O Constitucionalismo é um movimento social, político e jurídico que possui como objetivo limitar o poder do Estado através da Constituição.
Primeiro, melhor seria analisar os antecedentes históricos do Constitucionalismo:
Segundo a doutrina (Karl Loewenstein), o Constitucionalismo tem origem na Antiguidade (Idade Antiga), na Grécia Antiga e no povo hebreu.
Naquela época havia as ações públicas (graphes), que poderiam ser ajuizadas pelos cidadãos, para controle dos atos estatais
"Graphe paranomon" ( objetivava impugnar um ato do senado em confronto com o direito ancestral. Se alguém do povo quisesse impugnar um ato do senado em confronto com o direito ancestral, ele poderia utilizar essa ação. Muito pouco utilizada, posto que, se o cidadão que entrasse com a ação perdesse, ele poderia sofrer a pena de morte)- questionava a validade dos atos normativos, sendo o antecedente mais antigo do controle de constitucionalidade, inclusive.
Quanto ao povo hebreu, a conduta dos profetas fiscalizava os atos dos governantes conforme as escrituras.
O Constitucionalismo na Idade Média:
Houve a Magna Carta Libertatum de 1215, que foi outorgada pelo rei inglês João I (João sem-terra) e previa uma série de direitos ao povo inglês, limitando os poderes do próprio rei.
Pois bem, o rei João I foi obrigado a celebrar esse documento, em razão da rebelião de barões ingleses. Foram justamente os barões que elaboraram o documento, não o rei. Os barões o fizeram para preservar os seus direitos, portanto, não foi um documentos popular, não foi para o povo.
Embora não tenha sido aplicada na prática, a Magna Carta é a origem histórica de vários direitos (porque, de fato, ela não foi aplicada na prática), tal como o devido processo legal que, na época correspondia à expressão “Lei da Terra/Law The Land”.
Constitucionalismo na Idade Moderna :
No século XVII, houve documentos importantes celebrados na Inglaterra, fruto do embate entre o rei e o parlamento.
Os documentos mais importantes foram a Petiition of Rights (1628) e a Bill of Rights (1689). A Bill of Rights é fruto da Revolução Gloriosa/Revolução Sem Sangue, onde houve um acordo entre o parlamento e o novo rei.
No final do século XVIII, nasceu o Constitucionalismo Moderno, através de 03 Constituições:
A) Constituição da Córsega de 1755;
B) Constituição dos EUA, de 1787;
C) Constituição da França de 1791.
Idade Contemporânea - Neoconstitucionalismo :
Surgiu após a 2ª Guerra Mundial como fruto do pós-positivismo, tendo como marco teórico a força normativa da Constituição e, como principal objetivo, a busca por maior eficácia da Constituição, principalmente dos direitos fundamentais.
Constitucionalismo Social :
Trata-se da previsão constitucional de direitos sociais, tais como, saúde, educação, trabalho, moradia, etc.
Esse movimento se iniciou após a 1ª Guerra Mundial, eis que, com o seu fim, muitos passavam fome e, o estado liberal não lhes bastava. Nesta linha advieram direitos sociais, buscando maior amparo de forma geral.
Foram as primeiras constituições sociais:
1-A Constituição do México de 1917; e
2-A Constituição da Alemanha de 1919 (Constituição de Weimer).
No Brasil, esse movimento começou com a 3ª Constituição brasileira, que é a de 1934.
De 1824 até 1891: Somente direitos individuais e direitos políticos = Constituições liberais;
Depois disso: todas as demais Constituições (1934, 1937, 1946, 1967 e 1988) foram sociais, sendo que a atual é a mais extensa delas no tocante a tais direitos – Art. 6º, CF.
Constitucionalismo do Futuro / do Por Vir
Trata-se de uma tentativa de imaginar como será o constitucionalismo das próximas gerações, considerando-se que as próximas constituições serão pautadas por valores como veracidade e solidariedade.
Constitucionalismo Transnacional :
Trata-se da possibilidade de elaboração de uma só Constituição para vários países, adotando-se um Constitucionalismo Multinível.
A ideia é que cada país mantenha sua constituição nacional e suas leis infraconstitucionais, porém, em conjunto, esses países, elaborarão uma constituição supranacional, que lhes será comum.
Finalidade: evitar abusos constitucionais por uma nação; evitar “roupantes” antidemocráticos por parte de dado governante.
Preocupação das Américas de modo geral: prejudica a soberania.
Transconstitucionalismo:
Transconstitucionalismo é uma expressão trazida por Marcelo Neves e que se trata de uma maior aproximação entre o direito interno e o direito internacional, para uma melhor tutela dos direitos fundamentais.
Essa aproximação ocorreria em casos de situações sem tutela específica no direito interno.
Consequência: frequente utilização de teorias adotadas por outros tribunais constitucionais – chamada de Diálogo das Cortes.
Constitucionalismo Ecológico:
Trata-se da proteção do meio ambiente prevista na Constituição.
Umas das primeiras constituições a prever a preservação ambiental em seu texto foi a Constituição de Portugal, de 1976.
A CF/88 adota esse constitucionalismo ecológico (artigo 225, CF).
São duas as espécies de constitucionalismo ecológico:
i- Constitucionalismo Ecológico Antropocêntrico: o homem no centro –> protege-se o meio ambiente para proteger o homem. É o adotado no Brasil, no art. 225, CF. Tem como finalidade a proteção da vida humana.
ii- Constitucionalismo Ecológico Biocêntrico: nesse modelo, a natureza é titular de direitos fundamentais. Ela é a protegida e ponto final. Não se tem a ideia de protegê-la para proteger indiretamente a vida humana.
Constitucionalismo Teocrático:
Este é o sincretismo entre normas e princípios constitucionais e valores religiosos.
Novo Constitucionalismo Latino-Americano / Andino:
Visando romper com o tradicional constitucionalismo europeu, esse movimento, que tem como ápice as constituições da Bolívia e Equador, cria Estados Plurinacionais, dá maior protagonismo aos povos originários, cria ferramentas efetivas de democracia direta e dá um tratamento diferenciado à natureza.
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta.
Compartilhar