Na Idade Média, tem-se o desenvolvimento daquilo que se convencionou chamar: Jusnaturalismo Teológico. Trata-se de uma corrente filosófica que enxerga o Direito Natural como algo proveniente do plano divino. Esta concepção evidenciava, dentre outras coisas, o poder da igreja.
Para respondermos a pergunta, faz-se necessário alguns conhecimentos básicos acerca do período medieval e suas instituições, bem como sobre a natureza do direito na mesma época.
Como se é de conhecimento comum, durante a Idade Média, a instituição de maior poder fora a Igreja Católica Apostólica Romana. Desse modo, considerando que o Direito de acordo com Miguel Reale é um fenômeno social, compactuando com a célebre frase ibi jus, ubi societas (onde há direito, há sociedade), o Direito é influenciado diretamente pelos alinhamentos político-sociais de cada período. Assim, como a maior força ideológica na Europa medieval era o cristianismo, toma espaço no cenário jurídico, portanto, o Direito Canônico, que fundamenta suas regras a partir dos preceitos divinos expostos nos livros sagrados, arregimentando, por exemplo, sobre o matrimônio, sobre testamentos, sobre bens e questões eclesiásticas, além de dar bases ao direito feudal, reunindo concepções de propriedade e poder à representação divina. Dessarte, garante autoridade à nobreza e ao clero – essencialmente aos reis e acima de tudo ao papa, representante direto de Deus na Terra, e possibilita ampla jurisdição da Igreja sobre temas civis, bem como o estabelecimento de punições, no caso da Santa Inquisição.
Portanto, percebe-se que o cristianismo trouxe preponderantemente para dentro do Direito as concepções de legislação divina, fundamentando seu próprio poder e os poderes das nobrezas adeptas ao cristianismo.
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