Kátia ajuizou reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora a empresa “B” requerendo o reconhecimento do dano moral configurado no fato de seu superior hierárquico a ter constrangido, durante três meses, a revista íntima, tendo a reclamante que se despir para o mesmo. A reclamação trabalhista foi julgada improcedente por falta de provas e Katia interpôs Recurso Ordinário. O Tribunal Regional do Trabalho competente conheceu do recurso mas lhe negou provimento. O acórdão proferido em sede de Recurso Ordinário transitou em julgado no dia 30 de Maio de 2012. Em Novembro de 2013, Simone, excolega de trabalho, entregou para Kátia, várias fotografias das revistas íntimas que eram realizadas, fotos estas que não teve, na época, coragem de revelar com medo de perder o emprego.
Neste caso responda, fundamentadamente qual a medida judicial que Kátia poderá ajuizar, indicando a natureza jurídica, os pressupostos e requisitos para a propositura, bem como o respectivo embasamento legal.
Kátia poderá propor ação rescisória contra a sentença e pleitear novo julgamento. Trata-se de ação de conhecimento com natureza desconstitutiva negativa. O procurador da autora poderá ajuizar a ação até 01.06.2014, em razão do prazo decadencial de dois anos. O pleito deve ser fundamentado no CPC, que arrola hipóteses nas quais é cabível a ação rescisória. Entre elas está a situação em que o autor obtém documento novo de que não pode fazer uso à época da instrução, desde que seja capaz de assegurar um pronunciamento favorável. Registre-se que as fotografias retratam as revistas íntimas do superior hierárquico, fato não comprovado no processo. A petição inicial deve observar os requisitos constantes do artigo 282 do CPC, combinado com o art. 840, § 1º da CLT. Portanto, deve ser ajuizada no TRT, com qualificação, indicação dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, do pedido propriamente, do valor da causa, instruindo com as fotos obtidas e com o requerimento de citação do réu. Juntamente com a inicial, é pressuposto processual para a ação a demonstração do trânsito em julgado da sentença rescidenda e o depósito prévio no importe de 20% do valor da causa, exceto se houver prova da miserabilidade jurídica.
Kátia poderá, através de advogado e dentro do prazo de 2 anos, ajuizar ação rescisória contra a decisão declarada no Recurso Ordinário. O argumento apresentado na ação rescisória é a apresentação dos documentos novos que à época não era conhecido pela Postulante. A inexistência de dispositivo legal que elenque a forma de agir com o procedimento gera a aplicação do Código de Processo Civil às relações trabalhistas que não tiverem texto específico para o caso e é em função disso que a cabe a ação rescisória.
De acordo com o Código de Processo Civil:
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
O empregador determinava que as trabalhadoras se despissem, fato consoante ao dispositivo legal (CLT):
Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado:
VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias
É em função desse destoamento que os documentos apresentados pela amiga de Kátia são capazes de serem usados como prova e em sede da ação rescisória e desconstituir a decisão prolatada no Recurso Ordinário.
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Direito Processual do Trabalho I
•PUC-RS
Direito Processual do Trabalho e Direito do Trabalho
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