidade britânica podiam ser importados” (Ibidem, p. 66).
Para compreender a complexidade dessa conjuntura alguns eixos precisam ser vistos:
Os efeitos da revolução industrial apenas começaram a ser sentidos a partir da década de 1830. A literatura e as artes passaram a ser “abertamente obcecadas pela ascensão da sociedade capitalista, por um mundo no qual todas os laços sociais se desintegravam exceto os laços entre o ouro e o papel-moeda” (Ibidem, p. 58). Na década de 1840, a “literatura oficial e não oficial [buscavam compreender] sobre os efeitos sociais da revolução industrial que ainda não começara a fluir” (Ibidem, p. 58). Esse esforço acadêmico veio exatamente quando “o proletariado, rebento da revolução industrial, e o comunismo, que se achava agora ligado ais seus movimentos sociais – o espectro do Manifesto Comunista –, abriram caminho pelo continente.” (Ibidem, p. 58).
Se por um lado, a revolução industrial trouxe grandes avanços econômicos e científicos, desde o início de um processo de maior intercomunicação entre as áreas do mundo conhecido, passando pelos grandes incrementos científicos e organizativos gerados pela expansão da produção industrial, por outro lado gerou uma grave impacto no âmbito social: “a transição da nova economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução social” (Ibidem, p. 75), talvez esta a mais grave de todas as outras possíveis consequências. “E, de fato, a revolução social eclodiu na forma de levantes espontâneos dos trabalhadores da indústria e das populações pobres das cidades, produzindo as revoluções no continente e os amplos movimentos cartistas na Grã-Bretanha. O descontentamento não estava ligado apenas ais trabalhadores pobres. Os pequenos comerciantes, sem saída, a pequena burguesia, setores especiais da economia eram também vítimas da revolução industrial e de suas ramificações. (...) A exploração da mão de obra, que mantinha sua renda em nível de subsistência, possibilitando aos ricos acumularem os lucros que financiavam a industrialização (e seus próprios e amplos confortos), criava um conflito com o proletariado. (...) Os trabalhadores e a queixosa pequena burguesia, prestes a desabar no abismo dos destituídos de propriedades, partilhavam os mesmos descontentamentos. Estes descontentamentos por sua vez uniam-nos nos movimentos de massa do ‘radicalismo’, da ‘democracia’ ou da ‘república’ (...).” (Ibidem, p. 75). “Uma sociedade de bem-estar social (Welfare) ou socialista teria, sem dúvida, distribuído alguns destes vastos acúmulos para fins sociais. No período que focalizamos nada menos provável. Virtualmente livres de impostos, as classes médias continuaram portanto a acumular em meio a um populacho faminto, cuja fome era o reverso daquela acumulação.” (Ibidem, p. 86)
Referência Bibliográfica:
HOBSBAWM, Eric J.. A era das Revoluções: 1789 - 1848. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
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Sociologia Geral e do Direito
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