Princípio da vedação de retrocesso: uma vez positivado determinado direito, é defeso ao legislador suprimi-lo. Aplica-se sobretudo a Direitos Humanos e conquistas sociais. Exemplos: proteção à gestante, proibição de trabalho penoso para crianças, liberdade de expressão e criminalização da tortura são avanços que não podem ser excluídos do ordenamento.
A vedação não permite a retirada do direito, mas é discutível se também impede quaisquer modificações no seu alcance. Por exemplo: não se admite o trabalho em condições equiparadas às de escravo, mas seria possível excluir uma dessas condições do rol de escravidão contemporânea. É o que vem acontecendo no debate sobre o trabalho rural em jornadas exaustivas ser ou não uma condição análoga à escravidão. Porém, pelo risco de esvaziar o direito já positivado, a doutrina vê com muita reserva alterações desse tipo.
O direito implementado em razão de política afirmativa (por exemplo, cotas raciais) pode ser excluído sem ofensa ao princípio, mas somente depois de atingido seu objetivo. A política afirmativa tem natureza provisória e, uma vez alcançada a igualdade material pretendida, não constitui retrocesso excluir a medida protetiva.
A vedação ao retrocesso, também chamada de "efeito cliquet", significa, segundo J.J. Canotilho, que os direitos humanos não podem retroagir, só podendo avançar na proteção dos indivíduos. Significa que é inconstitucional qualquer medida tendente a revogar os direitos sociais já regulamentados, sem a criação de outros meios alternativos capazes de compensar a anulação desses benefícios.
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